07/10/2011

Bumerangue do IOF pode mudar de lado?

Por Daniele Camba

Em 2009, quando o dólar caía de forma acentuada, o governo colocou um Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 2% nas operações de estrangeiros em bolsa, com o intuito de tentar estancar a valorização da moeda brasileira. O imposto deixaria a bolsa menos atraente, reduzindo a entrada de recursos no país e, consequentemente, seguraria a queda do dólar. Agora, dois anos depois, com a recente valorização da moeda americana, será que o governo não usaria do mesmo artifício, só que dessa vez na direção contrária, para segurar essa alta do dólar?

Rumores de que o governo retiraria o IOF de ações para estrangeiros tomaram conta das mesas de operações durante todo o dia de ontem, impulsionando o mercado. Apesar de no fim do dia nem o Ministério da Fazenda, nem a Bovespa terem sinalizado que os rumores fariam sentido, o Índice Bovespa fechou em alta de 2,50%, aos 52.290 pontos. Esse é o melhor desempenho percentual do índice em um mês, dado o ânimo dos investidores com a possibilidade da retirada do IOF para as operações internacionais.

Rumor sobre o fim da taxação anima os investidores

O fim do imposto uniria o útil ao agradável. Em termos macroeconômicos, ajudaria a conter a valorização acentuada do dólar. Já para o mercado, traria de volta uma parte dos investidores estrangeiros, que nos últimos meses nem pensam em colocar as ações brasileiras dentro de suas carteiras.

As vendas de ações por parte de estrangeiros superaram as compras nos últimos dois meses. Em agosto, o saldo líquido (diferença entre compras e vendas) foi negativo em R$ 400 milhões e em R$ 250 milhões no mês passado. No ano, até dia 4 deste mês, o saldo é negativo em R$ 341,6 milhões, uma saída tímida, mas que mostra que a tendência é muito mais de fuga da renda variável brasileira do que de interesse pelos papéis das companhias abertas nacionais.

Nos dois primeiros pregões deste mês, dias 3 e 4, o saldo de estrangeiro está positivo em R$ 18,5 milhões. No entanto, 48 horas são muito pouco para dizer que o público externo voltou a olhar para a Bovespa.

O cenário internacional também animou os mercados ontem. O Banco Central Europeu (BCE) e o Banco da Inglaterra (BOE) confirmaram que vão injetar mais liquidez no sistema financeiro, com a compra de títulos.

Os investidores andam bastante temerosos com a saúde dos bancos europeus e esperando que os governos da região coloquem a mão no bolso para salvá-los.

Corroborando essa expectativa positiva, o presidente da Comissão Europeia, José Durão Barroso, também afirmou que a instituição propôs uma ação coordenada no processo de salvamento das instituições financeiras europeias.

Daniele Camba é repórter de Investimentos

E-mail daniele.camba@valor.com.br

 

 

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