O dia transcorria mais ou menos tranquilo até o meio da tarde, com China e Grécia no radar nesta volta do feriado norte-americano,
quando a Moody's rebaixou o rating de Portugal para junk (grau especulativo), dando como justificativa o risco de o país precisar de um
segundo resgate financeiro. O efeito negativo foi instantâneo, com os investidores redobrando a cautela nesta semana de payroll
(sexta-feira) e que antecede a temporada de balanços norte-americanos do segundo trimestre. As bolsas intensificaram as perdas, com
exceção da praça europeia, que já havia fechado sem direção. O dólar acelerou a alta frente ao real, se ajustando ao movimento da
moeda no exterior e às declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que acenou com a possibilidade de novas medidas
cambiais. O sentimento de que o governo não deve assistir de braços cruzados a apreciação do real e mais a queda ininterrupta do dólar
nos últimos seis pregões atraíram compras. A moeda à vista fechou em alta de 0,77%, valendo R$ 1,5650 no balcão. Nos EUA, o índice
S&P 500 e o Dow Jones ampliaram as perdas, mas acabaram encerrando o dia com variações negativas modestas. Já a Bolsa
brasileira, que vinha passando por um movimento de correção de preços desde a abertura após seis dias de ganhos, renovou as
mínimas, porém respeitando os 63 mil pontos. O Ibovespa cedeu 1,33%. As taxas de juros na BM&F apresentaram ligeira alta no final do
dia, especialmente na parte intermediária e longa da curva, com os investidores em compasso de espera pelo IPCA de junho, que sai
nesta quinta-feira.
CÂMBIO
BOLSA
JUROS
CÂMBIO
Os investidores globais realizaram lucros recentes nas Bolsas e compraram dólares hoje, diante da cautela renovada com China, Europa
e EUA. O aviso logo cedo do ministro da Fazenda brasileiro, Guido Mantega, reiterando preocupação do governo com a valorização do
real, reacendeu expectativas de alguma ação mais contundente no câmbio e provocou ajustes de posições à vista e no mercado futuro. A
agenda europeia e norte-americana carregada esta semana estimulou também a postura defensiva nos negócios.
Assim, após cair 3,18% nas seis sessões anteriores e atingir o menor valor em 12 anos, o dólar à vista oscilou o dia todo com sinal
positivo e fechou com ganho de 0,77%, a R$ 1,5650 no balcão. Na BM&F, o dólar pronto terminou em alta de 0,71%, cotado a R$
1,5645. O giro financeiro registrado pelo Banco Central somou US$ 1,843 bilhão (51% superior ao da véspera, quando o feriado nos
EUA encolheu a liquidez local), dos quais US$ 1,717 bilhão em D+2.
No mercado futuro, o dólar para agosto de 2011 encerrou em alta de 0,83%, cotado a R$ 1,5740, com um volume financeiro de US$
17,985 bilhões ou 277% acima do giro anterior e 15% superior ao volume de sexta-feira. No total, o giro com os cinco vencimentos de
dólar negociados, todos em alta, somou US$ 18,214 bilhões.
Apesar do alerta de Mantega, o Banco Central fez somente um leilão de compra de moeda à vista hoje e definiu a taxa de corte em R$
1,5644, levemente acima da cotação à vista do dólar naquele momento, de R$ 1,5640. Nas sessões anteriores, a autoridade monetária
vinha fazendo dois leilões diários. Segundo um operador de um banco, a correção do dólar não refletiu fluxo cambial negativo, mas
ajustes de posições compradas por precaução, após as declarações de Mantega em meio à piora do ambiente externo. A taxa do
cupom cambial "fechou", passando de 4,54% ontem para cerca de 3,56% hoje, o que sugere um fluxo favorável, explicou a fonte.
