18/07/2011

PERSPECTIVA CONSTRUÇÃO:Mercado de galpões industriais deve crescer 10% a.a.

   São Paulo, 18 de julho de 2011 - O segmento industrial vem se mostrando

um dos mais prósperos da construção civil nos últimos três anos, com

destaque pela grande procura e imediata ocupação de galpões industriais. A

expectativa é de que o setor cresça cerca de 10% ao ano, seguindo a tendência

do que já ocorre em 2011. "Em comparação com o ano anterior, esse número

é cerca de 10% maior. A previsão para os próximos anos é de crescimento

neste mesmo patamar, principalmente no mercado de condomínio de galpões, um

produto mais moderno e que tem despertado maior interesse de investidores e

construtoras", afirma a gerente de pesquisa de mercado para América do Sul da

Cushman & Wakefield, Mariana Hanania.

   

   Segundo dados da pesquisa MarketBeat Industrial, realizada pela consultoria

Cushman & Wakefield, o estoque total de imóveis industriais nos principais

mercados brasileiros (São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná) em 2010 fechou em

cerca de 41 milhões de metros quadrados de área construída, dos quais 14% é

representado por condomínios de galpões.   A economia mais estável, o boom do

consumo e a necessidade de as indústrias ficarem mais próximas dos centros

consumidores aparecem entre os principais fatores que estimulam essa demanda por

 galpões industriais.

 

   O crescimento do segmento, que ainda vê um horizonte mínimo de dois a

cinco anos nesse ritmo, atrai novos investidores, inclusive construtoras e

incorporadoras tradicionais do mercado residencial como a MRV. Esse ano a

construtora com foco no segmento residencial de baixa renda entrega o

condomínio industrial MRV Log Jundiaí, de acordo com a Colliers International.

A divisão da MRV, que nasceu em 2008 para atender esse segmento de galpões

logístico, faturou R$ 515 milhões só no primeiro trimestre desse ano.

 

   A Cyrela Commercial Properties (CCP), do grupo Cyrela, também vem crescendo

sua participação nesse segmento. Com os projetos em desenvolvimento, a CCP

pretende triplicar sua área construída de galpões logísticos nos próximos

anos. De acordo com dados fornecidos pela assessoria de imprensa da companhia, a

participação do segmento de logística nos negócios da CCP deve passar dos

atuais 7%, para cerca de 20% da receita. A taxa média de aluguéis da companhia

no primeiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado,

teve um crescimento de 12,3% no segmento industrial. Atualmente, a taxa de

vacância da CCP nesse segmento é zero.

 

   Segundo pesquisa da Colliers Internacional, o interior do Estado de São

Paulo deverá ser o principal alvo dos investidores, devido aos terrenos mais

baratos e a incentivos fiscais das prefeituras para esses empreendimentos.

 

   Diversas consultorias divulgaram estudos recentes sobre a expansão desse

mercado. De acordo com a pesquisa Market Report Industrial - primeiro trimestre

2011 - da Colliers Internacional, somente neste ano a região Sudeste, onde

estão concentrados os condomínios industriais, receberá cerca de 850 mil

metros quadrados, principalmente nos Estados de São Paulo e Minas Gerais, com

78% e 12%, respectivamente, do total previsto. A pesquisa ainda aponta que o

inventário de condomínios industriais no Brasil deverá dobrar de tamanho em

três anos, alcançando, em 2014, cerca de 10,7 milhões de metros quadrados,

83% no Sudeste.

 

   De acordo com o diretor comercial da CB Richard Ellis (CBRE), o mercado

entregou cinco vezes mais imóveis nos últimos cinco anos. Mesmo assim, os

preços subiram e a taxa de vacância caiu. A demanda nas regiões

metropolitanas de São Paulo, Campinas e Vale do Paraíba por espaços desse

tipo em 2010 foi 30% superior a entrega de novos imóveis.

 

   O segmento logístico, geralmente alvo de roubo de cargas, fez como que as

companhias cada vez mais exijam estruturas mais complexas, que priorizem

aspectos como segurança, além da localização, mexendo com o perfil dos novos

 empreendimentos.

 

   "Esses condomínios costumam ter portaria de boa qualidade, segurança 24h

em todo o perímetro que abriga o condomínio, além de outras estruturas como

espaços de convivência para os funcionários, auditórios, refeitórios,

vestiários, a oferta cresce exponencialmente nesses condomínios", diz o

diretor da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp), Luiz Paulo

Pompéia.

 

   Devido à rápida ocupação, os imóveis nas principais regiões

registraram queda na taxa de vacância, de 7,5% em 2009, para 8,9% em 2010, com

o preço de aluguel por metro quadrado na faixa de R$ 15,10 por mês, segundo

dados da Cushman & Wakefield. A localização mais cara é a região

metropolitana de São Paulo, onde aluguel do metro quadrado passa para R$ 15,50

por mês. Em alguns empreendimentos chega a R$ 25 o metro quadrado por mês.

Para a Colliers, é esperado um reajuste de 2% nos preços de aluguéis desse

tipo de empreendimento para o interior de São Paulo.

 

   O preço médio subiu 15,60% em relação a 2009. A tendência, segundo a

pesquisa da é de uma nova alta em 2011. A alta se justifica pela entrada de

diversos empreendimentos no formato condomínio, cerca de 48% mais caros que os

galpões individuais.

 

   Entre os sete empreendimentos do gênero em andamento na CCP está o Cajamar

Industrial Park, próximo ao Rodoanel Mario Covas, na Rodovia Anhanguera, com a

primeira fase entregue totalmente locada. O projeto envolve uma área de cerca

de 170 mil metros quadrados destinada a armazenagem e logística. Os demais

projetos estão nas cidades de Queimados, no Rio de Janeiro, Jundiaí e na

Rodovia Presidente Dutra, na ligação entre os Estados de São Paulo e Rio de

Janeiro.

 

   "Praticamente todas as regiões metropolitanas experimentam crescimento

nesse sentido, apesar de que nos arredores de Belo Horizonte, São Paulo, Rio de

Janeiro e Curitiba se percebe esse movimento com mais clareza por conta da

grande demanda", diz Pompéia, da Embraesp.

 

   Apesar de todo esse crescimento, algumas pesquisas apontam aumento dos

preços e também nos aumentos progressivos na taxa de vacância desses

condomínios nos próximos anos nas regiões em que há muitos empreendimentos

sendo inaugurados. "Por enquanto não há risco de excesso de oferta. A demanda

está crescendo acima do que os novos empreendimentos estão atendendo. Não

corremos esse risco nos próximos dois anos, diz Mariana.

 

   Segundo ela, uma das razões que asseguram a procura pelos condomínios é a

oferta de imóveis mais modernos e flexíveis, para qualquer porte industrial.

"Os condomínios tem como atender a demanda de menores a maiores inquilinos e

isso favorece caso haja algum entrave no mercado", conta a gerente de pesquisa

de mercado para América do Sul da Cushman & Wakefield.

 

   De acordo com Pompéia, é justamente nesse segmento médio que a demanda

mais cresce. "Tenho observado a procura por mais áreas médias, que giram em

torno de 1 mil a 5 mil metros quadrados", afirma o diretor da Embraesp.

 

    Paula Pereira / Agência Leia

 

    Edição: Andréa Rodrigues

 

Fonte: Um Investimentos

Nenhum comentário: