SÃO PAULO - Ao prever uma recuperação mais célere da economia norte-americana no início do ano, o estrategista-chefe da BlackRock, Bob Doll, mal saberia que esse país passaria por maiores pressões de uma possível recessão. Contudo, ele deu mais sorte ao prever, efetivamente, uma maior tendência de fusões e aquisições, recompras de ações e aumento nos dividendos.
Com pouco menos de três meses para o término do ano, Doll vê possibilidades para que suas previsões sobre o cenário econômico global se confirmem, mas também grande risco de que um aumento de aversão ao risco prejudique sua visão, majoritariamente positivas. Confira as 10 previsões de Bob Doll para o ano:
1) Crescimento norte-americano acelera e o PIB alcança uma nova máxima
Doll ressalta que deverá alcançar apenas a segunda metade da previsão, já que o PIB (Produto Interno Bruto) está somente um pouco abaixo do máximo histórico, alcançado no quarto trimestre de 2007. Já a primeira parte deverá ser impossivel de ser alcançada, visto que a economia norte-americana cresceu 3% em 2010 - algo impensável para 2011.
2) A economia norte-americana cria 2 a 3 milhões de empregos e o desemprego recua dos 9%
Outra previsão que o estrategista deverá acertar pela metade: a taxa de desemprego deverá baixar dos 9%, mas após um período de enfraquecimento dessa tendência, 2 a 3 milhões de novos empregos é díficil. Em todo caso, Bob Doll acredita que deverá haver um aumento na tendência de contratações nos próximos trimestres.
3) Terceiro ano de ganhos de dois dígitos com ações norte-americanas, com resultados corporativos recordes
Enquanto ganhos na casa de dois dígitos é díficil, já que as ações estão, atualmente, em território negativo, os resultados corporativos deverão alcançar cada vez mais recordes, mesmo que o crescimento aparente estar se arrefecendo.
4) Ações performarão melhor que títulos de dívidas
Dessa vez, a previsão parece estar errada, pelo fato de que enquanto os títulos de dívida apresentam algum ganho, mesmo que pequeno, a maioria das ações mostraram perdas.
5) Mercado acionário norte-americano deve performar melhor que outros países desenvolvidos
Doll tem acertado essa, já que o MSCI World Index, que mede a performance dos mercados desenvolvidos, tem registrado queda acima das registradas pela média das ações norte-americanas.
6) Brasil, Estados Unidos e Alemanha performarão melhor que Japão, Espanha, China
Se os EUA superam outros desenvolvidos, a comparação entre os três favoritos com os outros não é positiva. Embora todos estejam registrando quedas, a fraca performance alemã nos últimos meses prejudica o primeiro grupo. "Apenas o tempo vai dizer se essa tendência continua", destaca Doll.
7) Commodities e moedas de emergentes superam dólar, euro e iene
Mais uma previsão prevista pela metade: enquanto as commodities estão mistas em relação ao dólar, com alta do ouro e quedas de petróleo e minério de ferro, a moeda norte-americana registra bom desempenho frente as moedas de emergentes, puxada pela sua caraterística de divisa segura.
8) Aumento nas fusões, aquisições, recompra de ações e dividendos
Nessa previsão Doll parece estar certo. A boa situação financeira das corporações deverá fazer com que essa tendência permaneça, lembra o estrategista.
9) Fluxo deverá ser de mercado de títulos de dívidas para ações
Mais uma previsão errada. Conforme a confiança do investidor piorou, o fluxo monetário passou das ações para títulos de dívidas, sobretudo Treasuries. Se houver um retorno dessa confiança, a tendência se inverte, mas provavelmente não o suficiente para mudar o resultado final.
10) A campanha presidencial dos EUA deverá ver muitos candidatos republicanos e um Obama "centrista"
Aqui, Doll está certo. A retórica de Barack Obama começa a ficar mais combativa, com posições políticas mais centristas, enquanto o número de candidatos do partido republicano continua a crescer.
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