17/10/2011

Ele agora tem motivos para sorrir?

Como Bento Moreira Franco quer transformar a Vanguarda Agro, antiga Brasil Ecodiesel, em uma potência do agronegócio.

Por Rosenildo Gomes FERREIRA

Treze de outubro pode ser considerado um marco na trajetória de oito anos da Brasil Ecodiesel. Foi nesse dia que ela saiu de cena para dar lugar à Vanguarda Agro, holding que reúne três empresas: Maeda Agroindustrial, Vanguarda Agro e Brasil Ecodiesel. Mais que apenas uma troca de denominação comercial, a mudança representa uma tentativa de corrigir o rumo de uma corporação cuja trajetória mais se assemelha à de uma montanha-russa. Pioneira na produção de biodiesel, a partir do óleo de mamona, a Brasil Ecodiesel surgiu em 2003, embalada pelo desejo do governo Lula, que pretendia transformar o Semiárido do Nordeste  no maior polo produtivo de combustíveis renováveis do País. 



Erros estratégicos cometidos por seus gestores e dificuldades em função da regulamentação do setor causaram uma sequência de prejuízos à Brasil Ecodiesel. De uma das estrelas emergentes da bolsa de valores, ela se tornou uma espécie de patinho feio do mercado. Suas ações, que já chegaram a valer R$ 10,59, em julho de 2007, hoje estão sendo negociadas a menos de R$ 1. Caberá ao carioca Bento Moreira Franco, graduado em engenharia eletrônica, reescrever essa história. “A Vanguarda Agro nasce como a maior produtora de grãos do País”, disse Moreira Franco à DINHEIRO, em sua primeira entrevista após assumir o comando. Com a incorporação da Vanguarda à Brasil Ecodiesel, a expectativa é de ampliar em duas vezes e meia a receita de R$ 220,6 milhões obtida no período abril-junho, quando os números da  Maeda passaram a ser incluídos no balanço. 

 

 

O mercado, a princípio, reagiu bem às mudanças. Em sua estreia na Bovespa, as ações da Vanguarda Agro, que sucedeu a Brasil Ecodiesel, subiram 6,90% no pregão da quinta-feira 13, fechando em R$ 0,62. O nascimento da Vanguarda Agro foi precedido de uma acirrada disputa entre os acionistas da companhia. De um lado o megainvestidor espanhol Enrique Bañuelos, controlador da Brasil Ecodiesel e que havia comprado 50% da Vanguarda. De outro, o brasileiro Silvio Tini, sócio minoritário da Brasil Ecodiesel. A confusão deixou como saldo a dissolução, no fim de setembro, do conselho de administração da Brasil Ecodiesel e a saída de José Carlos Aguilera da presidência, por discordar dos rumos do negócio. Apesar de garantir que pretende continuar apostando no biodiesel, essa divisão não deverá ser contemplada nos planos de expansão que estão sendo traçados por Moreira Franco. Pelo menos por enquanto. É fácil entender a razão. 

 

Hoje, a venda do combustível representa 65% das receitas do grupo, mas contribui com apenas 6% da geração de caixa. A diferença se deve às baixas margens de ganho com a comercialização do biodiesel em relação à soja, ao milho e ao algodão – outras commodities exploradas pela empresa. Moreira Franco, filho do ministro da Secretaria de Assuntos de Planejamento Estratégico do governo federal, Wellington Moreira Franco,  conta que ainda não concluiu o levantamento dos potenciais ganhos oriundos da sinergia entre as três companhias. Mas acredita que não serão pequenos. Isso porque a Vanguarda Agro detém a maior fatia de terras produtivas do País: 330 mil hectares, espalhados pelos Estados de Goiás, Mato Grosso, Piauí, Bahia, Rio Grande do Sul e Ceará. 

 

 

 

A segunda do ranking, a gaúcha SLC Agrícola, possui 220 mil hectares. Com uma carreira executiva  construída em boa parte no mercado financeiro, com passagens por bancos de investimentos como o Pactual e a subsidiária do alemão Dresdner Kleinwort,  Moreira Franco se diz preparado para a missão. “Tenho os pés na terra”, afirma. É que em sua trajetória profissional incluiu o comando da Maeda e da Vanguarda. Atualmente, sua jornada semanal se divide entre o escritório da Vanguarda Agro, situado na avenida Faria Lima, na capital paulista,  e a cidade de Mutum (MT), onde fica o principal complexo agroindustrial do grupo. 

 

 

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