Após participar hoje, em Londres, de um seminário sobre as oportunidades de investimentos no Brasil, Mantega disse a jornalistas que
"medida cambial a gente não antecipa, a gente anuncia" e lembrou que o governo já agiu no mercado spot e no futuro e poderá voltar a
adotar novas ações. Para o ministro, o movimento de valorização do real esta ligado à estratégia monetária registrada nos países
desenvolvidos. "O QE2 (sigla em inglês para desaperto quantitativo) acabou, mas ainda existe expansão monetária", afirmou. Em outra
entrevista ao jornal Financial Times, Mantega afirmou que a guerra cambial "realmente não acabou". Segundo ele, o grupo das 20
maiores economias do mundo (G-20) ainda está muito longe de chegar a um acordo sobre novas diretrizes para o gerenciamento do
câmbio, citando "disputas entre países" como os EUA e a China.
Já o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, fez um alerta às empresas brasileiras para que elas não se exponham demais ao
dólar. Tombini lembrou que o regime cambial no Brasil é flutuante e que, por isso, não se pode supor que a moeda norte-americana cairá
indefinidamente. "É importante que o setor privado esteja atento à questão do hedge (proteção) de suas operações", disse Tombini, que
participou de audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Ele destacou que o governo vem tomando
medidas para conter os excessos de fluxos de moeda estrangeira para o Brasil e que, a partir das medidas tomadas, neste ano há uma
melhor composição dos fluxos, com maior presença de investimento estrangeiro direto (IED), que são voltados em tese para o setor
produtivo - cerca de 60% do total - do que de demais fluxos (como investimentos em títulos e ações).
No exterior, os investidores ficaram na defensiva ante a possibilidade de um novo aperto monetário na China por causa da inflação e a
exposição de bancos a governo provinciais chineses acima do esperado. As incertezas sobre a rolagem da dívida grega e o
rebaixamento ao nível de junk do rating da dívida do governo de Portugal pela Moody´s, além de indicadores de atividade fracos da zona
do euro, sustentaram ainda o desconforto com a Europa. Os preços dos contratos de swap de default de crédito (CDS, na sigla em
inglês) de Portugal - espécie de seguro de um bônus contra um eventual calote - atingiram 775 pontos-base, uma alta de 24 pontos-base
sobre os níveis de segunda-feira, ou US$ 24 mil extras no custo anual para proteger um bônus de US$ 10 milhões contra eventual default
por cinco anos. Nessa pontuação, os CDS implicam uma probabilidade cumulativa de 49% de default em cinco anos, segundo a
fornecedora de dados Markit.
Na zona do euro, a atividade do setor privado se desacelerou fortemente em junho, à medida que a Itália e a Espanha caíram novamente
em contração. Na Alemanha e França, a atividade do setor privado também ficou aquém das expectativas no mês passado e as vendas
no varejo na zona do euro também desapontaram.
Nos EUA, as encomendas à indústria subiram em maio, em um sinal de que o setor de manufatura está crescendo, mas a alta foi menor
do que a prevista. Houve aumento de 0,8% nas encomendas em comparação com abril, para US$ 445,29 bilhões, segundo o
Departamento do Comércio. Economistas ouvidos pela Dow Jones esperavam avanço de 1,0%.
Para amanhã, a agenda da Europa traz como destaque a revisão final do Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro no primeiro
trimestre e a reunião do ministro de Finanças da Alemanha, Wolfgang Schaeuble, com o ministro de Finanças da Grécia, Evangelos
Venizelos, em Berlim. Para quinta-feira, são esperadas as decisões de política monetária do BCE e do Banco da Inglaterra (BOE), além
da reunião de ministros de Finanças de Alemanha e França, para discutir um plano para rolagem da dívida da Grécia. A sugestão da
França para solucionar os problemas da Grécia não inclui um default do país.
Nos EUA, são esperados amanhã os dados do Instituto para Gestão de Oferta (ISM) sobre a atividade do setor de serviços do país e os
números do mercado de trabalho do setor privado em junho, que antecedem os dados do payroll, na sexta-feira.
