06/10/2011

Mercado se enche de esperança e bolsa sobe

Por Daniele Camba

Uma simples sinalização já é suficiente para fazer a alegria dos investidores, embora de forma comedida. Ontem, mais uma vez, os agentes resolveram apostar que haverá um socorro aos bancos europeus recheados de títulos gregos. Mas note bem: não houve nada de concreto, apenas rumores. Isso bastou, no entanto, para que os aplicadores fossem às compras atrás de ganhos de curto prazo.

As autoridades europeias tentaram manter as expectativas positivas de um salvamento das instituições financeiras, mas ainda com muito discurso e nada de prática. A chanceler alemã Angela Merkel disse que pode apoiar um amplo movimento europeu de recapitalização dos bancos da região, obviamente se isso for de fato necessário.

Investidor espera rápido socorro aos bancos europeus

Merkel não fez essas afirmações por livre e espontânea vontade. Elas ocorreram depois de o Fundo Monetário Internacional (FMI) pedir que a Europa coloque bilhões de euros nos maiores bancos da região.

É importante o investidor ter em mente que os governos europeus já estão há algum tempo prometendo ajuda à Grécia, mas que até agora não passou de blá, blá, blá. Isso significa que, se os governos adiam o quanto podem o socorro a um outro país da zona do euro, o que dizer de bancos privados?

Feita a ressalva, além das afirmações da chanceler alemã, os investidores se animaram com a notícia divulgada pelo "Financial Times" de que os ministros de Finanças da União Europeia pediram ao órgão regulador dos bancos que, depois de tantas perdas com títulos públicos gregos, faça novos testes de estresse atestando a saúde das instituições financeiras da regão.

Munidos de toda esperança possível tanto com relação aos bancos quanto dos países europeus, os investidores se animaram em comprar ações. O Índice Bovespa passou boa parte do dia em queda, mas teve força suficiente para mudar de direção, fechando em alta de 0,65%, aos 51.103 pontos.

 

Para o diretor de uma corretora, mesmo contra vontade, será inevitável os países da zona do euro em situação mais confortável, como a Alemanha, colocarem a mão no bolso para socorrer as nações combalidas, como a Grécia, e os bancos entupidos de papéis dessas nações. "Não é interessante pra ninguém que países ou instituições financeiras europeias quebrem, deixando a regão inteira em maus lençóis", diz o diretor

O desempenho da bolsa ontem só não foi melhor porque as ações da Petrobras figuraram entre as maiores quedas. As preferenciais (PN, sem direito a voto) caíram 1,83% e as ordinárias (ON, com direito a voto) se desvalorizaram 1,68%.

Daniele Camba é repórter de Investimentos

E-mail daniele.camba@valor.com.br

 

 

 

Nenhum comentário: