18/07/2011

Comentário semanal: Ibovespa recua 3,31% e se mantém na mínima do ano

SÃO PAULO - Em semana marcada pela preocupação do mercado acerca da
crise fiscal na Zona do Euro, pelo início do período de divulgação dos
resultados corporativos trimestrais nos EUA, além da afirmativa do
presidente do Fed, Ben Bernanke, de que não vê a possibilidade de
novos estímulos econômicos para o país, o Ibovespa registrou queda de
3,31% na semana - pior semana desde final de janeiro desse ano -,
fechando esta sexta-feira (15) aos 59.478 pontos, seu menor patamar
desde 25 de maio de 2010.

As ações da GOL (GOLL4) registraram queda de 11,63% na semana,
terminando a semana cotadas a R$ 17,47 cada. O papel teve como
principais drivers na semana a compra da Webjet, quarta maior
companhia aérea brasileira, a revisão negativa no rating corporativo
da GOL pela Moody's e os dados operacionais da companhia no mês de
junho, onde se apurou uma perda no market share no segmento
internacional.

Já as ações BRF Foods (BRFS3) fecharam esta semana como principal
destaque positivo dentre os papéis que compõem o benchmark, acumulando
alta de 17,20%, encerrando o pregão desta sexta-feira cotadas a R$
29,50 cada. Repercutiu para esse movimento positivo a aprovação do
Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) - com algumas
restrições - da fusão das marcas Sadia e Perdigão, processo que teve
início no ano de 2009 e deu origem à Brasil Foods.

Petro e Vale
Os papéis da Petrobras (PETR4, -1,92%; PETR3, -2,12%) fecharam esta
semana no campo negativo. Na segunda-feira (11), a estatal brasileira
negou "com veemência" as insinuações de favorecimento ilícito à
empresa Manchester, em licitação de R$ 300 milhões para a prestação de
serviços na Bacia de Campos, denunciadas pelo jornal "O Estado de São
Paulo" no último domingo.

As ações da Vale (VALE3, -0,98%; VALE5, -0,48%) também encerram a
semana em queda. A companhia anunciou que desistiu da aquisição da
Metorex, afirmando que não tem intenções de igualar a oferta
apresentada na última semana pelo Jinchuan Group, da China. Além
disso, a agência de classificação de risco Fitch afirmou o rating de
dívida da Vale em BBB+, e concedeu a mesma nota ao IDR (Rating de
Probabilidade de Inadimplência do Emissor) em moeda local e
estrangeira.

Ainda no noticiário da mineradora, a companhia assinou um acordo com a
sua subsidiária Vale Fertilizantes (FFTL4) para constituir uma joint
venture com a intenção de explorar o TUF (Terminal Portuário da
Ultrafértil), em Santos, que movimenta enxofre, amônia e
fertilizantes.

Zona do Euro em foco
Após Grécia e Portugal ganharem destaque nos debates sobre a crise
fiscal na Europa, a Itália foi o foco da semana, devido às incertezas
sobre a efetividade do plano de austeridade italiano lançado em 2010.
Apesar dos líderes da União Europeia terem acenado por um fundo de
resgate mais flexível para auxiliar os países devedores da região, os
investidores demonstraram estar preocupados com a deterioração da
situação econômica na Zona do Euro.

Entretanto, na quarta-feira (13), o governo da italiano chegou a um
consenso sobre um novo plano de austeridade no valor de € 47 bilhões,
fato bem recebido pelo mercado, com queda na percepção de risco sobre
a possibilidade de contágio de economias centrais da Zona do Euro.
Ainda na Itália, houve a captação de cerca de € 5 bilhões com a venda
de títulos com vencimento entre 5 e 15 anos, registrando aumento do
juro exigido pelo mercado apesar da maior procura pelos papéis.

Já na sexta-feira, foi realizado o teste de estresse com 90 bancos de
21 países da União Europeia, o qual mostrou que oito instituições
financeiras foram reprovadas, resultando em um déficit de € 2,5
bilhões, segundo a EBA (European Banking Authority).

