14/07/2011

Redecard quer brigar pela ponta

Aline Lima e Adriana Cotias | De São Paulo

14/07/2011


Yamaguti, da Redecard: desafio de vencer resistências para passar a aceitar em sua rede Visa Vale, Elo e American Express

A fórmula é simples e até batida. Para compensar os efeitos de uma política agressiva de conquista de mercado, os negócios precisam ganhar volume e os custos, caírem. Depois de liderar uma guerra de preços que se seguiu à abertura do mercado de cartões no ano passado, a Redecard agora tenta arrumar a casa para atingir uma meta ambiciosa: ser a número 1 no segmento de credenciamento de lojistas e captura de transações no Brasil, roubando o posto que até aqui pertence à concorrente Cielo.

"Hoje a grande motivação é construir uma empresa para ser líder de mercado, algo que se tornou plausível com a abertura do mercado. Antes, podíamos ser a melhor empresa, mas seríamos sempre o segundo colocado", diz Claudio Yamaguti, o novo presidente da empresa, em sua primeira entrevista.

A Redecard projeta crescer 30% neste ano, acima da média prevista para o mercado. A projeção para o mercado é de crescimento de 20%, superando os R$ 600 bilhões em volume de transações, entre crédito, débito e cartões de loja. Yamaguti, que sucedeu Roberto Medeiros em abril, diz que boa parte da expansão vem sendo impulsionada pelos cartões Visa, que até um ano atrás não passavam pela rede.

A corrida por fatias do mercado, baseada numa política de preços mais favorável ao lojista, não foi abandonada, mas deve perder intensidade. "A estratégia anterior foi perfeita, à medida que os resultados apareceram, a companhia ganhou 'share' [fatia], esse é o espírito da lei da concorrência", diz Yamaguti. Os planos de crescimento passam também pelo posicionamento da rede como multibandeira, abrigando marcas regionais e até internacionais no portfólio, caso da argentina Cabal e da asiática China Union Pay.

Yamaguti, egresso do Itaú Unibanco, acionista controlador da empresa, chegou com a missão de colocar em prática o discurso da eficiência. Começou reduzindo o número de diretorias de nove para cinco. A área jurídica, por exemplo, foi incorporada pela de finanças, assim como a de tecnologia passou a ficar sob o guarda-chuva da diretoria de operações. "A estrutura era pesada, perdia-se tempo com reuniões sem fim", conta Yamaguti. "Quando tem uma só pessoa não existe reunião, é só decidir", conclui, pragmático. Fisicamente, os funcionários que estavam divididos entre o escritório da avenida Juscelino Kubitschek, na capital paulista, e os cinco andares no moderno prédio da Philips, em Barueri, já mudaram para o endereço do município vizinho.

A consultoria Galeazzi & Associados também foi contratada para rever todos os processos da companhia, incluindo contratos com fornecedores. A área de call center passará a ter duas empresas prestadoras de serviço em vez de uma, e até o modelo de pagamento, baseado em minutos falados ("speaking time"), está sendo revisto. Dentre os procedimentos internos de rotina, viagens que antes podiam ser solicitadas com uma antecedência de três dias agora devem ser pedidas com três semanas de antecipação. "Os preços podem cair até 40% só com essa medida", ressalta Yamaguti.

Com 1,4 mil funcionários nos quadros da Redecard, o executivo admite que, embora a presença da consultoria não tenha como objetivo reduzir a folha de pessoal, isso pode eventualmente ocorrer. Mas outras áreas também podem receber reforço, como já ocorreu com a equipe comercial de varejo.

O objetivo da Redecard, agora, é fazer todo o investimento em aumento de participação de mercado se reverter em margens melhores. O volume capturado em crédito cresceu 28,7% entre o primeiro trimestre de 2010 e o primeiro trimestre de 2011, para R$ 34,1 bilhões. As despesas, no entanto, apresentaram um ritmo ainda mais forte. Os custos operacionais da Redecard totalizaram R$ 247,8 milhões no primeiro trimestre do ano, alta de 43,1% em 12 meses.

