Autor(es): Por Angela Bittencourt | De São Paulo |
Valor Econômico - 19/10/2011 |
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O Banco Central (BC) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) enfrentam um desafio ímpar: punir os eventuais responsáveis por manipulações no mercado de juros na última semana de agosto, se elas de fato ocorreram, com o cuidado de evitar qualquer benefício involuntário a quem pode estar torcendo por essa punição em meio a mais uma decisão sobre o juro básico do país. A penúltima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do ano termina hoje. E, prevalecendo a expectativa da maioria das instituições financeiras, a taxa Selic cairá em mais 0,50 ponto percentual, para 11,50%. Apesar da projeção majoritária de reprise do corte da Selic neste mês, a temperatura vem subindo no mercado de juro. Após a surpresa da decisão do Copom em 31 de agosto, quando reduziu a taxa básica em 0,50 ponto sem que o ciclo de alívio monetário fosse precedido de uma parada técnica, o mercado se acomodou até a semana passada. Rumores sobre movimentações indevidas no mercado de juros acabaram confirmadas pela CVM na sexta-feira, que reiterou "não comentar investigações em curso". Ontem foi a vez de o BC se manifestar. Em nota à imprensa, a instituição esclareceu que a meta da taxa Selic somente é discutida em reunião reservada no segundo dia de encontro e fixada por maioria de votos dos membros do Copom. "A decisão é imediatamente informada a toda a sociedade, por meio de nota publicada no sítio do Banco Central na internet e no Sistema de Informações do Banco Central (Sisbacen). Assim, não é possível o conhecimento prévio da decisão", afirma a nota. Em documento especial sobre o processo de decisão do Copom, divulgado em 2007, o BC ressalta que "na condução da política monetária no Brasil, à semelhança do que acontece em qualquer outra importante economia de mercado, o exercício do julgamento é fundamental. Por mais informativos que sejam, modelos serão sempre uma aproximação da complexa realidade macroeconômica. Nesse sentido, é importante que projeções de inflação, indicadores antecedentes e todos os demais instrumentos de análise utilizados pelo Comitê sejam combinados com o julgamento dos membros do Copom. Essa avaliação qualitativa possibilita a ampliação do universo de análise, ao viabilizar a incorporação, ao cenário econômico, de elementos que não são capturados diretamente pelos modelos ou pelos indicadores". O BC acrescenta que, entre esses elementos, incluem-se julgamentos subjetivos sobre a natureza (temporária ou persistente) e a intensidade de choques que atingiram ou potencialmente atingirão a economia. |
19/10/2011
Saia justa de BC e CVM às vésperas do Copom
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