Rebaixamento de ratings na Europa
A agência de classificação de risco Fitch reduziu o rating para os
títulos de longo prazo do governo grego, na quarta-feira, de B+ para
CCC, com perspectiva negativa. No dia anterior, a Moody's já havia
reduzido o rating da Irlanda, de Baa3 para Ba1, também com perspectiva
negativa.

EUA
No front norte-americano, a ata da última reunião do Fed mostrou
divergência dos membros do comitê acerca da inclusão de um novo plano
incentivo do governo dos EUA e o presidente do Federal Reserve, Ben
Bernanke, reportou que o banco central já listava três possíveis
programas de estímulo econômico, para o país. Entretanto, Bernanke
voltou atrás e afirmou que a instituição "pode não estar preparada, no
momento, para adotar novas medidas".

Ainda em relação aos Estados Unidos, a Moody's colocou o rating do
país em revisão para um possível corte, destacando a falta de
resultados práticos em elevar o teto de sua dívida externa, o que
poderá vir a fazer com que a maior economia mundial passe por um
default.

Agenda da semana
No Brasil, a semana começou com o Relatório Focus mostrando um aumento
nas projeções para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) e
para a Selic. A divulgação do IPC (Índice de Preço ao Consumidor) pela
Fipe (Fundação Instituto de Pesquisa Econômica) apontou variação
positiva dos preços de 0,19% na primeira quadrissemana de julho.

Ainda no front doméstico, o IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado)
apontou deflação de 0,21% na primeira prévia de julho. Já a balança
comercial registrou superávit de US$ 1,871 bilhões nas duas primeiras
semanas deste mês, enquanto o IPC (Índice de Preço ao Consumidor)
apontou variação positiva dos preços de 0,19% na primeira
quadrissemana do sétimo mês do ano.

Também por aqui, o Banco Central divulgou o IBC-Br (Índice Mensal de
Atividade do BC), que apresentou o queda na atividade econômica, com
recuo de 0,68% na passagem de abril para maio.

Nos EUA, o déficit na balança comercial norte-americana avançou no mês
de maio em relação a abril, ficando acima do teto estimado por
analistas, enquanto o Departamento do Tesouro do país divulgou que o
orçamento do governo norte-americano registrou déficit de US$ 43,1
bilhões em junho, resultado melhor do que o esperado.

Enquanto isso, o número de pedidos de auxílio desemprego recuou mais
do que o esperado, apontando 405 mil novas solicitações na passagem
semanal. Já confiança do consumidor norte-americano medida pela
Universidade de Michigan foi menor do que a esperada em julho,
enquanto a produção industrial norte-americana apresentou alta de 0,2%
em junho, resultado em linha com as projeções do mercado.

Ainda no front internacional, o governo chinês divulgou um crescimento
de 9,5% da economia do país, por conta de maiores investimentos e um
grande consumo interno. As expectativas eram de um avanço de 9,4%.

Câmbio e Renda Fixa
A moeda norte-americana fechou esta sexta-feira cotada a R$ 1,575. Na
semana, a valorização acumulada foi de 0,64%.

No mercado de juros futuros da BM&F Bovespa, o contrato de juros de
maior liquidez nesta semana, com vencimento em janeiro de 2012,
registrou uma taxa de 12,48%, alta de 0,02 ponto percentual em relação
à semana anterior.

No mercado de títulos da dívida externa brasileira, o Global 40, bônus
mais líquido, encerrou cotado 136,16% de seu valor de face, queda de
0,095% na semana.

Confira a agenda da próxima semana
Na agenda para a terceira semana de julho, os investidores estarão
atentos a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) e ao novo
rumo da política monetária, além do IPCA-15 de julho. No mercado
interno também teremos o vencimento de opções sobre ações.

No cenário internacional, as atenções se voltam para a divulgação do
Leading Indicators nos Estados Unidos, bem como para dados do setor
imobiliário do país em junho. Já na Inglaterra, será apresentada a ata
da última reunião do banco central local.

Fonte: InfoMoney

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