11/07/2011

Fuga da poupança pode encarecer crédito imobiliário, dizem especialistas

SÃO PAULO – A captação líquida da caderneta de poupança ficou negativa
em R$ 3,227 bilhões no primeiro semestre do ano, segundo dados do
Banco Central divulgados nesta quarta-feira (6).

Ao mesmo tempo que a captação da poupança tem diminuído, o
financiamento de imóveis com recursos desta aplicação está em
trajetória de alta. Em abril, foram emprestados R$ 6,16 bilhões de
recursos da poupança para financiamentos imobiliários, uma alta de 42%
frente ao mesmo período do ano passado, segundo a Abecip (Associação
Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança).

Segundo especialistas, a falta de recursos da caderneta de poupança
pode encarecer o financiamento imobiliário, já que os bancos são
obrigados a destinar 65% dos depósitos em poupança para o crédito
habitacional.

"O crédito com recursos da poupança é o mais barato para o mercado. Se
for necessário utilizar outros tipos de recursos, as taxas podem ficar
mais altas para o consumidor", afirma o professor de finanças da
PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), Fábio Gallo.

Aumento da taxa de juros
O professor de economia da FGV (Fundação Getulio Vargas), Armando
Castelar, concorda, mas ressalta que a captação da poupança nos
próximos meses vai depender muito da dinâmica dos juros.

"Com os juros altos, os investidores buscam aplicações mais rentáveis,
como os títulos do Tesouro Direto e os fundos de renda fixa.
Entretanto, a tendência é que os juros entrem em trajetória de queda
no médio prazo, com o controle da inflação", afirma.

Por isso, para o professor, caso a tendência se mantenha e os juros
voltem a recuar, é possível que a caderneta de poupança volte a ter
captação positiva nos próximos semestres.

"Entretanto, se isso não acontecer e faltar recursos da poupança para
o financiamento de imóveis, a tendência é que realmente haja um
encarecimento do crédito", pontua.

Outras fontes de recursos
De acordo com os especialistas, além dos recursos da poupança, as
instituições também podem buscar financiamento por meio do mercado de
capitais, com o processo de securitização – que transforma bens
imobilizados em títulos passíveis de negociação, como o CRI
(Certificado de Recebíveis Iobiliários) e as LCI (Letras de Crédito
Imobiliário). Ou então, por meio de recursos próprios dos bancos.

"Crédito não faltaria, mas ele se tornaria mais caro", conclui Gallo.

Fonte: InfoMoney

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