SÃO PAULO - A quarta-feira foi mais um dia de instabilidade nos mercados locais e externos. A Europa voltou ao foco depois que o rebaixamento de nota de Portugal levou investidores a questionar qual será o próximo país a tombar. Na lista, Irlanda, Itália e Espanha. Junto disso, o Banco Central da China subiu a taxa de juros pela terceira vez no ano, mostrando que a autoridade monetária não está contente com as leituras de inflação.
Tal quadro resultou em novo pregão de baixa na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e aumento na demanda por moeda americana.
No mercado externo, as bolsas em Wall Street se desvencilharam desse sinal externo negativo, bem como atropelaram dados econômicos ruins, com a queda da atividade no setor de serviços. Com isso, o Dow Jones terminou com alta de 0,45%, a 12.626 pontos. O S&P 500 ganhou 0,10%, a 1.339 pontos. E o Nasdaq se valorizou 0,29%, a 2.834 pontos.
Entre as matérias-primas, o barril de petróleo do tipo WTI perdeu 0,2%, para US$ 96,65. O índice de commodities CRB cedeu 0,42%.
Bovespa
A preocupação com a crise da dívida soberana europeia e a alta de juros na China seguraram a bolsa brasileira em baixa pelo segundo dia seguido. No fim da jornada, o Ibovespa apontava baixa de 0,75%, aos 62.565 pontos. O giro financeiro atingiu R$ 4,73 bilhões.
Ainda que atribua a baixa da bolsa à decisão da China e às preocupações com a situação fiscal de países como Portugal, o analista de investimento da SLW Corretora Pedro Galdi chama atenção para o volume financeiro pouco representativo da Bovespa.
"A confiança do investidor só vai voltar quando houver um desfecho da crise na Europa. A bolsa tende a ficar muito volátil em julho, mas uma recuperação no segundo semestre é factível", observou.
De acordo com a análise técnica de Raphael Figueredo, da MyCAP, home broker da Icap Brasil, dado seu último rali de alta, enquanto o Ibovespa não perder os 62 mil pontos, o viés positivo permanece.
Câmbio
O dólar comercial voltou a ganhar do real no pregão de quarta-feira. A formação de preço foi influenciada novamente pelo sinal externo, onde o tom foi negativo em função da Europa e do aumento de juros na China.
No fim do dia, o dólar comercial apontava alta de 0,38%, a R$ 1,570 na venda. Na máxima, registrada pela manhã, o preço foi a R$ 1,575. Mas no começo da tarde, a moeda ficou rondando a estabilidade, descolada do pessimismo externo. Tal movimento foi atribuído à entrada de recursos externos no país.
Passado esse episódio, o dólar voltou a seguir a sinalização externa, mas, ainda assim, subiu menos que o registrado em outras praças. O Dollar Index, que mede o desempenho da divisa americana ante uma cesta de moedas, por exemplo, subiu 0,63%, a 75,11 pontos. Enquanto o euro caiu 0,76%, a US$ 1,431.
De volta ao mercado local, na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o dólar pronto subiu 0,26%, para R$ 1,5685. O giro subiu de US$ 144,5 milhões na terça-feira para US$ 145 milhões hoje.
No mercado futuro, o dólar para agosto registrava valorização de 0,28%, a R$ 1,5785, antes do ajuste final.
O Banco Central (BC) divulgou o fluxo cambial de junho. O sexto mês do ano terminou com saldo negativo de US$ 2,556 bilhões, reflexo da saída financeira de US$ 3,934 bilhões e entrada comercial de US$ 1,378 bilhão. Junho foi o primeiro mês de 2011 com fluxo negativo.
Mesmo com o mercado observando saída de dólares em junho, o BC seguiu comprando moeda à vista. No acumulado do mês foram US$ 2,291 bilhões. Tal volume de compras, no entanto, é o menor desde dezembro do ano passado.
Também foi atualizado o tamanho da posição vendida dos bancos no mercado à vista. E não causa surpresa o crescimento para US$ 14,696 bilhões em junho, ante US$ 9,301 bilhões em maio. Cabe destacar que essa posição vendida é a maior do ano.
O estoque vendido dos bancos cresce pois o BC mantém as compras de dólares mesmo em ambiente de fluxo negativo. Se o BC toma dólar mesmo quando não há sobras, alguém tem de fornecer a moeda e cabe aos bancos cumprir esse papel.
Juros Futuros
Os contratos de juros futuros passaram o dia rondando a estabilidade, mas vendas no fim do dia garantiram fechamento com viés de baixa.
Segundo o sócio-gestor da Leme Investimentos, Paulo Petrassi, parte desse ajuste pode ser atribuído à piora do humor externo, por conta da preocupação com endividamento na zona do euro, que voltou ao noticiário, somado ao novo ajuste nos juros na China, movimento que atinge as perspectivas de crescimento e o preço das commodities.
O mercado de títulos nos Estados Unidos também capta esse cenário. A taxa de retorno no papel de 10 anos voltou a perder prêmio, rondando a casa de 3,09% depois de ter atingido 3,15% dias atrás.
Em âmbito local, Petrassi avalia que o mercado segue no aguardo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de junho, que será apresentado agora pela manhã. Segundo o especialista, a mediana das expectativas está em 0,07%. Mais importante que o índice cheio, porém, são os núcleos de preços. Se esses também recuarem, a percepção do mercado melhora.
"Esse é o período em que o mercado espera o índice muito baixo. Se isso não se confirmar, fica aquela impressão de que se não foi agora não será mais", explicou.
Antes do ajuste final de posições na BM&F, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em agosto de 2011 apontava alta de 0,02 ponto percentual, a 12,24%. Outubro de 2011 marcava estabilidade a 12,38%. E janeiro de 2012, o mais líquido do dia, recuava 0,01 ponto, a 12,46%.
Entre os contratos mais longos, janeiro de 2013 mostrava baixa de 0,02 ponto, a 12,65%. Janeiro de 2014 registrava perda de 0,04 ponto, a 12,56%. Janeiro de 2015 tinha desvalorização de 0,04 ponto, a 12,51%. Janeiro de 2016 devolvia 0,05 ponto, a 12,37%. E janeiro de 2017 projetava 12,27%, baixa de 0,04 ponto.
Até as 16h10, foram negociados 685.456 contratos, equivalentes a R$ 56,97 bilhões (US$ 36,43 bilhões), alta de 12% sobre o registrado no pregão anterior. O vencimento janeiro de 2012 foi o mais negociado, com 196.207 contratos, equivalentes a R$ 18,51 bilhões (US$ 11,84 bilhões).
(Eduardo Campos | Valor)
Fonte: Uol
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