Por Chiara Quintão | De São Paulo
Apesar do cenário de crescimento econômico menos acelerado, a maior parte das incorporadoras de capital aberto que divulgaram prévias dos resultados operacionais do terceiro trimestre lançou e vendeu mais que no mesmo período de 2010.
Das oito empresas que divulgaram prévias até o fechamento desta edição, seis apresentaram crescimento do Valor Global de Vendas (VGV) de lançamentos - PDG Realty, Cyrela Brazil Realty, MRV Engenharia, EZTec, Rodobens Negócios Imobiliários e Direcional Engenharia. Apenas Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário (CCDI) e Even Construtora e Incorporadora apresentaram VGV menor.
Cinco empresas tiveram aumento das vendas contratadas. As exceções foram CCDI, Rodobens e Even. A PDG, maior incorporadora do país e a primeira a divulgar prévias, apresentou recordes em lançamentos e vendas.
Ontem, foi a vez de MRV Engenharia divulgar recorde de lançamentos e vendas contratadas no terceiro trimestre. A companhia lançou VGV de R$ 1,449 bilhão no período, 40% a mais que no terceiro trimestre do ano passado. As vendas cresceram 22%, para R$ 1,083 bilhão. "A demanda continua muito forte no segmento popular", afirma o presidente da MRV, Rubens Menin. No acumulado dos nove meses, as vendas da MRV subiram 10,7%, para R$ 2,883 bilhões. A expectativa da MRV é de outro trimestre "bem forte" em lançamentos e vendas, conforme o executivo.
Já a Even, que também divulgou sua prévia operacional ontem, apresentou lançamentos de R$ 448 milhões, com queda de 22,35% ante o terceiro trimestre de 2010, e vendas de R$ 370 milhões, ou seja, 38,5% menores.
Seis incorporadoras tiveram queda na velocidade de vendas medida pelo indicador VSO (vendas sobre oferta). Apenas CCDI e Direcional tiveram alta no indicador, com patamares acima de 30%. O mercado entende como normal essa acomodação da velocidade de vendas e considera VSO "saudável" o patamar de 20% a 22%.
No terceiro trimestre, a MRV registrou VSO de 25%, abaixo dos 33% do intervalo de julho a setembro de 2010. Conforme Menin, a queda deveu-se ao menor lançamento no terceiro trimestre de 2010. Na Even, a VSO recuou de 37% no terceiro trimestre de 2010, para 25%, devido à concentração de lançamentos no fim do trimestre. Conforme o diretor financeiro e de relações com investidores da Even, Dany Muszkat, com estoque maior, cresce a possibilidade de vendas para consumidores interessados em unidades próximas da entrega. Além disso, a contabilização na receita é maior quanto mais avançadas as obras.
No trimestre, a Even comprou cinco terrenos, com VGV potencial de lançamentos de R$ 300 milhões. A companhia reduziu o ritmo de aquisições de novas áreas apresentado desde o início de 2010. Isso vai possibilitar que a Even alcance fluxo de caixa positivo do primeiro para o segundo semestre de 2012, e não somente no fim do próximo ano ou no começo de 2013.
No acumulado de nove meses, a Even lançou o correspondente a 68% de seu guidance para o ano. Somando o VGV até setembro aos projetos aprovados (já lançados no quarto trimestre ou com lançamento previsto para os próximos 30 dias), a Even chega a 94% do guidance para o ano.
Parte do setor precisará lançar mais de 40% no quarto trimestre se quiser cumprir a meta para 2011. Em função de fatores como menor velocidade de vendas e a estratégia das incorporadoras de privilegiar geração de caixa a volumes, já se considera, no mercado, que algumas empresas possam lançar, no ano, VGV menor do que o prometido.
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