11/07/2011

Grandes problemas seguem sem solução e a única certeza é a volatilidade

SÃO PAULO - Ainda deve levar algum tempo para que os investidores
possam abrir as páginas do noticiário político e econômico sem um frio
na barriga. Na primeira semana de julho, a Grécia saiu das manchetes
após a aprovação de seu plano de resgate, mas foi substituída por
Portugal, que teve a nota de classificação rebaixada pela Moody's. Nos
Estados Unidos, os indicadores de emprego no setor privado chegaram a
animar, mas foram traídos pela criação de 18 mil empregos em junho,
contrariando as projeções de 80 mil novas vagas.

As tensões acerca do endividamento de países periféricos da Zona do
Euro, como Itália e Irlanda, foram reacendidos pelo corte da nota
portuguesa, ao mesmo tempo em que a recuperação norte-americana
mostrou-se ainda mais frágil. Por aqui, o IPCA (Índice de Preços ao
Consumidor) voltou a desacelerar em junho, mas com um arrefecimento
menor do que o esperado. "Grandes problemas continuam sem uma grande
solução e a única certeza que podemos ter no curto prazo é a
volatilidade", diz o estrategista-chefe da Cruzeiro do Sul Corretora,
Jason Vieira.

Cenário doméstico: inflação e resultados corporativos
O momento de cautela macroeconômica tende a afetar também a temporada
de balanços do segundo trimestre de 2011 no País, alerta o analista de
investimentos do banco Geração Futuro, Lucas Brendler. As divulgações
serão iniciadas na quarta-feira (13), pela Localiza (RENT3). Os dados
financeiros tendem a refletir mais fortemente os movimentos do governo
para a conter a inflação, por meio da elevação dos juros, mas a
demanda interna continua a pesar favoravelmente, explica Brendler.

A inflação domina a agenda de indicadores local. A expectativa é de
que a taxa Selic seja novamente elevada em 0,25 ponto percentual na
reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), na próxima semana, um
aumento que não significaria o fim do ciclo de aperto monetário, ao
contrário do projetado pelo Relatório Focus para o final deste ano.
Brendler afirma que o aumento da Selic em julho já está precificado e
podem ser feitos até outros 3 ajustes adicionais até o final de 2011.

Segundo os consultores da LCA, o alívio da pressão inflacionária é
temporário e acontece principalmente em função da "descompressão das
cotações internacionais das commodities". O alívio proveniente das
matérias primas básicas, por sua vez, estaria acontecendo por conta da
"diluição de choques de oferta" e da queda na demanda global por esse
tipo de produto.

Serão reportados a primeira prévia do IGP-M (Índice Geral de
Preços-Mercado) na segunda-feira (11), e o IPC (Índice de Preços ao
Consumidor) da Fipe no pregão seguinte. As vendas no varejo em maio,
calculadas pelo IBGE, completam o ranking dos indicadores locais mais
importantes para a semana entre 11 e 15 de julho, e serão reportadas
na terça-feira, com expectativa de aumento de 5,5% na passagem anual e
de 0,3% na comparação entre abril e maio.

Agenda norte-americana ganha força no final da semana
As atenções concentradas no Brasil no início da semana, passam para os
Estados Unidos no final do período, com destaque para a balança
comercial, na terça-feira, e os preços ao produtor e pedidos de
auxílio-desemprego, na sexta-feira. Após a divulgação do payroll, a
agenda norte-americana fica mais modesta, lembra Jason Vieira, da
Cruzeiro do Sul.

O estrategista afirma que, a despeito da criação de empregos modesta
em junho, os dados do ADP Employment Report - que compreendem as
contratações no setor privado da economia norte-americana - estão mais
direcionados ao desempenho do mercado de trabalho no mês seguinte do
que ao período anterior, podendo trazer uma expectativa mais positiva
para a criação de vagas daqui para frente. Vieira acrescenta que dados
industriais sugerem a recuperação da economia dos EUA, enquanto o
retorno da produção manufatureira no Japão pode ser benéfica para os
dados de julho.

Volatilidade é unânime
Os ajustes fiscais ainda tendem a respingar em outros países da Zona
do Euro, inspirando cautela na semana. Por aqui, seguem os baixos
volumes e a menor atratividade da renda variável diante dos seguidos
aumentos da taxas de juros. Desta forma, o mercado segue incerto e
sujeito às operações de curto prazo, diz o analista da Geração Futura.

Vieira, por sua vez, reitera a tendência volátil para o período,
enquanto os investidores seguem divididos entre a elevação da taxa de
juros e o desempenho das bolsas externas, que ainda ditam o tom do
mercado doméstico, conclui.

Fonte: InfoMoney

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