Em Nova York, às 18h27, o euro recuava a US$ 1,4426, de US$ 1,4541 ontem. O dólar subia a 81,08 ienes, de 80,77 ienes na véspera,
e valia 0,8412 franco suíço, de 0,8475 franco suíço ontem.(Silvana Rocha)
18:48
Dólar (spot e futuro)
Último
Var. %
Máxima
Mínima
Dólar Comercial (Balcão)
1.56500
0.77
1.56700
1.55800
Dólar Comercial (BM&F)
1.56450
0.71
1.56570
1.56000
DOLFUTQ11
1574.00
0.83
1575.00
1565.00
DOLFUTU11
1585.00
0.63
1585.50
1580.00
Volta
BOLSA
A terça-feira tinha tudo para ser apenas um dia de realizar um pouco dos lucros acumulados - quase 5% em seis pregões - e aguardar os
indicadores fortes previstos para os próximos dias. Mas a agência de classificação de risco Moody's rebaixou de uma só vez quatro
graus da nota de Portugal e deixou os investidores mal humorados. As bolsas que estavam abertas renovaram as mínimas, mas a
Bovespa ainda conseguiu se segurar nos 63 mil pontos.
O Ibovespa encerrou a terça-feira com perda de 1,33%, aos 63.038,81 pontos. Na mínima, registrou 63.030 pontos (-1,35%) e, na
máxima, o 63.886 pontos (-0,01%). No mês, acumula ganho de 1,02% e, no ano, queda de 9,04%. O giro totalizou R$ 4,980 bilhões.
Os investidores nem bem tiraram o bode grego da sala e a Moody's já apresentou o substituto. No meio da tarde, anunciou o
rebaixamento do rating da dívida soberana de longo prazo de Portugal para Ba2, de Baa1, atribuindo perspectiva negativa ao novo
rating. A classificação da dívida de curto prazo de Portugal foi rebaixada para "(P) Not Prime", de "(P) Prime-2".
A agência justificou com "o risco crescente de que Portugal vá requerer uma segunda rodada de financiamento oficial antes que possa
voltar ao mercado privado, e a possibilidade crescente de que a participação de credores do setor privado seja requerida como
precondição", além das preocupações de que Portugal não vá cumprir totalmente as metas de redução e de estabilização de dívida
estabelecidas em seu acordo de crédito com a União Europeia e o FMI, devido aos desafios na redução dos gastos e da evasão de
impostos, bem como da recuperação do crescimento econômico e no apoio ao sistema bancário.
Hersz Ferman, da Yield Capital, lembrou que antes da Moody's o mercado doméstico já estava fraco, em linha com o S&P, e carente de
dinheiro. "Na semana passada, a Bovespa já decepcionou quando comparada com o restante do mundo. Falta investidor estrangeiro. O
humor segue ruim para o Brasil por causa da inflação". Ele lembrou ainda que quando a urgência da Grécia saiu de cena, os investidores
continuaram batendo no Brasil, que, antes de melhorar, agora tem pela frente o agravante de Portugal.
Diante das incertezas, os analistas começam a recalcular suas projeções para o Ibovespa neste ano, que, agora, deve apenas ter uma
recuperação, já que as perdas acumuladas beiram os 9%. A Socopa, por exemplo, projeta 72 mil pontos para o índice em dezembro,
ante 80 mil pontos projetados antes.
As bolsas da Europa fecharam antes do rebaixamento e terminaram sem uniformidade, pressionados pela China e pela expectativa com
os dados do mercado de trabalho nos EUA. Em Lisboa, o PSI 20 teve queda de 0,69%, para 7.348,65 pontos. O ASE, da Bolsa de
Atenas, perdeu 1,39%, para 1.288,32 pontos. Em Milão, o índice FTSE MIB caiu 0,97%, para 20.277,52 pontos. O IBEX 35, da Bolsa de
Madri, recuou 1,32%, para 10.330,10 pontos. Nos os principais mercados, o FTSE-100 da Bolsa de Londres avançou 0,11%, para
6.024,03 pontos. Em Paris, o CAC 40 perdeu 0,61%, para 3.978,83 pontos. Na Bolsa de Frankfurt, o Xetra DAX fechou em baixa de
0,05%, a 7.439,44 pontos.
