23/07/2011

Transpetro exige acordo assinado para retirar dutos

Estatal define que obra custa R$ 30 milhões, não vai pagar por ela e cobra agilidade no acerto entre Corinthians e Odebrecht

- O Estado de S.Paulo

Parece que tão cedo a novela Itaquerão não vai acabar. Ontem, pouco mais de 24 horas depois de o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, não ter contido as lágrimas durante a cerimônia que oficializou os incentivos fiscais de R$ 420 milhões ao projeto do estádio, mais uma dor de cabeça passou a incomodar os responsáveis pela obra. A Transpetro informou que a retirada e reposicionamento dos dutos que passam pelo terreno só ocorrerão quando o contrato do clube com a Odebrecht estiver assinado.

A empresa estatal seguiu recomendação do Ministério Público de São Paulo. Quando fez a sugestão à Transpetro, em 15 de junho, o procurador da República José Roberto Pimenta solicitou também que fosse feita avaliação técnica para determinar os custos das obras.

A necessidade de tal pedido foi justificada após o MP verificar diferenças muito grandes entre orçamentos. Enquanto a diretoria corintiana dizia que a remoção dos dutos custaria, aproximadamente, R$ 3 milhões, a Petrobrás entendia que os gastos seriam dez vezes maiores: R$ 30 milhões. Prevaleceu o levantamento da estatal que, desconfia-se, não esteja previsto no orçamento total da obra, calculado em R$ 820 milhões.

De acordo com o diretor de marketing do Corinthians, Luis Paulo Rosenberg, a realocação dos dutos não vai interferir no andamento da obra. "Passa ao lado do canteiro (de obras). As duas tarefas podem ser executadas ao mesmo tempo", explicou o dirigente, que mantém o prazo de 30 meses para a conclusão do Itaquerão. "Teremos um dos melhores estádios do mundo, dentro das normas especificadas pela Fifa. Tudo deve estar pronto até o final de 2013, início de 2014."

Impasse. Enquanto a Transpetro cobra agilidade na assinatura do contrato entre Corinthians e Odebrecht, o mesmo não pode ser dito da diretoria alvinegra. Para Sanchez, o acordo já está definido e amarrado com todos os envolvidos, o que transforma a assinatura apenas em um ato protocolar.

"Para mim, quanto mais tempo levar para assinar, melhor. Ganho mais tempo para conseguir os recursos e começar a pagar", explicou o dirigente. "Está tudo acertado entre as partes. Vamos fazer o estádio para a abertura da Copa do Mundo."

Pressão acionária. Executivos da Petrobrás mostram-se preocupados com a situação. Para parte desse grupo, não faria sentido a empresa bancar o custo do reposicionamento dos dutos, uma vez que se trata de obra que atende exclusivamente o interesse do Corinthians e da construtora do estádio.

Os administrados da empresa argumentam até mesmo a dificuldade que teriam para explicar a saída desse dinheiro durante a assembleia de sócios. / COLABOROU WAGNER VILARON

Fonte: Um Investimentos

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