22/11/2011

UBS emerge mais enxuto em meio a turbulência

 

Autor(es): Por Megan Murphy em Londres e Haig Simonian | Financial Times

Valor Econômico - 22/11/2011

 

 

Sergio Ermotti é o primeiro a reconhecer que sua condução ao assento de presidente-executivo do UBS foi repentina - ele foi convocado por uma mensagem de texto para se reunir com o presidente do banco apenas minutos antes do início de uma crucial reunião do conselho.

Depois que um chocante escândalo em operações de trading envolvendo US$ 2,3 bilhões em setembro forçou a queda de seu antecessor, Oswald Grubel, um veterano no setor bancário, e com o banco lutando para limitar os danos em meio a uma indignada opinião pública suíça, Ermotti foi percebido como sendo o condutor mais seguro.

Dois meses depois, tendo-lhe agora sido atribuído o posto em caráter permanente, o banqueiro de investimentos suíço ainda se ressente visivelmente diante da sugestão de que é menos qualificado do que alguns dos outros banqueiros sêniores cujos nomes foram aventados para o cargo.

"Todas essas pessoas dizendo ser preciso encontrar alguém que tivesse desempenhado a função anteriormente", diz ele, balançando a cabeça. "Lamento - não havia ninguém assim. Nem todo mundo foi CEO antes de tornar-se CEO uma primeira vez na vida".

Sob qualquer ângulo, foi uma ascensão rápida para Ermotti no UBS, um banco onde passou atuar em abril, após perder o cargo mais alto no banco italiano UniCredit. Ao sentar-se para a entrevista, ele acaba de descrever o plano do banco para reestruturar suas operações como banco de investimentos, atualmente em dificuldades, e incrementar a rentabilidade de todo o grupo, em um muito aguardado "dia com os investidores" em Nova York.

Ele já está se defendendo de críticas segundo as quais a estratégia - segundo a qual o UBS abandonará suas posições de 145 bilhões de francos suíços (US$ 158 bilhões) em ativos ponderados por risco em sua carteira de banco de investimentos nos próximos cinco anos, paralelamente ao corte de aproximadamente 10% do pessoal nessa divisão -, não será suficiente para restaurar a sorte do grupo.

Até agora, analistas receberam o plano sem entusiasmo. "Um encolhimento menos dramático, no banco de investimentos, do que a maioria das pessoas esperava", foi o veredicto da Barclays Capital. "Um plano coerente, mas com muitos riscos de execução, e talvez não surpreendentemente isento de metas agressivas", disseram analistas do Mediobanca.

"Considero o que estamos fazendo como algo bastante radical", rebate Ermotti. "Se você observar a velocidade com que temos a intenção de reduzir nossa exposição, verá uma redução de 45% do risco ponderado até o fim do próximo ano e de 80% no fim de 2013."

Ele prossegue: "Claro, é sempre possível fazer mais, mas sejam quais forem as atividades não efetivamente necessárias, o montante dos custos envolvidos para acelerar a desativação dessas operações irá, potencialmente, reduzir valor para os acionistas".

A nova "cara" do UBS, segundo Ermotti, ficará centrada nos núcleo de negócios do banco com gestão de fortunas, apoiada em uma atividade de banco de investimentos menos arriscada e menos intensiva em capital.

Em renda fixa, isso significa abandonar atividades como securitização de ativos e de produtos estruturados complexos. Em negócios com ações, com um prejuízo de US$ 2,3 bilhões decorrente de trading supostamente não autorizado, o UBS eliminará as denominadas mesas proprietárias, onde operadores estavam autorizados a assumir grandes apostas com capital do próprio banco.

Ermotti diz que o plano eliminará incertezas entre os funcionários do UBS. "As pessoas vão saber que, tudo bem, o banco quer operar em tal e tal área, esses são os produtos, esse é o número de funcionários e basicamente isso é o que podem fazer. Agora, eles precisam produzir resultados - eles precisam trabalhar", diz ele.

"Eles não podem controlar - assim como eu também não tenho como - o ambiente macroeconômico e o ambiente externo. Mas poderão mostrar que, tudo o mais mantido, têm condições de competir e superar concorrentes".

Um UBS mais enxuto e mais focado será o futuro do grupo, mas Ermotti sabe que o presente será dominado pelo escândalo de trading. A expectativa é de que Kweku Adoboli, o trader acusado de fraude declare-se culpado ou inocente, em um tribunal londrino, nesta semana.

 

 

 

 

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