11/10/2011

Dexia terá € 90 bilhões em garantias estatais

 

Por Philip Blenkinsop e Robert-Jan Bartunek | Reuters, de Bruxelas

O grupo franco-belga Dexia concordou com a nacionalização de sua divisão bancária na Bélgica e obteve € 90 bilhões em garantias estatais dentro de um resgate que pode pressionar outros governos da zona do euro a fortalecer seus bancos.

A Bélgica pagará € 4 bilhões para comprar o Dexia Bank Belgium, que tem 6 mil funcionários e depósitos no total de € 80 bilhões e 4 milhões de clientes.

O Dexia também obteve garantias estatais de até € 90 bilhões para conseguir financiamento nos próximos 10 anos. A Bélgica fornece 60,5%, a França, 36,5% e Luxemburgo, 3%.

O Dexia também está em conversações para vender sua unidade em Luxemburgo. Uma autoridade do governo de Luxemburgo disse que membros da família real do Qatar estão prontos para comprar o negócio, com o Estado assumindo uma participação minoritária.

O futuro dos demais negócios do Dexia continua incerto, incluindo sua participação na divisão de empréstimos turco Denizbank e o RBC Dexia Investor Services.

A negociação das ações do Dexia, que foi suspensa na quinta-feira à tarde, foi retomada ontem.

O anúncio do acordo de resgate foi feito após uma reunião do conselho do banco que durou 14 horas. França, Bélgica e Luxemburgo chegaram a um acordo sobre um plano de resgate.

Os governos correram para salvar o Dexia, o primeiro banco a sucumbir à crise de dívida da zona do euro, que já dura dois anos, já que a crise de crédito o impediu de ter acesso a recursos e derrubou suas ações em 42% na semana passada.

"Encontramos um acordo com uma divisão justa dos custos relacionados à administração", disse o primeiro-ministro belga, Yves Leterme.

A Bélgica tinha uma relação dívida/Produto Interno Bruto (PIB) de 96,2% no ano passado, abaixo, dentro da zona do euro, de apenas de Grécia e Itália.

O ministro das Finanças, Didier Reynders, disse que o resgate não deve elevar a dívida belga para acima de 100%.

Do lado francês, o ministro das Finanças, François Baroin, disse em uma entrevista na TV que o resgate não deve ter impacto na classificação de risco de crédito "AAA" do país, já que a nação está apenas contribuindo com garantias e não com recursos diretos.

Baroin também disse que o Dexia é um caso único e que não serão necessários outros pacotes para bancos franceses.

A Moody's confirmou que o resgate não deve ter impacto, por ora, na nota da França, que segue com perspectiva estável.

O Dexia viu suas fontes de crédito secarem em meio à crise de dívida soberana da zona do euro e o problema foi exacerbado pela forte exposição da instituição a títulos da Grécia.

O Dexia tem uma exposição a risco de crédito global de US$ 700 bilhões, mais de duas vezes o PIB grego.

O conselho do banco instruiu o presidente-executivo da instituição a procurar apoio do banco francês estatal Caisse des Depots. Um consórcio do CDC e do La Banque Postale asseguram o financiamento de entidades públicas na França.

 

 

 

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