quantidade de etanol que é adicionada à gasolina no Brasil, como parte
dos esforços para controlar a inflação, disse uma fonte do governo à
Reuters na segunda-feira.
O aumento nos preços do álcool, em sintonia com a alta do açúcar no
mercado internacional, tem sido um dos principais fatores responsáveis
pela elevação da inflação acima da meta oficial.
O álcool continuou caro apesar da entrada da nova safra, e essa
tendência deve se manter porque a previsão do setor é de que a safra
de cana de 2011/12 no centro-sul do Brasil apresente um declínio pela
primeira vez em uma década.
Atualmente, a gasolina vendida nos postos brasileiros recebe 25% de
álcool anidro. Dilma cogita reduzir esse percentual para 18% ou 20%,
segundo essa fonte. A decisão deve ser oficializada ainda neste mês,
com a implementação em agosto.
"O efeito dos preços do etanol tem sido muito negativo para a inflação
e para as expectativas inflacionárias (...), e a presidente decidiu
agir", disse essa fonte, que pediu anonimato.
A medida já era esperada por usineiros e economistas, e pode atenuar
substancialmente as pressões inflacionárias. Os combustíveis respondem
por mais de 2,5% na cesta de itens que compõem o IPCA, principal
índice de preços no país.
Mas a alteração também acarreta riscos para outras áreas econômicas --
e eventualmente também para grandes comerciantes globais de
commodities.
É comum que governos brasileiros modifiquem a mistura de etanol na
gasolina, mas normalmente isso acontece na entressafra, quando o preço
está mais alto. A decisão estudada por Dilma é excepcional por
acontecer no meio da safra, o que torna mais imprevisíveis as
consequências para o mercado.
A menor demanda pelo álcool anidro pode levar as usinas a produzirem
mais açúcar, o que pode afetar a cotação global do produto.
Atualmente, cerca de metade da produção brasileira de cana se destina
à fabricação de etanol.
Inflação acima da meta
Outro efeito possível da medida é que a Petrobras pode ser obrigada a
importar mais gasolina para compensar a menor adição de álcool no
combustível. O preço dos derivados do petróleo continua relativamente
elevado, embora tenha recuado em relação aos níveis de meses atrás.
Funcionários do Ministério de Minas e Energia devem se reunir na
quinta-feira para analisar as implicações da redução do teor de álcool
na gasolina, segundo duas fontes governamentais. Uma reunião
ministerial está prevista para segunda-feira, quando a decisão pode
ser oficialmente anunciada, disseram essas fontes.
O combate à inflação é uma das prioridades de Dilma desde sua posse,
em janeiro, muitas vezes à frente de outras considerações econômicas.
Em abril, por exemplo, ela decidiu permitir o fortalecimento do real
para reduzir as pressões sobre os preços, ignorando os apelos da
indústria brasileira, que torce por uma desvalorização da moeda para
tornar seus produtos mais competitivos no exterior.
A inflação acumulada nos últimos 12 meses chegou a 6,71% em junho,
acima da meta inflacionária fixada pelo governo, de 4,5% ao ano, com
margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos. O
Banco Central também elevou a taxa básica de juros em um total de 150
pontos-base desde o começo do ano, num esforço para controlar a
inflação.
(Reportagem adicional de Leonardo Goy e Peter Murphy, em Brasília, e
Denise Luna, no Rio de Janeiro)
Fonte: Uol
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