Também pesou sobre as bolsas a preocupação com a saúde da economia da zona do euro após dados mostrarem que as vendas no
varejo nos países do bloco monetário encolheram 1,1% em maio na comparação com abril. Foi a maior queda mensal desde abril de
2010 e um declínio mais acentuado do que o de 0,8% previsto por economistas. Em relação a maio de 2010, as vendas caíram 1,9%, a
maior queda anual desde novembro de 2009. Outro relatório mostrou que, em junho, a atividade do setor privado da zona do euro se
desacelerou fortemente. O índice dos gerentes de compra (PMI, na sigla em inglês) composto da zona do euro caiu para 53,3 em junho,
de 55,8 em maio, segundo a Markit. As previsões eram de que o PMI composto ficasse em 53,6.
Para justificar a mudança de humor não faltaram razões, e também é possível jogar na conta o aumento abaixo do previsto das
encomendas à indústria dos EUA, de 0,8% em maio, ante previsão de +1%. As bolsas norte-americanas, no entanto, se seguraram bem
e, após um momento de estresse pós-rating português, conseguiram fechar praticamente no zero a zero.
Dow Jones caiu 0,10%, aos 12.569,87 pontos, S&P perdeu 0,13%, aos 1.337,88 pontos, e Nasdaq avançou 0,35%, aos 2.825,77
pontos. Na Nymex, o contrato do petróleo com vencimento em agosto subiu 2,05%, para US$ 96,89. Os metais também fecharam em
alta, apesar de a China voltar ao radar dos investidores diante das preocupações de que novas altas de juros sejam praticadas pelo país.
Ontem, o Banco do Povo da China divulgou comunicado na qual afirmou que a pressão inflacionária ainda está muito alta. Hoje,
entretanto, Jiao Jinpu, acadêmico do departamento de graduação do PBoC, afirmou que o banco central não tem muito espaço
disponível para promover novos apertos monetários por meio da elevação da taxa de depósito compulsório, que sofreu seis aumentos no
ano passado e outros seis neste ano. Ele também disse que talvez não haja uma elevação da taxa básica de juros tão cedo quanto o
mercado espera.
Ainda assim, os receios com um novo aperto monetário na China prejudicaram os papéis de empresas do setor de mineração pelo
mundo. No Brasil, Vale devolveu parte dos ganhos das últimas sessões ao cair 2,01% na ON e 1,53% na PNA. O setor siderúrgico
também teve perda forte: Gerdau PN, -2,28%, Metalúrgica Gerdau PN, -1,40%, Usiminas ONA, -1,69%, e CSN ON, -1,02. Petrobras ON
terminou em baixa de 0,91% e PN, de 1,01%.
Mas foi o setor de construção civil que liderou as perdas do Ibovespa. Rossi ON caiu 4,56%, na liderança do índice, seguida por BrT PN
(-3,82%) e MRV ON (-3,79%). Bisa ON, -3,15%, e PDG ON, -3,10%. A projeção de alta da Selic, que afeta a renda variável como um
todo ao atrair o investidor para a renda fixa, penaliza ainda mais os setores que necessitam de crédito.
Na outra ponta, lideraram as altas TAM PN (+4,56%), All ON (+1,57%) e Gol PN (+1,20%).
Pão de Açúcar PN terminou com queda de 1,93%, a R$ 70,70. O Casino repete que não abrirá mão do seu direito de assumir o controle
da empresa em 2012. No próximo dia 2 de agosto, o conselho da Wilkes Participações, que controla a Companhia Brasileira de
Distribuição (CBD, o Grupo Pão de Açúcar), terá reunião para discutir a fusão. A reunião foi convocada por Abílio Diniz, presidente do
conselho de administração, a pedido do acionista francês Grupo Casino, que controla a Wilkes juntamente com a família Diniz.
