08/11/2011

Petrobras mantém planos de captação

Por Cláudia Schüffner | Do Rio

Com R$ 59,46 bilhões disponíveis em 30 de junho, considerando aplicações em títulos do Governo Federal que somavam R$ 24,78 bilhões e mais disponibilidades de R$ 34,67 bilhões, a Petrobras pretende fazer uma captação ainda neste ano, mas não tem pressa. Almir Barbassa, diretor financeiro e de relações com mercado da companhia, disse ao Valor que estão mantidos os planos de nova captação em 2011, provavelmente em euros, mas explica que não é urgente. Em 2011 a companhia já captou US$ 13 bilhões.

Foram US$ 6 bilhões em bônus e US$ 7 bilhões entre empréstimos bilaterais com bancos, agências de crédito à exportação e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Em outubro se acentuaram no noticiário declarações do próprio Barbassa de que a empresa estaria preparando uma captação denominada em euros, mas até aqui a janela de oportunidade não apareceu. Agora, a Petrobras está em blecaute devido à aproximação da data de divulgação dos seus resultados. Na sexta, divulga o balanço do terceiro trimestre e até o dia 20 estará em período de restrição para emissões. Dezembro já é um mês mais complicado, mas a avaliação do diretor é que devido à crise financeira internacional, pode ser que esse "timing" possa sofrer alguma mudança. "Dezembro não é um período bom", admite. Nada que preocupe o diretor financeiro.

"Não tenho obrigação [de captar] e não necessito. Temos liquidez. Novas captações vão depender do mercado", afirma.

Barbassa lembrou que a Petrobras não tem nenhuma restrição a contrair dívidas. "Se você tiver US$ 10 bilhões para me emprestar, eu tomo", brinca. "Não temos restrição quanto à origem. O importante é que [o empréstimo] seja o mais barato".

Não há que se confundir a tranquilidade com desdém. Para cumprir seu plano de negócios - que prevê US$ 224,7 bilhões entre 2011 e 2015 - a companhia vai precisar se endividar entre US$ 7 bilhões e US$ 12 bilhões por ano. É o equivalente a algo entre US$ 36 bilhões a US$ 60 bilhões de dívida adicional nesse período de tempo e realizável com preços variando entre US$ 80 e US$ 95 para cada barril de petróleo.

Os números são mencionados sem esforço pelo executivo, que não contém uma risada quando lembrado das preocupações de que a saúde financeira da companhia pode não estar tão bem como deveria. Cita de novo os valores depositados no caixa e menciona que a Petrobras investe US$ 200 milhões em cada dia útil do ano. Quanto à preocupação de analistas com o descolamento entre os preços dos combustíveis vendidos no mercado interno e as cotações do petróleo, ele responde que há um equilíbrio no longo prazo. O último aumento da gasolina (10%) e do diesel (2%) vai trazer um reforço de US$ 1,5 bilhão para o caixa da companhia em termos anualizados, informa.

O diretor complementa que os gastos com importações são pequenos e que uma olhada na curva de flutuações [combustível versus petróleo] nos últimos dez anos, é possível ver claramente que ela está equilibrada.

O executivo tem uma visão bastante tranquila do comportamento dos preços do petróleo - principal fonte de receita de uma companhia integrada como a Petrobras - até o fim desta década e a próxima. Acha que o consumo na Europa não deve cair na mesma proporção de outros itens até por causa do clima, e que países em desenvolvimento como China, Índia, Brasil, Rússia e os mais desenvolvidos da África e Oriente Médio estão consumindo mais à medida que melhora a qualidade de vida de seus cidadãos.

"O consumo vai crescer em um ambiente em que a oferta se reduz em função da finitude do óleo no mundo. Pode ser até que o petróleo caia para US$ 50. E isso teria efeitos financeiro e especulativo nesse mercado. Mas a média [de preço do barril] vai ficar entre US$ 70 e US$ 90", observa.

 

 

 

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