17/11/2011

Europa perdeu em duas semanas US$ 20 bilhões

Com a crise, fundos de investimentos procuram locais mais seguros e Estados Unidos, Suíça e países emergentes são os principais destino

Jamil Chade, de O Estado de S. Paulo

MADRI -

A Europa está vivendo uma fuga de fundos de investimentos por conta da crise que não atinge apenas a periferia do continente, mas também chega ao coração do bloco. Entre setembro e outubro, mais de US$ 100 bilhões ( 86 bilhões) deixaram a Europa em busca de mais segurança. Nas primeiras duas semanas de novembro, a fuga de capital chegou a  20 bilhões.

Os dados são da consultoria americana EPFR Global e revelam o temor de investidores com o futuro do euro e a capacidade política da Europa superar os problemas.

Parte dos recursos de fundos de investimentos estava aplicada em papéis da dívida soberana de países europeus. Nos últimos meses, já houve uma migração importante de papéis gregos, portugueses e irlandeses para outros locais considerados como "mais seguros".

De fato, o próprio governo alemão já reconheceu que passou a se financiar em parte graças aos problemas enfrentados pelos vizinhos do sul. Mas as dúvidas se espalham já por 12 dos 17 países da zona do euro. Na terça-feira, o mercado presenciou uma venda massiva de papéis de um grande número de países europeus em busca de ativos menos arriscados.

Apesar da crise que também enfrenta, o mercado americano tem recebido boa parcela desses recursos. Os investidores estão mais confiantes na capacidade de recuperação dos Estados Unidos do que da Europa.

Outro destino desses recursos é a Suíça. Em dois anos, as reservas internacionais do país, que não é membro da zona do euro, passaram de pouco mais de  50 bilhões para mais de  320 bilhões. A inundação de ativos, porém, valorizou a moeda nacional, prejudicando as exportações e provocando sérios prejuízos à economia suíça.

Países emergentes. Outro destino preferencial dos recursos que estavam na Europa são os mercados dos países emergentes. Nas últimas duas semanas, dos  20 bilhões que deixaram a União Europeia,  7 bilhões foram justamente para os mercados emergentes.

Uma seca de recursos similar na Europa havia sido registrada apenas no final de 2008 e começo de 2009, nos meses que se seguiram à quebra do banco Lehman Brothers, nos Estados Unidos. Naquele momento, mais de US$ 1,1 trilhão desapareceu do mercado, com os bancos simplesmente fechando os cofres. A retração do crédito precisou de dois anos para conseguir ser compensada.

Desta vez, não se trata de uma seca de créditos, ainda que isso também esteja ocorrendo. Segundo analistas, o que está acontecendo acima de tudo é uma aversão ao risco, principalmente de dívidas soberanas europeias.

 

 

 

 

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