12/07/2011

Por que a alta da Selic afeta a bolsa de valores?

SÃO PAULO – O aumento da taxa de juros no Brasil, com o objetivo
principal de conter a demanda e o consequente avanço da inflação, tem
feito com que muitos investidores prefiram a segurança da renda fixa à
instabilidade do mercado acionário.

Desde janeiro, a Selic (taxa básica de juro) passou de 10,75% ao ano
para 12,25% a.a., um aumento de 1,5 ponto percentual. Ao mesmo tempo,
o Ibovespa (principal referencial do mercado acionário brasileiro),
recuou 11,2% (com base no fechamento de sexta-feira) e a BM&FBovespa
viu o número de investidores pessoa física diminuir 1,25%, de 610,9
mil em dezembro de 2010 para 603,2 mil em junho deste ano.

Para piorar as coisas para a bolsa, nesta segunda-feira (11), o
mercado voltou a aumentar a projeção para a Selic este ano. De acordo
com o Relatório Focus, elaborado pelo Banco Central (BC) com analistas
do mercado financeiro, a Selic deve terminar 2011 a 12,75% ao ano,
0,25 ponto percentual acima das estimativas anteriores.

Custo de oportunidade
Mas, afinal, como a Selic pode afetar o desempenho da bolsa? Os
analistas ressaltam que a relação é bastante simples. Com os juros
básicos da economia mais elevados, a remuneração da renda fixa também
fica maior. Assim, para a maioria dos investidores, vale mais a pena
aplicar em títulos de renda fixa, que oferecem um risco muito mais
baixo, do que em renda variável. Ou seja, se há um aumento na taxa,
parte dos investidores vende suas ações para aplicar em ativos de
renda fixa e, com isso, os preços das ações tendem a cair.

"É o que chamamos de custo de oportunidade. Se você tem um
investimento teoricamente sem risco remunerando a uma taxa de 12,5% ao
ano, o investimento em Bolsa tem que ter um atrativo maior do que esse
para valer a pena e compensar o risco que o investidor tem", afirma o
analista da Futura Investimentos, Adriano Moreno.

O analista da corretora Socopa, Osmar Camilo, lembra que, no geral, a
maioria dos investidores tende a ser conservador. Com a bolsa em queda
e os juros em alta, aumenta ainda mais a proporção de investimentos em
renda fixa, até mesmo por aqueles investidores mais acostumados a
correr riscos.

"Quando a taxa de juros aumenta, é natural que o investidor aumente a
sua exposição na renda fixa, já que o retorno compensa mais",
ressalta.

Carteira diversificada
O analista da Socopa lembra que o ideal é ter sempre uma carteira
diversificada, com uma parte dos investimentos em renda variável e
outra parte em renda fixa.

"Quando a taxa de juros aumenta, o investidor aumenta o percentual
aplicado em renda fixa. Já quando a taxa recua, o investidor volta a
aplicar mais em renda variável", afirma Camilo.

Momento atual
Os especialistas lembram que a bolsa de valores passa por um momento
de muitas incertezas, não apenas devido à economia brasileira, mas
também por conta do cenário internacional.

A crise na Grécia e em outros países periféricos da zona do euro, que
apresentam dificuldades de equalizar suas contas, e a lenta
recuperação da economia norte-americana também têm feito com que o
mercado de renda variável nacional sofra.

"O momento ainda é bastante nebuloso para a bolsa. O Ibovespa está na
faixa dos 61 mil pontos e a média de projeção para um ano está em
torno de 70 mil a 75 mil, mas esta recuperação gera muitas dúvidas. Já
com a renda fixa, há uma garantia de rentabilidade", afirma Adriano
Moreno, da Futura Investimentos.

Fonte: InfoMoney

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