08/11/2011

Hypermarcas perde R$ 7,5 bilhões em valor de mercado no ano

Ações da fabricante de bens de consumo têm o pior desempenho da bolsa brasileira

 

São Paulo – A Hypermarcas vive um ano para ser esquecido. A empresa perdeu a confiança dos investidores e viu o seu valor de mercado derreter em 7,5 bilhões de reais apenas em 2011. A queda de 65,7% das ações é a maior da bolsa brasileira. Mais um capítulo dessa história foi contado na segunda-feira, quando ela publicou os resultados do terceiro trimestre.

A fabricante de bens de consumo anunciou um prejuízo líquido de 190,5 milhões de reais, uma forte perda na comparação com o lucro líquido de 78 milhões de reais alcançados um ano antes. A receita líquida cresceu 10,4%, para 908 milhões de reais. Os papéis (HYPE3) despencaram mais 8%, para 7,73 reais.

“O resultado abaixo do esperado é atribuído a uma menor rentabilidade e despesas não-recorrentes. Os resultados financeiros foram influenciados pela variação monetária na dívida em dólar, e vieram em linha com as nossas estimativas”, destacam Erick Guedes e Fernando Labes, do banco Safra. As estimativas foram colocadas em revisão.

 

 

“Este ano realmente não está sendo fácil para a companhia, depois de longos períodos de fortes números e grandes aquisições, o que vemos agora são ajustes e fracos resultados. Segundo a nova política comercial, se faz necessária para estimular a desestocagem de seus clientes, para posteriormente terem vendas com giro mais rápido e com maiores preços. A grande pergunta é: ate quando este ajuste será necessário?”, questiona Sandra Peres, da Coinvalores.

Para a empresa, o movimento de “desestocagem” está próximo do fim e pode acontecer no início de 2012. “O objetivo é iniciar o ano de 2012 com os níveis de oferta e demanda mais alinhados”, disse a Hypermarcas no relatório de resultados. Segundo a administração, o principal objetivo da nova política comercial, a geração operacional de caixa, já está sendo cumprido.

“Nós concordamos que a empresa precisava ajustar a sua estratégia de vendas para focar na geração de caixa, mas o caminho tem se provado muito, muito mais difícil do que pensávamos”, disseram as analistas Juliana Rozenbaum e Francine Martins, do Itaú BBA, em relatório. O preço-alvo e a recomendação também foram colocados em revisão.

Os analistas Luiz Cesta, Marco Richieri e Paulo Prado, da Votorantim Corretora, também mostraram ceticismo. “Apesar de enxergarmos alguma melhora na geração de caixa, o caso continua muito nebuloso para seguir com a nossa recomendação. Portanto, estamos reduzindo a indicação para manutenção”, avaliam. O preço-alvo foi reduzido de 20,40 reais para 10,10 reais.

A Hypermarcas reduziu a estimativa de lucro operacional (Ebitda) para 2011 de 900 milhões de reais para 700 milhões de reais – a projeção já tinha sido reduzida de 1 bilhão de dólares. Para 2012, o guidance foi estabelecido em 850 milhões de reais. O aumento das incertezas do cenário macroeconômico e a intensificação da implementação da nova política comercial e o estímulo à desestocagem foram citados como motivos que levaram à revisão.

"Acreditamos que a recuperação da Hypermarcas em termos de crescimento e margens ainda irá demorar. Além disso, a baixa previsibilidade dos lucros futuros, em nossa visão, nos deixa menos confortáveis com nossa projeção", afirma a Ágora Corretora, em relatório. A recomendação foi reduzida de compra para manter e o preço-alvo caiu de 15,90 reais para 8,70 reais.

 

 

 

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