14/10/2011

J.P. Morgan reduz custos com funcionários e salários

 

Por Dawn Kopecki e Michael J. Moore | Blooomberg

O J.P. Morgan Chase reduziu o quadro de funcionários de seu banco de investimento em quase 4% no terceiro trimestre e diminuiu os salários dos funcionários em 28%, em meio às dificuldades enfrentadas pela divisão com a crise da dívida europeia. O banco de investimentos tinha 1.101 a menos funcionários no fim de setembro, comparativamente a três meses antes, e continuará a diminuir seu quadro de 26.615 funcionários, disse o principal executivo Jamie Dimon, à imprensa em teleconferência ontem, após divulgar os resultados da empresa no terceiro trimestre.

Embora o banco não esteja planejando demissões, "estamos sempre reduzindo nossos gastos", disse Dimon. "Vocês vão ver o número de funcionários encolher à medida que forem sendo implementados esses sistemas de redução de custos." A empresa vai "apertar um pouco aqui e um pouco ali" para reduzir o contingente de empregados em cerca de mais mil pessoas, ou "talvez um pouco mais" nos próximos 18 meses, disse ele.

Jes Staley, principal executivo do banco de investimento do J.P. Morgan, preparou os investidores no mês passado para uma queda da receita no terceiro trimestre, na medida em que a crise da dívida europeia perturbou os mercados, e o banco disse ontem que deverá enfrentar dificuldades semelhantes nos últimos meses do ano.

A redução dos salários não deve afugentar funcionários de melhor desempenho em meio a um ambiente tão problemático, disse Michael Holland, fundador e presidente do conselho de administração da empresa de investimentos Holland & Co., sediada em Nova York. "Quando as coisas melhorarem, eles vão participar", disse Holland em entrevista a Erik Schatzker, no programa "Inside Track", da "Bloomberg Television". "Quando as coisas vão mal, como nos últimos trimestres, eles participam dos problemas também. Uma série de pessoas de desempenho extraordinário que estão recebendo menos vão continuar, e acho que essa é exatamente a maneira certa de administrar a divisão."

O banco de investimentos gerou lucro de US$ 1,64 bilhão no terceiro trimestre, ante US$ 2,06 bilhões do trimestre anterior, segundo dados divulgados hoje no site da empresa. A receita da divisão caiu 13% ante o segundo trimestre, para US$ 6,37 bilhões. Nos três primeiros trimestres do ano, o departamento fez uma reserva de US$ 7,71 bilhões, ou 2% menos que no mesmo período do ano passado, apesar de ter gerado uma receita 10% maior.

Os gastos, que incluem salários, bônus e benefícios, foram suficientes para repassar a cada um dos funcionários da divisão US$ 289.611. No mesmo período do ano passado, a divisão fez uma reserva de US$ 7,88 bilhões para pagar os operadores, corretores e outros membros da equipe, ou US$ 298.866 para cada um dos 26.373 funcionários empregados em 30 de setembro de 2010.

Os custos com remuneração caíram para US$ 1,85 bilhão no terceiro trimestre, comparativamente aos US$ 2,56 bilhões do segundo trimestre. A média salarial por funcionário caiu para US$ 69.510, ante os US$ 92.510 anteriores, informou o banco. Na empresa como um todo, o quadro de funcionários cresceu 3%, para 256.663 pessoas.

Staley reservou 35% da receita da divisão destinada para pagar os salários nos nove primeiros meses, parcela inferior aos 37% do mesmo período de 2010, excluindo-se um imposto sobre os bônus cobrado no Reino Unido, segundo os dados divulgados ontem. As comissões do banco de investimento despencaram 46%, para US$ 1,04 bilhão, no terceiro trimestre, no comparativo com os três meses imediatamente anteriores. Cerca de US$ 2 trilhões em emissões de bônus corporativos mundiais entraram no mercado no primeiro semestre, antes da queda vertical do volume para US$ 553,3 bilhões no período de três meses encerrado em 30 de setembro, segundo dados reunidos pela "Bloomberg". A média dos salários resulta da divisão do total da massa salarial pelo número de funcionários, e não representa a remuneração real dos funcionários individuais. Os bancos de investimentos fazem reservas de recursos ao longo do ano destinados aos salários, e normalmente aprovam o valor dos bônus no fim do ano.

"As divisões ligadas às bolsas sofreram pressões, evidentemente, decorrentes da volatilidade, dos volumes reduzidos e do impacto das marcações a mercado [decorrentes das depreciações]" em meio à turbulência das bolsas no trimestre, disse à imprensa o diretor financeiro da empresa, Doug Braunstein, em teleconferência.

 

 

 

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