Eduardo Campos |
Valor Econômico - 22/07/2011 |
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No entanto, o movimento de baixa parece um tanto tímido, ainda mais quando assistimos a um salto do preço do euro e uma venda maciça de moeda americana nas praças internacionais. Tudo indica que a moeda encontrou um "piso", mesmo que breve, na linha de R$ 1,55. Episódios parecidos com esse já foram verificados outras vezes, quando mesmo com uma conjuntura favorável à venda o dólar passou algum tempo rondando o R$ 1,65 e o R$ 1,60, por exemplo. Essa perda de força pode ser atribuída a fatores técnicos e psicológicos. Começando pelo lado técnico, sabe-se que nos "números cheios", como R$ 1,60 e R$ 1,55, se concentram as operações com opções. Então, pode ser que agentes estejam defendendo posições. Outro fator técnico é a relação risco/retorno. Você venderia dólar a R$ 1,55? Se a resposta for não, ela é igual à dada por alguns agentes de mercado. Para alguns investidores, não há muito o que ganhar com a venda nessa linha de preço. O fator psicológico é sempre o mesmo: a caneta do governo, que por mais inócua que possa se mostrar em prazos mais dilatados, sempre deixa alguma marca imediata. E dependendo da força da mão do Estado, um operador "mal vendido" pode ter de passar o resto do ano tentando se recuperar. E esse medo se justifica. O ano começou com um "convite" à redução das posições vendidas no mercado à vista. Regra recém revista pelo Banco Central (BC). Antes disso, o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre captações externas fora reajustado duas vezes. A última ameaça de intervenção veio no começo do mês, depois que a cotação voltou a patamares não registrados desde janeiro de 1999. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, falou em intervir no mercado de derivativos cambiais. Ontem, o dólar comercial marcou o terceiro dia de queda ao perder 0,25%, para R$ 1,555 na venda. Esse é o segundo menor preço do ano, perdendo apenas para o R$ 1,553 do dia 4 de julho, que marca o piso para 2011 e o menor preço em 12 anos. A queda é tímida se considerarmos que o Dollar Index, que mede o desempenho da divisa americana ante uma cesta de moedas, caiu 1,06% para 74 pontos, menor leitura desde o começo de junho. E que o euro saltou mais de 1%, retomando a linha de US$ 1,43. Vale lembrar que dias atrás a moeda comum estava a US$ 1,39. Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o dólar para agosto recuava 0,82%, a R$ 1,556, antes do ajuste final. A queda foi maior, pois no fim da quarta-feira o preço virou de baixa para alta em meio a rumores de medidas. Segundo operadores, é visível uma briga acirrada na linha de R$ 1,555, justamente o preço mínimo do dia na BM&F. Sempre que o preço batia lá, entravam firmes ordens de compra. Tal movimentação endossa a percepção de que haveria agentes defendendo posição em opções ou outros instrumentos. Outro ponto ressaltado por agentes de mercado é a queda da volatilidade. Sempre que isso acontece, cresce a chance de se observar algum movimento forte de preço, tanto para cima quanto para baixo. Ainda na BM&F, as posições pouco mudaram nos últimos dias. Os bancos seguem com uma posição comprada de US$ 16,371 bilhões, enquanto o estoque vendido dos estrangeiros totaliza US$ 20,631 bilhões (dados de quarta-feira). O que chama atenção nos dois casos é que mais de 90% das posições estão montadas em cupom cambial (DDI - juro em dólar). Os estoques em dólar futuro estão entre os menores do ano para os dois agentes. No caso dos bancos, a posição comprada em dólar é de apenas US$ 966,8 milhões. Já os estrangeiros estavam vendidos em US$ 1,393 bilhão. Vale lembrar que esse estoque vendido em dólar futuro no caso do estrangeiro passava dos US$ 10 bilhões dois meses atrás. Ainda no câmbio, a próxima semana marca a primeira formação de Ptax de fim de mês sob a nova regra de cálculo. Todos se lembram que nos últimos dias do mês o câmbio local ganhava vida própria e a formação de preço escapava a qualquer fundamento. A expectativa é de que isso não aconteça. Afinal, a Ptax ficou menos passível de indução, para não dizer manipulação, ao deixar de ser calculada como média ponderada pelo volume. Desde o dia 1º, a taxa, que serve de referência para liquidação de uma série de contratos cambiais, é uma média aritmética de quatro consultas feitas pelo BC entre 10 horas e 13 horas. A propósito, a Ptax fechou a R$ 1,5567, ontem, com queda de 0,54%. Eduardo Campos é repórter |
Fonte: Um Investimentos
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