07/11/2011

Itaú deve ficar com emissão de debêntures da Dibens

A megaemissão de R$ 20 bilhões em debêntures da Dibens Leasing deve mesmo ser usada como forma de captação alternativa para o Itaú Unibanco, controlador da companhia. A emissão da empresa, que faz parte de um programa que pode chegar a R$ 50 bilhões em dois anos, chamou a atenção do mercado, já que as captações via debêntures de leasing haviam sido paralisadas desde 2008, quando o Banco Central determinou o recolhimento de compulsório sobre essas operações.

Com prazo de 20 anos, as debêntures da Dibens dificilmente teriam demanda no mercado. A remuneração oferecida é equivalente à variação da Taxa DI e não está previsto processo de coleta de intenções de investimento (bookbuilding, no jargão de mercado), de acordo com informações do prospecto.

Ainda conforme o documento, a Dibens pretende aplicar os recursos das debêntures "em ativos que proporcionem remuneração superior a 100% da Taxa DI". A companhia admite ainda usar os recursos como "funding" das operações de leasing, embora esta não seja a intenção inicial.

Como não haverá esforço de colocação, o Itaú BBA, coordenador da oferta, receberá uma comissão de apenas R$ 40 mil, equivalente a 0,0002% da operação. Procurado, o banco não se pronunciou. Para efeito de comparação, na emissão de R$ 500 milhões em debêntures da empresa de locação de veículos Unidas, fechada recentemente, os coordenadores - BTG Pactual, Itaú BBA, Bradesco BBI e BES Investimento - receberam R$ 4,5 milhões.

A expectativa é que o Itaú use as debêntures da Dibens como lastro em operações compromissadas com investidores, como gestoras de fundos, fundações, grandes empresas e clientes do segmento "private". Para dar liquidez aos investidores, o banco oferece compromisso de recompra nessa operação.

Sujeita agora ao mesmo recolhimento do compulsório sobre os depósitos a prazo, uma das vantagens remanescentes da captação via empresas de leasing em relação ao CDB tradicional hoje é a isenção da contribuição ao fundo garantidor de créditos (FGC). Mas não está claro se os bancos encontram outras vantagens. Pelas contas do mercado, com a emissão de debêntures o Itaú se livra de uma contribuição adicional ao fundo da ordem de R$ 2,5 milhões por mês.

Além do Itaú, o Bradesco realizou uma emissão de debêntures de sua empresa de leasing, que somou R$ 9,5 bilhões. Uma possível explicação para a volta dessas operações é o volume de vencimentos e repactuações previstos a partir do ano que vem. Estima-se que cerca de R$ 50 bilhões em debêntures de leasing precisem ser roladas em 2012. Uma das empresas que mais possuem papéis nessa situação é a BFB Leasing, também do Itaú.

 

 

 

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