14/07/2011

Investidor com saldo no Tesouro Direto cresce 30% no ano

Luciana Monteiro | De São Paulo


Sérgio Goldenstein, diretor da BM&FBovespa: aumento de investidores com saldo no Tesouro Direto superou expectativa

O número de investidores com aplicações no Tesouro Direto - sistema de compra e venda de títulos públicos pela internet - registrou crescimento de 30% somente no primeiro semestre do ano. Enquanto em dezembro de 2010 um total de 51.353 aplicadores mantinham algum saldo em papéis públicos adquiridos pelo sistema, no fim de junho, já eram 66.576. O número de cadastros subiu de 214.657 para 249.638 no período, ou 16%.

Além da popularização do sistema, essa expansão de mais de 15 mil investidores com aplicações no Tesouro Direto está ligada ao programa da BM&FBovespa de oferecer um incentivo aos agentes de custódia. Ele é dado às corretoras conforme a evolução da base de investidores com saldo em todo o Tesouro Direto.

Colocado em prática no início deste ano, o programa fará a primeira distribuição neste mês, de R$ 2,7 milhões. Os valores serão proporcionais ao crescimento do número de aplicadores com saldo pela instituição no período, na forma de crédito nos pacotes de serviços que os agentes de custódia pagam para a bolsa.

Nos primeiros seis meses do ano, o volume total de títulos públicos comprados via Tesouro Direto somou R$ 1,81 bilhão. Esse valor está bem acima do registrado no primeiro semestre do ano passado, com vendas de R$ 998,75 milhões.

O crescimento no número de investidores com saldo no Tesouro Direto superou as previsões da bolsa, afirma Sérgio Goldenstein, diretor de renda fixa e câmbio da BM&FBovespa. "Não havia uma meta, mas a expectativa era de que haveria um aumento de 15 mil ao longo de todo o ano e não apenas no primeiro semestre", diz ele. Em 2009, a bolsa fechou acordo com o Tesouro Direto que previa, entre outras medidas, a integração dos sistemas de negociação eletrônica de ações (home broker) com o de títulos.

Segundo o diretor de renda fixa da bolsa, muitos agentes desenvolveram estratégias de atração de clientes durante esse período, como a redução na taxa de custódia ou mesmo fornecendo mais informações sobre o Tesouro Direto em seus sites. "Algumas corretoras tinham o Tesouro Direto em suas prateleiras e passaram a incentivar mais as aplicações", afirma Goldenstein.

O ranking dos agentes de custódia no site do Tesouro Direto mostra que há corretoras que reduziram, ou mesmo eliminaram, os custos cobrados dos investidores. Hoje são três taxas cobradas no sistema. Uma, no momento da compra, que é a taxa de negociação, de 0,10% sobre o valor da operação. Há ainda uma taxa de custódia da BM&FBovespa, de 0,30% ao ano sobre o valor dos títulos, referente aos serviços de guarda dos papéis e às informações e movimentações dos saldos, cobrada semestralmente. E os agentes de custódia cobram também taxas de serviços, e são justamente esses custos que estão cada vez menores.

E novas medidas estão em estudo na bolsa para aumentar o número de aplicadores com saldo no Tesouro Direto. A primeira seria um sistema de compras programadas, que permitiria ao investidor definir um valor a ser aplicado todo mês em títulos públicos. A segunda novidade em negociação é reduzir ainda mais o valor mínimo de aplicação, hoje de cerca de R$ 100,00 - que corresponde a uma fração de 0,20 título. De acordo com Goldenstein, os dois projetos estão em fase final de elaboração e devem ser anunciados nos próximos meses.

O programa de incentivo da bolsa leva em conta a expansão no volume total de compras de títulos no período de seis meses. A partir daí, multiplica-se o número por 0,15%. Como no semestre o volume total de títulos comprados via Tesouro Direto somou R$ 1,81 bilhão, o valor a ser distribuído entre os agentes de custódia será de R$ 2,7 milhões (0,15% de R$ 1,81 bilhão). No total, 74 agentes de custódia participaram. Inicialmente, o programa de incentivo terá validade de um ano e o próximo crédito será liberado em janeiro de 2012. O estímulo, no entanto, poderá durar mais tempo, dependendo dos resultados.

O diretor de renda fixa e câmbio da BM&FBovespa ressalta que o potencial de crescimento do Tesouro Direto é grande, já que a pessoa física que detém papéis comprados pelo sistema representa apenas 0,2% de toda a dívida pública do país. O número é bem menor do que o registrado no Reino Unido, por exemplo, cuja participação é de 16%. Nos Estados Unidos, a fatia da dívida em poder da pessoa física é de 1,2%. "À primeira vista, o pequeno investidor acha que o Tesouro Direto é difícil porque é uma sopa de letrinhas, mas ele não é tão difícil quanto aparenta", diz. "A educação financeira, portanto, se mostra muito importante."

Fonte: Um Investimentos

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