SÃO PAULO – A Moody’s Investors Service rebaixou o rating de crédito soberano da Espanha nesta terça-feira pela terceira vez desde junho de 2010, citando o risco de o país ser tragado pela crise da dívida da zona do euro. A agência rebaixou a nota da Espanha de Aa2 para A1.
Segunda a Moody’s, com esta ação ela conclui a revisão para possível rebaixamento do rating da Espanha iniciado em 29 de julho. Contudo, a agência manteve os ratings em perspectiva “negativa”.
Para a Moody’s, a Espanha “continua vulnerável ao estresse do mercado e a eventos de risco”. “Desde que o rating foi colocado sob revisão no fim de julho de 2011, não surgiu nenhuma solução crível para a atual crise da dívida soberana e levará tempo para que a confiança na coesão política e a perspectiva de crescimento da região sejam plenamente restauradas. Enquanto isso, a imensa necessidade de financiamento soberano da Espanha, assim como o elevado endividamento externo dos bancos e do setor corporativo espanhol, tornam o país vulnerável a um estresse adicional de financiamento”, diz a nota divulgada pela agência.
“A já moderada perspectiva de crescimento econômico para a Espanha foi rebaixada ainda mais diante da piora da perspectiva de crescimento europeu e global, e da difícil situação de financiamento para o setor bancário e seu impacto sobre a economia mais ampla. Especificamente, a Moody’s espera agora que o crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012 seja de 1% na melhor das hipóteses, comparado com a expectativa anterior de 1,8%, com os riscos principalmente no lado negativo”, diz a Moody’s, acrescentando que continua a esperar um ritmo bastante modesto de crescimento, de cerca de 1,5% ao ano, na média, para os próximos anos.
“O crescimento econômico mais lento, por sua vez, tornará o cumprimento das ambiciosas metas fiscais ainda mais desafiadoras para a Espanha. A Moody’s espera que os déficits orçamentários do governo federal fiquem acima das metas tanto neste ano quanto no próximo. Em particular, a Moody’s continua a ter sérias preocupações relacionadas à situação de financiamento dos governos regionais e sua capacidade de reduzir os déficits orçamentários de acordo com as metas”, diz a nota da agência.
A Moody’s diz ainda que manteve o rating da Espanha com perspectiva negativa para “refletir os riscos negativos de uma potencial escalada da crise da zona do euro”. A agência espera que o próximo governo espanhol, que irá emergir das eleições parlamentares da Espanha de 20 de novembro, mostre um forte comprometimento em dar continuidade à consolidação fiscal. “O rating da Espanha enfrentará uma pressão adicional de baixa se esta expectativa não se materializar. Por outro lado, a execução de um plano crível de reforma estrutural e fiscal de médio prazo, combinado com uma solução convincente para a crise da zona do euro, levariam o rating a voltar para uma perspectiva estável”, diz a nota.
(Suzi Katzumata | Valor)
Nenhum comentário:
Postar um comentário