30/08/2011

BNY Mellon autoriza reabertura de fundos da GWI

Por Luciana Monteiro e Angelo Pavini | De São Paulo

A BNY Mellon, administradora dos fundos da gestora GWI, encaminhou ontem fato relevante à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no qual informa ao mercado que as carteiras foram reabertas para aplicações e resgates. Em seu site, a GWI informava que os fundos seriam reabertos ontem mesmo.

Na sexta-feira, dia 26, conforme reportagem publicada ontem pelo Valor, os investidores dos fundos da GWI decidiram manter a gestora como responsável pelas carteiras. Os portfólios sofreram perdas e, assim, a administradora decidiu suspender os resgates no dia 12.

Reunidos em assembleia na sexta-feira, os cotistas de oito fundos da casa ficaram frente a frente com o coreano Mu Hak You, dono da GWI e responsável pelo estilo agressivo de gestão da casa. Houve cobranças e questionamentos sobre a estratégia de concentrar fortemente as aplicações em um papel, Marfrig, que cai 49,5% no mês, multiplicada pela forte alavancagem na mesma empresa. Mas os investidores tiveram de admitir que as operações eram permitidas pelo regulamento dos fundos.

O clima foi considerado até calmo diante das perdas de até 50% no mês, afirmam investidores que participaram do encontro, que ocorreu na Avenida Paulista, no Teatro Gazeta, em São Paulo. Os investidores de oito fundos foram reunidos em uma única assembleia coletiva, que durou cerca de duas horas e meia, das 14h às 16:30. Apenas o fundo Private, que está com patrimônio negativo de R$ 29 milhões e tem seis cotistas - entre eles o próprio Mu Hak, segundo comentários do mercado - teve uma assembleia à parte.

Caso haja um movimento forte de saques, o administrador já alertou os cotistas que poderá voltar a fechar os fundos e convocar nova assembleia, para evitar riscos de perdas maiores para os próprios investidores.

A GWI deverá continuar com o processo de redução das posições alavancadas das carteiras - em geral compras a termo de Marfrig por preços hoje bem superiores aos do mercado. A própria GWI admitiu aos investidores na sexta-feira que o momento atual do mercado não permite posições tão arriscadas. Mas boa parte do ajuste já foi feito pelo administrador como mostram as perdas nas carteiras.

O caso mais grave é do GWI Private, que precisa de um aporte de capital dos investidores de R$ 29 milhões para conseguir pagar suas dívidas no mercado, em especial com três corretoras, que assumiram os débitos nas operações do fundo, segundo comentários de analistas.

A expectativa é de que, com a abertura dos demais fundos, Mu Hak, que além do Private seria um dos principais investidores das demais carteiras da GWI, possa sacar recursos para cobrir ao menos parte do débito. As oito carteiras reúnem um patrimônio de R$ 96 milhões - era de R$ 208 milhões no fim de julho. Segundo o site da GWI, a equipe da gestora tem pelo menos 30% do patrimônio de cada fundo e, no fim de dezembro, detinha 44% dos recursos aplicados na casa.

Até sexta-feira, os cotistas do Private não haviam cumprido a determinação de depositar os valores adicionais para cobrir o rombo do fundo, que está inadimplente na BM&FBovespa. Se isso não ocorrer, será a primeira vez que os investidores de um fundo poderão ser cobrados por via judicial pelos credores.

Mu Hak não poderá, porém, fazer resgates expressivos, pois isso acabaria por pressionar demais o preço das ações que estão nas outras carteiras ou levar o BNY Mellon a fechar de novo os fundos.

 

 

 

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