03/11/2011

HSBC recompõe comando da divisão de atacado

Por Fernando Travaglini | De São Paulo

O HSBC já definiu sua estratégia para a área de atacado, após a saída do principal executivo, Marcelo Marangon, que foi para o Itaú BBA, há cerca de dois meses. O banco promoveu para o comando do time de "global banking" o diretor Alexandre Guião, que era o responsável na equipe de Marangon pela área de indústrias diversificadas. Ambos vieram do Citi, em 2008.

Não houve mudanças na estrutura interna, que cuida do crédito para grandes empresas que operam no mercado brasileiro, além de preparar emissões no mercado de capitais interno e externo e estruturar operações para grandes clientes, incluindo fusões e aquisições.

"A estratégia é manter o crescimento. Estamos no meio da definição do orçamento do próximo ano e nada melhor do que atingir os dois dígitos de expansão, como tem sido nos últimos anos", diz Guião.

A área anda lado a lado com o "global markets" (tesouraria), sob o comando do diretor André Hübner. Ambos respondem para o diretor-executivo, André Brandão, responsável pela área de "global banking and markets", uma das divisões mais lucrativas do HSBC.

O atacado e a tesouraria, que juntos respondem por quase 40% dos lucros (antes de impostos) no Brasil, terá um crescimento de resultados neste ano da ordem de 13% a 15% em relação a 2010. O objetivo é manter o ritmo nos próximos anos, com o aumento do número de clientes. "Vamos terminar o ano com crescimento 5% a 10% acima do projetado", diz Guião.

Mesmo com a crise e a turbulência nos mercados, o ano foi positivo para o atacado do HSBC. O banco participou, até agosto, de 39 operações, bastante próximo do total realizado no ano passado (49) - sem contar empréstimos sindicalizados ou crédito à exportação.

Na área de tesouraria, o resultado também agradou. "Com a volatilidade, os clientes voltaram a nos procurar para rebalancear seus ativos e ajudar na gestão dos riscos de mercado associados aos seus negócios, especialmente no mercado de câmbio", diz Hübner.

Ele sentiu uma sensível alta na demanda, seja no produto de operações de hedge (proteção contra variação de preços de ativos), seja no câmbio à vista. Desde 2009, o número de clientes recuou fortemente em todo o mercado, explica o executivo, na sequência dos problemas enfrentados por algumas companhias com derivativos cambiais. Agora, houve uma recuperação desse segmento, com aumento do hedge.

"As empresas passaram por um processo de educação e estabelecimento de políticas de hedge. As companhias perceberam que, quando uma política é bem implementada, ela contribui para estabilizar os resultados e também para imunizar o balanço das variação de preço de mercado, que não estão relacionados necessariamente aos seus negócios."

Hoje o HSBC atende na divisão de atacado 600 grupos econômicos, que abrangem cerca de cinco mil empresas. A tesouraria engloba um público mais amplo, chegando tanto as pequenas e médias empresas, quanto ao público de "private banking". No total, são nove mil clientes. "Queremos chegar a 14 mil até 2013", diz Hübner.

Segundo o executivo, esse crescimento vai se dar não só com a conquista de novos clientes, mas também identificando companhias que têm potencial para se internacionalizar.

Guião lembra ainda da onda de multinacionais que estão vindo para o Brasil. O crescimento dessa área deve ser ainda maior do que outros segmentos do atacado, podendo chegar a 20%, calcula. "Fizemos a ativação de um número relevante de novos clientes, desde chineses até europeus. Muitos já eram clientes lá fora e começamos a oferecer os produtos locais", afirma Guião.

A estratégia segue a direção da matriz. "A expectativa da administração global é alocar capital onde há potencial para crescimento e o Brasil evidentemente é um dos objetivos para isso", completa Hübner.

 

 

 

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