Urânio enriquecido em chão de fábrica |
Autor(es): » Vinicius Sassine |
Correio Braziliense - 19/10/2011 |
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Ocorreram três vazamentos dentro da Fábrica de Combustível Nuclear, pertencente ao governo federal, em Resende (RJ). Dois deles, envolvendo substâncias químicas. Outro, urânio enriquecido altamente radioativo. A empresa admite "falhas", mas descarta danos a funcionários e ao meio ambiente Produto radioativo vaza em indústria nuclear de Resende (RJ). A empresa, pertencente ao governo federal, confirma o caso, reconhece "falhas" em equipamentos, mas descarta danos aos funcionários e ao meio ambiente Engenheiros e técnicos de segurança do trabalho detectaram três vazamentos dentro da Fábrica de Combustível Nuclear (FCN), em Resende (RJ), dois deles envolvendo substâncias químicas e um de urânio enriquecido (UO2), elemento altamente radioativo. A constatação dos vazamentos foi comunicada pelos engenheiros e técnicos a seus superiores por e-mails internos. O Correio teve acesso a cópias desses e-mails. O pó de urânio vazou de um equipamento chamado homogeneizador e caiu no piso da sala. O episódio foi registrado em 14 de julho de 2009. Em janeiro de 2010, o alarme de atenção da fábrica foi acionado em razão do vazamento de gás liquefeito usado no forno que queima os excessos de gases resultantes da produção de pastilhas de urânio. E, em julho deste ano, um engenheiro suspeitou do vazamento de amônia e comunicou o ocorrido aos gerentes. Os três casos não representaram riscos aos trabalhadores, ao meio ambiente e ao funcionamento da fábrica, garantem a diretoria da fábrica — pertencente ao governo federal — e a presidência da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), órgão responsável pela fiscalização de atividades radioativas no Brasil. "O urânio ficou numa sala confinada, hermeticamente fechada, não foi para o meio ambiente", diz o diretor de Produção de Combustível Nuclear da FCN, Samuel Fayad Filho. Ele reconhece "falhas" nos equipamentos e diz que "todos os procedimentos foram tomados" em relação aos problemas detectados. "Não há vazamento de material radioativo em Resende", assegura. O Correio consultou especialistas para saber o que significam as informações que circularam internamente na FCN. Para o engenheiro nuclear Aquilino Senra, "é evidente que houve uma falha". "Não era para o pó de UO2 sair dessa prensa", diz o engenheiro nuclear, vice-diretor do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro. "É uma anormalidade clara o vazamento de UO2 da prensa e a presença da substância no solo." Em relação ao vazamento de gás liquefeito, Aquilino afirma que "gás vazado não é boa coisa". "Detectores existem para isso, mas o ponto é por que o gás vazou." O Correio ouviu também um técnico ligado à Presidência da República, sob a condição de anonimato: "Não me parece um problema grave, pois a Presidência não foi avisada", diz. Funções Hoje, a FCN é responsável pelo enriquecimento de 10% do urânio necessário para Angra 1 e de 5% para Angra 2, segundo Samuel Fayad. A FCN faz parte da estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB), subordinada ao Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT). O episódio do vazamento de pó de urânio foi relatado por um técnico de segurança do trabalho às coordenações superiores. A Cnen confirmou ao Correio o alerta. "O fato é irrelevante em termos de segurança. O referido pó foi identificado em área controlada, dentro de ambiente com contenção para material radioativo, não afetando trabalhadores da unidade ou o meio ambiente", sustenta o órgão, por meio da assessoria de imprensa. Crise |
19/10/2011
Radiação vaza em indústria nuclear no Rio
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