Empresa estima perda de aproximadamente R$ 3 bilhões no faturamento após vendas determinadas pelo Cadê
Companhia deve manter neste ano as marcas Perdigão e Batavo em todos os setores em que atuam
Pizzas da Sadia e da Perdigão; BR Foods terá de suspender venda de produto da segunda marca por cinco anos
TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO
A venda dos ativos da Brasil Foods ocorrerá só em 2012, e a empresa repassará suas marcas, fábricas, granjas e centros de distribuição para "quem pagar mais", sem negligenciar seus maiores concorrentes nas negociações.
"A minha obrigação com os acionistas é vender para quem pagar mais. Estamos criando mais um concorrente e somos uma empresa acostumada a competir", afirmou o presidente da BRF, José Antonio do Prado Fay.
Segundo ele, a companhia ainda não calculou o valor dos ativos que serão colocados à venda. Fay disse que ainda não há negociações formais com nenhuma empresa, apesar de afirmar, em tom bem-humorado, que "o número de amigos aumentou bastante nos últimos dias".
O prazo imposto pelo Cade para a venda dos ativos está sendo tratado como informação confidencial e a transação só deve ocorrer no próximo ano devido à complexidade da operação. "Precisamos montar a noiva, avaliar quanto ela vale, fazer ajustes operacionais para depois vendê-la", afirmou Wilson Mello, vice-presidente de Assuntos Corporativos da BRF.
A venda dos ativos e a suspensão das marcas Perdigão e Batavo nos mercados relacionados pelo Cade ocorrerão de forma sincronizada, para que seja alcançado o objetivo do "remédio" -condições para um novo competidor surgir. As marcas Perdigão e Batavo devem continuar neste ano em todos os segmentos em que estão presentes.
A BRF estima uma perda de cerca de R$ 3 bilhões no faturamento após a venda dos ativos e a suspensão das marcas - 33% do total -, mas o impacto ocorrerá apenas a partir de 2012, quando a transação será efetivada.
Para recuperar essa receita, a companhia espera aumentar as vendas para o mercado externo, especialmente de produtos processados, com maior valor agregado. Quanto à sua estratégia para o mercado interno, Fay disse que a empresa vai se "esforçar para que todos os produtos cheguem ao consumidor", sem detalhar qual será o futuro da marca Sadia, considerada premium, agora que a companhia praticamente acabou com o seu portfólio de marcas mais populares.
Com o fim da aquisição da Sadia pela Perdigão -negociação iniciada em 2008-, a BRF pode buscar os ganhos operacionais da operação, as chamadas sinergias, que continuam estimadas em R$ 500 milhões pela empresa, mesmo depois da determinação de venda de ativos.
CELEBRAÇÃO
Fay comemorou o acordo com os conselheiros do Cade. Como a manutenção das duas marcas principais foi o único ponto em que a empresa se mostrou irredutível, a permanência da Perdigão em seu portfólio satisfez os executivos da BRF.
"O final é muito bom e é bom para todos. A marca Perdigão fica firme e ativa na vida do consumidor, sem nenhuma restrição imediata em alguns mercados", disse Fay. Em setores como hambúrgueres e salsichas, a BRF poderá manter suas duas marcas principais -Sadia e Perdigão.
Fonte: Um Investimentos
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