Petrobras. Apesar de boas notícias, com vários anúncios de descobertas
de petróleo, as ações e o valor de mercado da companhia têm caído.
Nos últimos anos, pelo menos duas situações positivas agitaram os
corredores da empresa.
Primeiro foi a capitalização, que injetou R$ 120 bilhões nos cofres da
companhia. A comemoração foi geral, os analistas não pararam de
indicar as ações da empresa.
Outro fato importante: a Petrobras não parou de anunciar descobertas
de novas fontes de petróleo, tanto no Brasil quanto no exterior. Só
para ficar nas mais recentes:
Em maio, a empresa comemorou novas descobertas na Bacia de Santos
Em junho, foi a vez do Rio de Janeiro. A Petrobras anunciou a
maior descoberta na Bacia de Campos
Um mês depois, mais duas descobertas na Bacia do Espírito Santo
As descobertas chegaram até o Golfo do México
Quer mais? No começo de julho, a empresa apareceu em 34º lugar no
ranking das maiores empresas do mundo, segundo a revista americana
"Fortune." A publicação enumera 500 empresas, e a Petrobras subiu 20
posições de um ano para outro.
Queda no valor de mercado da empresa
Mesmo com as boas notícias, o valor de mercado da Petrobras despencou.
Entre 1º de janeiro de 2008 e a última segunda-feira (dia 11), o
valor de mercado caiu 26%, indo de R$ 429,9 bilhões para R$ 319,5
bilhões.
Os dados são da consultoria Economatica. O ano de 2008 foi escolhido
para comparação porque foi quando a empresa atingiu seu maior valor
histórico (maio de 2008, com R$ 510,4 bilhões).
Mas foi em 2008 também que atingiu o fundo do poço em termos de valor.
O resultado mais baixo nesse período foi registrado bem no auge da
crise econômica global, em 21 de novembro de 2008, quando a empresa
teve valor de R$ 165 bilhões.
Queda nas ações da Petrobras chega a 51%
No dia 2 de janeiro de 2008, a ação ordinária (PETR3) valia R$ 51,88.
Na última segunda-feira (11), o papel estava em R$ 25,50 - queda de
51%.
A ação preferencial (PETR4) que valia R$ 43,23 em 2 de janeiro de 2008
caiu para R$ 23,15 na última segunda-feira (perda de 46%).
Veja a explicação de analistas sobre o que estaria acontecendo
As explicações são muitas. Osmar Camilo, analista da corretora Socopa,
aposta em três hipóteses.
"O mercado ainda está digerindo o processo de capitalização, o aumento
da influência do governo na empresa e as incertezas do plano de
investimentos para os próximos anos", diz Camilo.
Para ele, a empresa passará um bom tempo focada nos investimentos em
equipamentos e instalações (são os chamados Capex), e não no retorno
direto ao acionista. "Apesar de que no longo prazo todo o investimento
se reverte em benefício aos acionistas", afirma Camilo.
Mas o problema mesmo, segundo Ricardo Binelli, sócio da Petra
Corretora, está no comando do governo. "O processo de capitalização da
Petrobras no ano passado evidenciou a ingerência do governo na
administração da empresa, gerando preocupação nos investidores", diz
Binelli.
Ele afirma ainda que a descoberta do pré-sal não acalma totalmente o
mercado financeiro. "A exploração do pré-sal embute um risco de
execução que só deve diminuir quando este ocupar um espaço maior na
produção da empresa", afirma Binelli.
É hora de comprar ou vender ações da Petrobras?
Apesar de tudo, Petrobras é sempre Petrobras. Ainda mais para
investidores cujo foco está no longo prazo.
"Minha indicação é de compra, já que a Petrobras está com o preço
muito deprimido em virtude de todos esses problemas, diz André Mello,
analista sênior da TOV Corretora e que acompanha as ações da empresa.
Para ele, existe um exagero dos analistas contrariados pelo plano de
capitalização e controle do governo em não deixar aumentar o preço da
gasolina. "Por tudo isso, o momento é de compra do papel."
É a mesma opinião de André Machado, professor da CMA Educacional. "Em
poucas semanas, as ações hoje consideradas baratas passarão à condição
de caras", diz Machado.
É sempre importante lembrar que não há certezas na renda variável, e
as previsões podem não se concretizar.
Fonte: Uol
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