04/07/2011

CDI supera Bolsa como aplicação mais rentável do Plano Real

SÃO PAULO – Exatos 17 anos após o início do plano real, os elevados
juros brasileiros fizeram da renda fixa a melhor aplicação financeira
no período de julho de 1994 até julho deste ano.

Segundo cálculos do orientador do INI (Instituto Nacional de
Investidores), Nilton Farinati, o CDI (Certificado de Depósito
Interbancário), usado como benchmark (referência) para a rentabilidade
de fundos de investimento que aplicam em títulos de renda fixa,
registrou rentabilidade nominal aproximada de 2.000% neste período.
Nos mesmos 17 anos, o Ibovespa apresentou valorização acumulada de
1.400%, segundo os cálculos do orientador.

"Para a rentabilidade do Ibovespa empatar com a do CDI, o índice da
Bolsa paulista precisaria estar na faixa dos 90.000 pontos
atualmente", afirma.

Já a caderneta de poupança registrou um rendimento de aproximadamente
650% de julho de 1994 até hoje.

Rendimento real
Descontada a inflação do período (630% do IGP-M, pelos cálculos do
orientador), o CDI registrou uma rentabilidade real aproximada de
1.370%, enquanto o Ibovespa acumulou 770% de valorização e a poupança
ficou com apenas 20% de ganho real.

De acordo com o professor de economia da Trevisan Escola de Negócios,
Alcides Leite, os juros têm ficado em patamares muito altos desde o
início do Plano Real.

"No início do Plano, o Governo elevou bastante os juros para segurar o
capital externo no País. Havia uma ameaça de crise nos países em
desenvolvimento e a tendência era que houvesse uma fuga deste capital
estrangeiro. Com os juros altos, o Governo conseguiu segurar estes
investimentos", afirma o professor.

Depois, segundo ele, os juros se mantiveram em patamares elevados com
o objetivo de conter o avanço dos preços, muito comum nos anos
anteriores ao Real. "Neste segundo momento, as taxas ficaram elevadas
com o objetivo de segurar a inflação", explica.

O orientador do INI lembra que as taxas chegaram a patamares bem mais
elevados do que o nível atual, de 12,25% ao ano. "Tiveram períodos em
que os juros chegaram a 20% a.a. Isso elevou muito o ganho dos
investimentos de renda fixa atrelados ao CDI", afirma Farinati.

Bolsa
Apesar de menor, os especialistas ressaltam que a valorização da Bolsa
de Valores também foi bastante expressiva nestes anos. "O mercado
acionário se valorizou muito durante o governo Lula. Estávamos com
certa estabilidade da inflação e houve um crescimento grande da
economia, que fez com que a imagem do País melhorasse bastante e
atraísse capital externo para a bolsa", afirma o professor da
Trevisan.

Entretanto, ele lembra que o período de valorização constante foi
interrompido pela crise internacional, de 2008. "De lá pra cá, a Bolsa
caiu e não voltou mais a atingir o mesmo patamar", ressalta.

Para Farinati, se não houvesse este período de crise, o Ibovespa teria
uma rentabilidade melhor do que o CDI. "Quando observamos períodos de
10 anos, o Ibovespa sempre bate a renda fixa. Se não tivesse recuado
tanto em 2008, acredito que a valorização acumulada seria maior",
afirma o orientador do INI.

Poupança
Já a caderneta de poupança registrou rendimento bem menos expressivo
do que os outros investimentos. "A poupança é uma opção bastante
conservadora, uma aplicação usada mais para não perder capital com a
inflação", afirma Leite.

Segundo Farinati, apesar da baixa rentabilidade, a poupança ainda tem
grande procura por conta da facilidade de aplicação e liquidez
imediata. "Mas quem quer investir em renda fixa visando o longo prazo
deve procurar por produtos atrelados ao CDI", ressalta.

Fonet: Uol

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