O fim da exclusividade da Cielo com a bandeira Visa e, por tabela, da Redecard com a MasterCard era a oportunidade que faltava para a credenciadora do grupo Itaú Unibanco sair da condição de "eterna" segunda colocada. A base de Visa em circulação no mercado é historicamente maior e, pelo acordo de exclusividade que perdurou até julho do ano passado, só a Cielo capturava.

Falta, porém, combinar com o concorrente. Yamaguti sabe que, para a Redecard ser líder de mercado, o setor precisa estar totalmente aberto - e isso hoje significa vencer a resistência de Bradesco e Banco do Brasil (BB), acionistas controladores da Cielo, para que Redecard também passe a aceitar em sua rede os cartões Visa Vale e Elo. "Estamos abertos, não temos ciúmes de nada", avisa Yamaguti. Com a American Express, hoje nas mãos do Bradesco, também não houve negociação até aqui.

Por ora, o grande salto da operação da Redecard deve se dar pela captura dos cartões Hipercard, que conta com uma base de 15 milhões de unidades. O Hipercard nasceu como um "private label" (cartão com a marca do próprio lojista) na antiga rede Bompreço, do Nordeste, comprada posteriormente pelo Walmart. O negócio de cartões ficou com o Unibanco, mas o contrato impedia o uso da bandeira em supermercados, redes de eletroeletrônicos e até farmácias, considerados concorrentes da varejista americana.

O acordo, revisado recentemente e válido pelos próximos 20 anos, eliminou a chamada "lista negra". Da atual rede credenciada da Redecard, com 1,14 milhão de estabelecimentos ativos, 850 mil estão habilitados a operar com o cartão Hipercard. Desse total, cerca de 150 mil lojistas estão efetivamente filiados e trazendo novos volumes. A cobertura total deverá estar concluída até o fim do ano.

Fonte: Um Investimentos

9 comentários:

demissões em massa disse...

muito bonitinho o texto, mas e as demissões que ocorreram em toda a diretoria, coordenadores, supervisores e até os coitados dos consultores que davam duro na rua na chuva no sol quente pra trazer cliente para redecard? Nem se fala.

R. Dakar disse...

Infelizmente, a cada dia que passa as empresas estão buscando montar operações cada vez mais enxutas, com menos funcionários, responsáveis por cada vez mais atividades e funções.

Não é uma pratica apenas da Redecard, e sim uma tendência de mercado, ainda mais com o avanço da tecnologia e as automações.

Não tenho contato com ninguém interno da Redecard para saber como foram as demissões que você citou, então não posso opinar sobre o caso, mas pela propria reportagem, ficou claro que houve uma diminuição de funcionários.

Anônimo disse...

Demissão em Massa
Poxa Cara, eu era funcionario da Redecard, fui demitido a um dia atrás. Não esperava isto da Redecard, foi uma decisão tomada da noite pro dia sem muito fundamentos. Alem de mim, mais de 400 funcionários da area do servising foram dispensados sem contar as demissões das outras áreas. To arrasado assim como todos que trabalhavam lá, pois tinha feito planos com esse emprego, agora estamos na rua... Eu saia todo dia de manhã e voltava atarde escurecendo dando duro pra alcaçar as metas e objetivos da empresa, pra poder ganhar uma demissão sem aviso previo. Eu amava que fazia lá e era o sustento da minha família. Isso não se faz... fica aí minha indignação.

O TURCA disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Papai Smurf, vale ressaltar que destes 400 funcionários demitidos no último dia 05-09, cerca de 380 foram desligados por telegrama e sms , uma prática moderna e excelente para uma empresa que de acordo com o Sr. Japonês, quer chegar ao topo.

Agora, imagine só, seu filho na rua desesperado para bater suas metas e na metade do dia você recebe o telegrama e verifica que o mesmo está naquela data demitido.