O repórter Fabio Alves apurou que um veto final do Casino à proposta de fusão entre Pão de Açúcar e Carrefour deverá deflagrar uma
rodada de revisão nas estimativas de preços e na recomendação da ação preferencial da rede varejista brasileira por corretoras e
bancos de investimentos. Há analistas que preveem que as ações podem cair até 20% se ficar claro que o grupo varejista francês
Casino irá barrar a operação. (Claudia Violante)
18:48
Índice Bovespa
Pontos
Var. %
Último
63038.81
-1.33
Máxima
63886.43
-0.01
Mínima
63030.22
-1.35
Volume (R$ Bilhões)
5.03B
Volume (US$ Bilhões)
3.21B
18:48
Índ. Bovespa Futuro
INDFUTQ11
Var. %
Último
63760
-1.44
Máxima
64665
-0.04
Mínima
63690
-1.55
18:48
Ações
Últ.
Var.%
Ações
Últ.
Var. %
TELEMAR PN ED
23.55
-2.08
VALE PNA N1
46.26
-1.68
PETROBRAS PN
23.42
-1.6
BRADESCO PN EDJ N1
32.00
-0.78
EMBRATEL PAR PN *
9.55
-3.44
ELETPNB EJ N1
25.68
-1.42
USIMINAS PNA N1
13.91
-2.18
SID NACIONAL ON
19.31
-1.23
VIVO PN
71.80
07/06
CEMIG PN N1
31.15
-1.58
Volta
JUROS
A curva a termo de juros futuros acumulou prêmios na parte final dos negócios, especialmente na parte intermediária e longa, uma vez
que os DIs curtos ficaram perto do ajuste. A explicação encontrada por operadores para este movimento está na alta das commodities e
no conturbado cenário externo. No âmbito doméstico, os agentes continuam em compasso de espera pelo IPCA de junho, na quinta-feira.
Hoje, nem o Índice de Preços ao Produtor (IPP) negativo em maio ou o discurso do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini,
fizeram preço.
O DI para outubro (164.320 contratos) marcou 12,38%, de 12,37% no ajuste. O DI janeiro de 2012, com giro de 165.975 contratos, ficou
em 12,47%, ante 12,46%. O janeiro de 2013 (164.770 contratos) subiu de 12,64% para 12,67%. Nos longos, o DI janeiro de 2017
(21.355 contratos) apontou 12,31%, ante 12,26% ontem, enquanto o janeiro de 2021 (3.635 contratos) subiu a 12,18%, de 12,13%.
"A parte final da semana deve ser mais emocionante, com IPCA e indicadores externos mais relevantes, como o payroll na sexta-feira",
avaliou o gerente de renda fixa da Leme Investimentos, Paulo Petrassi. Segundo ele, o discurso de Tombini na Comissão de Assuntos
Econômicos (CAE) do Senado foi bom, mas não trouxe nada que pudesse fazer preço.
O presidente do BC voltou a mostrar confiança nos instrumentos tradicionais da política monetária, nas ações prudenciais e na política
fiscal para o controle da inflação, mas também chamou a atenção para os riscos de convergência dos preços. Ele disse, por exemplo,
que o comportamento da inflação de serviços tem ficado em "nível elevado" e acima da inflação cheia. Por outro lado, argumentou que a
política monetária vai atingir sua máxima potência no terceiro e quarto trimestres e que o período mais difícil de combate à alta de preços
será até agosto, quando a inflação acumulada em 12 meses deve começar a apontar para baixo.
Até mesmo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, defendeu o controle de preços. Em Londres, ele afirmou que a economia brasileira
está desacelerando e que o próximo IPCA virá "baixo e seguirá baixo pelos próximos meses". Ao ser questionado se esse processo de
desaceleração era suficiente para impedir novas altas de juros, Mantega afirmou que "o BC fará o que for necessário para manter a
inflação sob controle".
