19/07/2011

Para salvar bancos, plano de resgate grego prevê mais € 20 bi

Autor(es): Peter Spiegel, de Bruxelas | Financial Times

Valor Econômico - 19/07/2011

Os dirigentes dos países-membros da União Europeia (UE) estão examinando formas de manter os bancos gregos de pé, como parte de um novo plano de salvamento financeiro de €115 bilhões destinado a Atenas. As discussões ocorrem em meio às advertências do Banco Central Europeu (BCE) de que poderá não conseguir mais emprestar recursos às instituições financeiras, caso os bônus do país entrem em situação de inadimplência.

Os planos poderão reforçar com mais € 20 bilhões um resgate cada vez mais oneroso, segundo estimativas da Comissão Europeia. Mas o valor dependerá, provavelmente, do período pelo qual os bancos gregos ficaram alijados da concessão de financiamento pelo BCE.

Uma inadimplência temporária poderá ser declarada já esta semana, obrigando as autoridades a elaborar rapidamente um plano de respaldo aos bancos.

Os negociadores europeus estão enredados em conversações intensivas para garantir a aprovação de um socorro a tempo para a realização da reunião de cúpula emergencial da zona do euro na quinta-feira. O principal obstáculo continua a ser a insistência, por parte de Alemanha e Holanda, de que a operação de salvamento seja custeada, em parte, por contribuições dos detentores privados de bônus - um plano que, segundo as agências de classificação de risco, as levaria a declarar parte dos bônus gregos como inadimplentes.

Os bancos gregos têm dependido do BCE para custear suas operações diárias, mas esse dinheiro é fornecido sob a forma de empréstimos em troca de garantias "suficientes". Os bônus soberanos gregos são a principal garantia empregada pelos bancos gregos, mas, caso os bônus fiquem inadimplentes, o banco central não poderá mais aceitá-los, segundo declarou o diretor do BCE, Jean-Claude Trichet.

Conforme uma das propostas apresentadas, os governos dos países da zona do euro criariam um "fundo regulador de recursos" para auxiliar os bancos gregos. Os recursos não seriam necessariamente injetados nos próprios bancos. Em vez disso, poderão ser empregados para obter outras formas de garantia. O governo grego já ofereceu aval para € 30 bilhões em bônus bancários, mas até o momento o BCE não aceitou como garantia para empréstimos.

Em iniciativa paralela, algumas autoridades propuseram conseguir autorização do BCE para que o banco central da Grécia forneça "assistência emergencial de liquidez" - empréstimos diretos do governo. Essa linha de crédito foi intensivamente usada na Irlanda. Alguns negociadores ainda estão pressionando a Alemanha e a Holanda a abandonar planos que poderiam causar uma situação de inadimplência temporária, um impulso que ganhou força em meio a corridas aos bônus da Espanha e da Itália - pânico alimentado pelo temor de que as exigências de Alemanha e Holanda de concessão de "renúncias parciais de lucros", por parte dos detentores de bônus, possam atingir em breve outros bônus periféricos.

A mudança do sentimento fez com que aumentasse o nível de apoio a um plano, defendido por algumas autoridades em Paris, de taxar os bancos europeus a fim de ajudar a custear os pacotes de socorro da zona do euro. Dois executivos do setor bancário disseram que a proposta se tornou um novo foco para os negociadores, que estão tentando encontrar uma maneira de fazer com que os investidores privados custeiem as medidas de ajuda sem desencadear um episódio de inadimplência.

Um executivo francês envolvido nas negociações disse que uma das propostas prevê que a receita dessas taxas seja canalizada para o fundo de socorro financeiro da zona do euro, de € 440 bilhões, que terá ampliados seus poderes de emprestar recursos diretamente a bancos com problemas ou a autoridades nacionais encarregadas da recapitalização dos bancos.

Outro executivo do setor bancário disse que, embora o plano de taxar os bancos europeus tenha sido ventilado de uma maneira apenas "informal e incipiente", estava ganhando adesão. "Um dos problemas da proposta será a possibilidade de ela ir de encontro a taxas que já estão sendo planejados, como ocorre na Alemanha", disse o executivo. "Mas, fora isso, é uma solução simples."

Reformular o fundo de socorro financeiro vem sendo um dos focos das negociações desde a semana passada, principalmente por meio de propostas de que ele seja empregado para emprestar à Grécia até € 30 bilhões para que o país realize a recompra de seus bônus. Pelo fato de muitos bônus gregos estarem sendo negociados quase pela metade de seu valor de face, as autoridades acham que o país poderia recomprar e dar baixa contábil em €50 bilhões. Não está claro, porém, se o plano de recompra, mesmo se exercido sem participação privada, escapará ao veto das agências de risco.

 

Fonte: Um Investimentos

Nenhum comentário: