(CIEL3) ainda é difícil de entender. Pressionadas anteriormente pelas
projeções extremamente pessimistas do mercado, elas simplesmente
dispararam após o anúncio dos resultados, que mostraram que as líderes
do segmento estão conseguindo driblar as dificuldades com mais
eficiência do que se supunha. Porém, engana-se quem pensa que o
potencial está esgotado.
No início do ano, ou até mesmo antes, os analistas de mercado estavam
com um "pé atrás" quando o assunto era o setor financeiro
não-bancário. A entrada de novos players no setor, a constante queda
na MDR (Merchant Discount Rate) - taxa cobrada dos estabelecimentos
comerciais por cada operação realizada – e a queda na receita POS
(Point Of Sale) fazia com que eles vissem pouca atratividade nas
credenciadoras de cartões.
Mas algo mudou. Depois que Redecard e Cielo divulgaram seus resultados
trimestrais, o mercado percebeu que havia exagerado. Para o sócio
fundador da Bogari Capital, Flavio Sznajder, houve uma inflexão na
curva de resultados e logo as ações subiram. "Com a qualidade que
essas ações têm, elas não estão caras, mesmo com o recente aumento que
tiveram. Isso foi uma mera correção do mercado, o potencial ainda
existe e é grande", afirmou Sznajder, que aposta em um 2011 muito
favorável para esses papéis.
O ponto de virada chegou
Já o analista da Ágora, Aloisio Villeth Lemos, explica que, de fato, a
capacidade de geração de caixa dessas empresas estava deteriorada no
final de 2010. "O potencial dessas empresas era tão importante que
sabíamos que o ponto de virada chegaria mais cedo ou mais tarde. E ele
chegou", brinca o analista.
Lemos ressalta que é preciso que os investidores percebam que os
problemas não estão descartados. Pelo contrário, eles ainda existem e
até que a situação volte à estabilização, há um longo caminho a
percorrer. Porém, o relevante nesse caso é ver que o processo de
retomada já começou. "As dificuldades existem, mas essas empresas não
vão passar por um processo de insolvência. Isso é algo que nós [da
Ágora] já víamos de antemão", completa. O analista espera que as taxas
se estabilizem a partir do segundo semestre.
Para que o mercado visse o resultado como positivo e as ações
subissem, alguma habilidade de administração das companhias foi
necessária e o analista exalta a maneira como a gerência coordenou a
comunicação com o mercado durante a divulgação dos resultados. "Foi
sem dúvida um belo trabalho", afirma Lemos.
Market share garantido
Também otimista, o sócio da Bogari acredita em alguma oscilação de
curto prazo, mas aposta que esse ajuste deve estar próximo do
potencial, e, por isso, o futuro deve ser ainda mais promissor para as
ações das companhias.
Mesmo enfrentando um processo de concorrência, que deve aumentar em
2011, a posição de Redecard e Cielo não deve estar ameaçada, segundo
Sznajder. Mantendo a mesma opinião, Lemos acredita que, juntas, as
duas empresas devem deter 85% do mercado, já contando com a entrada
desses novos concorrentes, o que continua sendo um número bastante
expressivo.
Esse otimismo também está baseado no potencial para o setor, que ainda
pode crescer muito no Brasil. Ambos ressaltam que a penetração de uso
de cartões ainda é pequena e a ascensão das classes C, D e E pode
contribuir para que esse mercado ganhe força. Além disso, Lemos não
acredita que efeitos macroeconômicos, como restrição ao crédito,
possam abalar essas empresas. "Esses efeitos estão precificados. Tudo
o que é conhecido já está no preço e isso também", explica.
Cielo supreendeu
O caso da Cielo é ainda mais peculiar. Lemos afirma que suas ações
possuem pequena vantagem no curto prazo. A antecipação de recebívies -
prática que não era utilizada no passado -, junto com uma mudança
estratégica, conseguiu fazer com que a receita da companhia crescesse.
Com isso, a melhora na margem veio a reboque.
Recomendação
A Ágora mudou sua recomendação de neutra para compra, assim que os
resultados foram divulgados. Em geral, a corretora acredita que a pior
fase para as duas empresas já passou.
Lemos calcula preço-alvo de R$ 15,70 para Cielo no final do ano, o que
representa um potencial de valorização de 25,4%, com base na última
cotação de fechamento. Já para Redecard, o preço-alvo é de R$ 30,90,
um potencial de ganhos de 35,6%.
Fonte: InfoMoney
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