23/11/2011

Em vez do rali, o mercado brasileiro só vai para trás

Por Daniele Camba

Quando não é a Europa, são os Estados Unidos que atrapalham. O resultado final é que o mercado brasileiro não encontra forças para reagir e nem muito menos para esboçar qualquer tipo de rali de fim de ano. Ontem, o Índice Bovespa voltou para a casa dos 55 mil pontos. O indicador fechou em baixa de 0,72%, aos 55.878 pontos. Com essa pontuação, o Ibovespa volta para níveis de mais de um mês atrás. O fechamento de ontem é o menor desde 21 de outubro, quando o índice encerrou o pregão aos 55.255 pontos.

Ibovespa volta para níveis de um mês atrás, aos 55 mil

A principal pedra no sapato do mercado ontem foi a nova revisão para baixo na prévia do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos. A nova prévia indica uma expansão da economia americana de 2% no terceiro trimestre, enquanto a última projeção apontava para um crescimento de 2,5%. Meio ponto percentual a menos nas riquezas de qualquer nação é muita coisa, o que dirá dentro das contas de uma economia do tamanho da americana.

Adicionalmente, o supercomitê formado por republicanos e democratas do Congresso americano confirmou que naufragou a tentativa de um acordo com relação a um corte adicional de US$ 1,2 trilhão nos gastos públicos de longo prazo. Isso significa, portanto, que os problemas com a dívida americana continuam, para infelicidade não só dos americanos, mas do mundo inteiro.

 

Vale lembrar, inclusive, que apenas três meses atrás os investidores se preocupavam com a polêmica ao redor do acordo para elevar o teto da dívida americana até 2012, aprovado aos 45 minutos do segundo tempo.

Na visão de um gestor de recursos, o mundo parece conspirar contra o mercado. Quando não é a crise europeia que atrapalha, são os Estados Unidos e, nas horas vagas, voltam os temores com relação a uma desaceleração abrupta da economia chinesa, ilustra o gestor de recursos.

 

O Santander passa por um inferno astral. Só ontem, as units (recibos de ações) do banco caíram 6,07%, a segunda maior queda do Ibovespa, fechando aos R$ 12,84, a menor cotação desde a estreia do papel na bolsa, em outubro de 2009. Os papéis vêm sofrendo com as vendas feitas pelo próprio banco para se adaptar às novas exigências de capital na Europa.

Daniele Camba é repórter de Investimentos

E-mail daniele.camba@valor.com.br

 

 

 

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