momentos em que o mercado de ações não está favorável, a exemplo do
que tem acontecido neste ano com a bolsa brasileira. O Ibovespa já
caiu 10% neste ano, até o fechamento do pregão de segunda-feira (23).
Nesta hora, as empresas tendem a cair menos ou até subir. Mas quem
mantém esses papéis na carteira também deve ficar de olho na hora de
vendê-las. Será que este momento já chegou?
De acordo com o analista-chefe da Banif Corretora, Oswaldo Telles
Filho, a escolha de papéis defensivos ou não depende de como o
investidor está imaginando o futuro da bolsa. "O cenário que a gente
imagina é de um ajuste longo da inflação, que duraria nove meses para
frente. Então, isso traz muita incerteza para os investidores e a
tendência é a bolsa não ficar boa nesse meio tempo, na média. Nessa
situação, os setores defensivos são bons. Hoje, a gente recomenda
comprar setores defensivos", afirmou.
Defensivas "fora da caixa"
No entanto, como a visão da corretora não é tão negativa, ele disse
que abre-se espaço para procurar defensivas "fora da caixa", ou além
daqueles setores já consagrados como defensivos, que são os de
saneamento, eletricidade, telecomunicações e saúde.
"Como a nossa visão negativa não é muito forte, abre-se espaço para
outros setores que sejam mais ou menos defensivos, por exemplo o setor
de propriedades, que vai bem porque tem resultado de receita
reajustado pela inflação; e o varejo, que está indo bem porque é setor
de baixo valor unitário de venda. O cenário ruim, mas não muito ruim,
abre espaço para muitos outros setores", explicou o analista.
É hora de vender
Na direção inversa, o analista da Citi Corretora, Hugo Rosa, acredita
que este é o momento de vender ações defensivas, as quais subiram
bastante no início do ano. "Os setores mais defensivos estão bem mais
esticados que os demais. Na minha opinião, acho que a performance da
bolsa foi muito fraca, mas estamos vendo agora uma inflação benigna
para os próximos três meses. Considerando que as mais defensivas
subiram mais, não é o momento de ficar com elas, mas de pegar a virada
da bolsa", disse Rosa.
De acordo com ele, essas ações defensivas já subiram e, de modo geral,
é momento de pensar em uma abordagem mais "agressiva" na bolsa de
valores, buscando nomes com performance mais modesta. Porém, ele
destaca que mesmo no setor defensivo ainda há casos interessantes,
como no setor elétrico. "Tem boas defensivas que ainda estão com preço
atrativo, mas não indicaria posicionamento só em defensivas",
ponderou.
O que são defensivas?
Segundo Telles Filho, da Banif, uma empresa defensiva é aquela que,
quando há oscilações na economia, ela não tem grandes variações dos
resultados. Normalmente, são boas pagadoras de dividendos, o que não é
uma regra geral.
Ele explicou que os setores de eletricidade e saneamento são
defensivos porque têm tarifas reajustadas pela inflação, o que
significa que há uma proteção para o retorno destas empresas. No caso
do setor de saúde, o grande usuário é o funcionário de empresa, então
o que é mais importante é o nível de renda e de emprego. "Se tiver com
desemprego baixo, mesmo que haja oscilação da economia que não seja
duradoura, o setor não sofre".
Já telecomunicações, principalmente telefonia fixa, é um tipo de
atividade que não cresce muito - o número de linhas vem de uma
trajetória estável, então a geração de caixa já é muito forte. "Isso
dá estabilidade de resultados e pagamento de dividendos".
Rosa, da Citi Corretora, ressalta ainda que o mais importante para
caracterizar uma empresa como defensiva é ter o fluxo de caixa
previsível. De modo geral, ele disse que costuma-se considerar o setor
elétrico, de telecomunicações, concessão rodoviária, algumas empresas
de consumo, bebidas e tabaco como defensivas. No entanto, ele destacou
que não é todo o setor considerado defensivo. Existem empresas e
empresas.
"No setor de concessão, tem empresas mais maduras, com caixa para
manter operação, enquanto outras estão em fase de investimento
pesado", exemplificou.
Fonte: InfoMoney
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