14/10/2011

PIB mensal Itaú Unibanco recua 0,6% em agosto

FRANCISCO CARLOS DE ASSIS - Agencia Estado

SÃO PAULO - Mais um indicador aponta para a queda da atividade econômica em agosto na comparação com julho. O PIB mensal Itaú Unibanco (PIBIU), anunciado ontem, recuou 0,6% nesta comparação, já descontados os efeitos sazonais.

Ontem mesmo o Banco Central já havia tornado público uma queda de 0,53% da atividade econômica, detectada pelo Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br). O indicador recuou de 143,07 pontos em julho para 142,30 pontos em agosto.

Em agosto, segundo o economista do Itaú Unibanco Aurélio Bicalho, responsável pelo cálculo do PIBIU, a queda da atividade alcançou seis dos dez grandes setores que formam o índice. Ele destacou o acentuado recuo do comércio varejista e a fraqueza da agropecuária como os principais responsáveis pela queda do PIB na margem em agosto.

"Este resultado reforça o quadro de desaceleração mais forte da atividade econômica no terceiro trimestre, e em ritmo mais intenso do que a nossa expectativa", diz Bicalho. Na comparação com agosto do ano passado, o PIB Itaú Unibanco aumentou 3%. O crescimento em agosto ficou ligeiramente abaixo da sua prévia (-0,4% e 3,4%, respectivamente) divulgada junto com o resultado de julho. A variação do índice de média móvel de três meses do PIB mensal desacelerou de 0,3% em julho para -0,1% em agosto.

A taxa de crescimento do trimestre encerrado em agosto na comparação com o trimestre imediatamente anterior, livre de efeitos sazonais, ficou em 0,1%, abaixo da taxa de 0,5% observada em julho. No acumulado em 12 meses, a expansão do PIB mensal Itaú Unibanco passou de 4,8% em julho para 4,4% em agosto, mantendo a trajetória de desaceleração.

O comércio varejista, com queda de 2,3% em agosto na comparação com julho, livre de efeitos sazonais, foi o componente com maior contribuição negativa para o PIB mensal. Do lado positivo, destaque para a alta de 0,3% da atividade outros serviços. "O desempenho do comércio varejista abaixo da nossa expectativa, naquele momento, respondeu por grande parte da diferença em relação à prévia", diz Bicalho.

A prévia do PIB mensal de setembro aponta para um aumento na margem, mas isto deve ser insuficiente para evitar um fraco desempenho no terceiro trimestre, de acordo com o economista. "Avaliamos que as informações reveladas no último mês mostraram uma intensificação do processo de desaceleração da atividade econômica. Entendemos que a intensidade da desaceleração adiante dependerá, especialmente, da evolução do cenário internacional", diz.

Os dados disponíveis sugerem aumento das vendas no varejo, mas forte recuo da produção industrial. Nesse contexto, a prévia do PIB mensal Itaú Unibanco aponta para elevação de 0,4% em setembro na comparação com agosto, após ajuste sazonal, e aumento de 2,1% em relação a setembro de 2010. "Apesar desta perspectiva de crescimento em setembro, o PIB mensal Itaú Unibanco deverá encerrar o terceiro trimestre com uma variação apenas ligeiramente positiva em relação ao segundo trimestre", afirma o economista.

Medidas do governo

"Os últimos dados do PIB mensal reforçam o quadro de desaceleração da atividade econômica no terceiro trimestre, mas de forma mais intensa do que o antecipado. Esta perda de vigor do crescimento reflete, em parte, os efeitos das medidas adotadas pelo governo - aumento de juros, contenção das despesas fiscais e elevação do compulsório para moderar o crédito - entre o final de 2010 e o início de 2011", afirma Bicalho. Além disso, diz ele, "o ajuste de estoque na indústria tem afetado a produção industrial antes do que esperávamos, contribuindo para a redução das perspectivas de crescimento no terceiro trimestre."

Há também, segundo Bicalho, evidências dos impactos da deterioração do cenário internacional na economia doméstica. A manutenção de um nível elevado de incerteza deve ter impactado negativamente a atividade econômica entre o fim do terceiro trimestre e o início do quarto. "O ambiente internacional de maior pessimismo e incerteza deve ser determinante na definição da velocidade de crescimento da economia nos próximos meses. Por outro lado, a redução dos juros iniciada pelo Banco Central em agosto tende a suavizar parte deste impacto, especialmente em 2012", diz.

 

 

 

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