No que diz respeito aos preços, o IPP, que por ser muito recente é colocado em segundo plano pelo mercado, mostrou deflação de
0,55% ante abril, segundo o IBGE. Além disso, o dado de abril foi revisado em baixa, com uma alta de 0,28% ante a leitura original de
+0,34%. Segundo o IBGE, o IPP de maio é o menor da série desde março de 2010, quando caiu 0,16%. Até maio, o IPP acumula altas
de 1,13% no ano e de 5,6% nos últimos 12 meses.
No exterior, o rebaixamento do rating de Portugal pela Moody's em quatro degraus aprofundou a aversão ao risco, mas não foi o
suficiente para tirar prêmios da curva de juros local. "O rebaixamento não gerou queda dos ativos. Isso ajudou a segurar prêmios na
curva", resumiu um profissional de renda fixa. As commodities metálicas subiram, com o cobre para três meses negociado em Londres
em alta de 0,8%. O petróleo WTI para agosto avançou 2,05%, a US$ 96,89 por barril na Nymex. As matérias-primas tiveram suporte do
fortalecimento do dólar e até do indicador abaixo do previsto nos EUA. As encomendas à indústria norte-americana subiram 0,8% em
maio, ante projeções de +1%.
Os CDS de Portugal já mostravam muito mais risco do que a nota dada pelas agências, lembrou o economista-sênior do Besi Brasil,
Flávio Serrano. Antes do rebaixamento, os CDS de Portugal já haviam atingido 775 pontos-base, uma alta de 24 pontos-base sobre os
níveis de segunda-feira. Em 775 pontos-base, os CDS implicam um rating CCC - abaixo, portanto, do concedido pela Moody´s - e uma
probabilidade cumulativa de 49% de default em cinco anos, segundo a fornecedora de dados Markit.
A Moody's rebaixou o rating da dívida soberana de longo prazo de Portugal de Baa1 para Ba2 e atribuiu perspectiva negativa ao novo
rating. A classificação da dívida de curto prazo de Portugal foi rebaixada para "(P) Not Prime", de "(P) Prime-2". Segundo a agência,
entre os fatores que levaram ao rebaixamento com perspectiva negativa estão "o risco crescente de que Portugal vá requerer uma
segunda rodada de financiamento oficial antes que possa voltar ao mercado privado, e a possibilidade crescente de que a participação
de credores do setor privado seja requerida como precondição".
Na Europa, a Grécia também continua no radar. Amanhã, o novo ministro de Finanças da Grécia, Evangelos Venizelos, vai se reunir com
o colega alemão, Wolfgang Schaeuble, em Berlim. Também nesta quarta-feira, os grandes bancos da zona do euro farão uma reunião
em Paris sobre os termos da participação dos investidores na reestruturação da dívida soberana da Grécia.
Enquanto isso, os indicadores de atividade na zona do euro continuam fracos. A atividade do setor privado da região se desacelerou
fortemente em junho. O índice dos gerentes de compra (PMI, na sigla em inglês) composto da zona do euro caiu para 53,3, de 55,8 em
maio. As vendas no varejo na região caíram 1,1%, em volume, em maio ante abril, a maior queda mensal desde abril de 2010.
E até a China começa a preocupar mais. Já há uma expectativa de novo aperto monetário nos próximos dias e, hoje, a Moody's alertou
sobre a escalada da dívida de governos locais. A agência diz que um órgão governamental chinês subestimou os empréstimos bancários
para os governos locais em cerca de US$ 540 bilhões. A Moody's intensificou seus alertas de que a escala de tais empréstimos pode
representar uma ameaça para os bancos da China e avisou que pode mudar para negativa a sua perspectiva de crédito do sistema
bancário chinês.
Na quinta-feira, além do IPCA a ser divulgado pelo IBGE, a FGV anuncia o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) de
junho, que deverá ficar entre -0,27% e zero, de acordo com levantamento do AE Projeções. A mediana calculada para o indicador ficou
em -0,15%. (Márcio Rodrigues)
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