04/11/2011

PF apura 'desvio' do PanAmericano para empresa em Miami


Pelo menos US$ 2 milhões já teriam sido enviados por companhia de ex-presidente do banco para o exterior


Polícia Federal já sabe que Rafael Palladino recebeu R$ 1,27 milhão da empresa de cartões do PanAmericano

JULIO WIZIACK
TONI SCIARRETTA
FLÁVIO FERREIRA

DE SÃO PAULO

Quatro meses antes de estourar o escândalo do PanAmericano, uma das empresas de Rafael Palladino, ex-presidente do banco, aprovou um aporte de US$ 2 milhões em outra companhia situada em Miami (EUA). Existe a suspeita de que esses recursos teriam saído do PanAmericano por meio de uma complicada rede de empresas e consultorias que tem Palladino como sócio.
A PF já rastreou o pagamento de ao menos R$ 1,27 milhão feito a uma dessas empresas de Palladino, a Max Control Evento e Promoções. Essa empresa é acionista da Max America Negócios Imobiliários Ltda., que aprovou envio de recursos para suposta subsidiária nos EUA. O investimento no exterior foi aprovado pelos sócios, em maio de 2010. A remessa dos recursos seria destinada à Max America of Florida LLC, uma empresa que, de acordo com a legislação dos EUA, mantém a identidade dos sócios protegida e cujos benefícios fiscais se equiparam ao de um paraíso fiscal.
Reportagem de ontem de "O Estado de S. Paulo" revelou que a PF detectou pagamentos realizados pela PanAmericano Administradora de Cartões à Boafonte Consultoria em Negócios Ltda. e à Focus Consultoria Financeira Ltda. A Boafonte é de Maurício Bonafonte dos Santos (ex-diretor de operações da PanAmericano Seguros). A Focus pertence a Wilson De Aro (ex-diretor financeiro).
No total, os pagamentos somaram R$ 2,9 milhões e foram efetuados em dinheiro. Segundo a PF, eles foram lançados na contabilidade como "contas a receber", sem que houvesse apresentação de contrato de prestação de serviço ou outra justificativa. Somados, os 86 saques em dinheiro para pagamentos pela PanAmericano Administradora de Cartões chegaram a R$ 16,6 milhões e foram autorizados por Aro e Luiz Augusto Carvalho Bruno, ex-diretor jurídico.
A Folha apurou que o aporte de US$ 2 milhões no exterior é só um dos indícios que a PF possui de movimentações de empresas de ex-diretores do PanAmericano que podem ter sido feitas com recursos desviados do banco.
Os policiais continuam investigando essas empresas que não foram submetidas a auditoria. Um dos motivos que levaram o Banco Central a banir os diretores do PanAmericano foi manter recursos do banco em empresas que não faziam parte do grupo.

OUTRO LADO
Os advogados de Palladino não responderam até o fechamento da edição. José Luiz Oliveira, advogado de De Aro, disse que não poderia comentar o caso por conta de sigilo. Disse ainda que é "inaceitável que um inquérito policial que tramita sob segredo de Justiça vaze todos os dias para a imprensa".

 

 

 

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