Oque o Sr. faria ? Ligaria para ele ?

Parabéns a todos os envolvidos e parabéns para essa empresa que apresenta ao mundo técnicas de RH que são verdadeiros Cases no mercado.

Grato.

J. Jacob.

Anônimo disse...

O processo de desligamento dos Promotores (Consultores) foi de uma irresponsabilidade e falta de respeito e ética. A maioria de nossos Supervisores não tiveram tempo hábil de nos comunicar sobre os motivos do desligamento pois também foram desligados no mesmo dia. Foi disponibilizado um telefone do RH para esclarecer as dúvidas mas ninguém soube informar com precisão o que queríamos saber (os motivos). Alguns colegas desligados não receberam o telegrama/SMS e tiveram que descobrir ligando no RH. Ser desligado por TELEGRAMA e SMS é o fim do mundo !!! SIMPLESMENTE LAMENTÁVEL !!!

Anônimo disse...

Todo meu percurso na Redecard é formado por coisas pequenas para uns e demasiadamente grandes para mim, qdo ingressei na mesma foi-me ofertado um salário interessante onde as metas sendo batidas eu chegaria triplicar esse salário, após o meu ingresso td modificou, o vinho tornou-se vinagrete azedo, com 29 anos de idade vi pela primeira vez obrigado a fazer empréstimo para sanar despesas pessoais pois mesmo a variável ter encurtado eles não a pagavam corretamente, o RH nunca soube responder com exatidão o porque disso.

Yamaguti, vc fez o certo da maneira errada, enxugar a folha de pagamento e diminuir custos é uma pratica legal e honrosa a toda empresa q visa lucros, ingressar numa empresa como PRESIDENTE aclamando a todos como necessários, fazendo discursos de comprometimento, ofertando possibilidades futuristas de ganhos melhores e possíveis promoções vindouras é louvável, DEMITIR MAIS DE 400 COLABORADORES DO SERVICING, O RH NÃO RESPONDENDO NEM NOS AUXILIANDO DE MANEIRA ADEQUADA ''É DE ERRADO?''.

Muito boa sorte aos que ficaram e mais sorte aos que estão a procura de recolocação profissional.

Anônimo disse...

Também fui demitida!

A Redecard perdeu sua identidade, tomam decisões a toque de caixa, navegam sem rumo. Não há objetivos nem planejamento estratégico.

O mais fantástico é que uma empresa que quer brigar pela ponta tem ações que fazem-na ficar em último lugar sempre! A Cielo sempre a supera (não é à toa que a propaganda deles cita "nada supera esta máquina").

Até hoje, passados 47 dias do dia "D", onde mais de 300 funcionários foram demitidos, minha homologação e de outras dezenas ainda não foi realizada. Quem paga juros do banco e minhas contas em atraso, já que não posso sacar FGTS nem dar entrada no seguro desemprego?

Duvido muito, sr Claudio Yamaguti, que a empresa sob seu comando chegará a algum lugar. Mais certo é que todas as ações que estão tomando, norteadas por esta "excelente consultoria" Galeazzi, acabem de vez por colocá-los como a pior adquirente brasileira!

Anônimo disse...

Realmente o Sr Claudio Yamaguti faz o papel do seu antecessor e imcompetente Roberto Medeiros comn sua cruzada anti custos... só no dia 03.10 foram mai 300 demissões alem das 400 do mes anterior...todo o serviço foi passado para a Tivit...lógico que terceirizando o serviço, a prestação do mesmo que já era um " lixo" ficou pior ainda....como sempre esta é a mentalidade de banqueiro brasileiro neste país lucro...lucro...lucro...( Itau que agora é o dono da empresa praticamente ).....Tomara que a Cielo arrebente esta empresa e coloque ela na falência....fui um ddos demitidos à 02 anos e depois que o Itau assumiu ficou ainda pior e vai ficar cada vez mais...VIVA A CIELO !!!!!!!