12/07/2011

Ações: quais empresas sofrem mais com a elevação da taxa de juros?

SÃO PAULO – Os analistas do mercado financeiro elevaram a previsão de
alta da Selic (taxa básica de juro) para este ano. De acordo com o
Relatório Focus desta segunda-feira (11), elaborado Banco Central
(BC), a taxa básica de juro deve terminar 2011 a 12,75% ao ano, 0,25
ponto percentual acima das estimativas anteriores.

O fato é que a Selic é um importante instrumento do Governo para
conter o avanço da inflação. Entretanto, ao mesmo tempo que o juros
altos provocam a desaceleração dos preços, eles também causam um
desaquecimento econômico e podem prejudicar as empresas e suas ações
na bolsa de valores.

De acordo com o analista da Futura Investimentos, Adriano Moreno, o
aumento das taxas de juros prejudica a maioria das companhias. "Todo
mundo perde com a alta da Selic, pois o encarecimento dos juros
diminui a taxa de crescimento da economia", afirma o analista.

O pensamento é lógico: com a demanda contida, as empresas tendem a
produzir menos e também a faturar menos. "Assim, as ações podem ser
impactadas de forma negativa", afirma Moreno.

Encarecimento do crédito
O operador da Um Investimentos, Eduardo Oliveira, concorda e ressalta
que existem setores que podem sofrer mais do que outros, por conta do
encarecimento do crédito. "De maneira geral, o setor de consumo e de
construção civil são os mais afetados. Isto porque, com o crédito mais
caro, fica mais difícil fazer financiamento e o faturamento das
empresas pode cair", afirma Oliveira.

Além da maior dificuldade em tomar empréstimo, as empresas também
podem se prejudicar com o seu próprio financiamento. "O impacto pode
ser maior nas empresas que precisam de mais financiamento e que operam
mais alavancadas (com ajuda de empréstimos)", afirma o analista da
Socopa, Osmar Camilo.

Segundo ele, as empresas do setor de papel e celulose costumam
precisar de mais financiamento. "Este setor tem amargado um período
ruim por conta do seu alto endividamento. A Fibria (empresa que nasceu
da fusão entre a Aracruz e a Votorantim Papel e Celulose), por
exemplo, está tentando fazer alguns desinvestimentos para trazer a
relação dívida liquida Ebitda* (lucro antes de juros, impostos,
depreciação e amortização, na sigla em inglês) para baixo de 3,5.

Segundo Camilo, quando a relação da dívida líquida com o Ebitda está
abaixo de 2, normalmente, a dívida da empresa está em um patamar
normal. Quando está acima disso, a empresa pode estar excessivamente
endividada. "Mas isso varia de setor para setor", diz o analista.

Bancos sofrem menos?
Segundo os especialistas, até mesmo o setor bancário acaba sofrendo
com o aumento da taxa básica de juros. "O aumento das taxas de juros
eleva a inadimplência e também diminui as carteiras de crédito",
afirma Moreno.

Entretanto, os especialistas ressaltam que os bancos têm uma vantagem:
eles podem aumentar o spread (diferença entre o que os bancos pagam
para captar recursos e cobram nos empréstimos) e compensar eventuais
diminuições da carteira de crédito.

*O Ebitda representa a geração operacional de caixa da companhia, ou
seja, o quanto a empresa gera de recursos apenas em suas atividades
operacionais, sem levar em consideração os efeitos financeiros e de
impostos.

Fonte: InfoMoney

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