01/11/2011

Mercado entra na fase "show me the money"

Por Daniele Camba

Passada a euforia inicial com o novo pacote de salvamento europeu, o mercado entra na fase "show me the money". De volta ao racionalismo, os investidores agora querem saber os detalhes das medidas e, principalmente, de onde virá todo o dinheiro necessário para que o novo pacote não se torne apenas um amontoado de boas intenções, mas sem efetividade alguma.

Sem respostas para todos esses questionamentos, os principais mercados devolveram ontem parte dos ganhos acentuados do fim da semana passada. No seu pior momento, o Índice Bovespa chegou a cair mais de 2%, mas fechou em baixa um pouco menor, de 1,97%, aos 58.338 pontos. "Depois do alívio inicial, os investidores agora esperam que os governos europeus respondam questões cruciais desse novo pacote", diz o gerente de vendas da filial Rio da Fator Corretora, Cristiano Braga.

Investidor quer saber os detalhes do plano europeu

Na visão dele, enquanto as respostas não aparecerem, o mercado deve continuar sem rumo, já que analistas e investidores não terão informações suficientes para calcular qual o desconto que os ativos de fato devem ter. Esse movimento errático dos mercados está claro na volatilidade dos papéis.

O VIX (índice que mede a volatilidade das opções de ações da bolsa dos Estados Unidos) voltou a subir e está em torno de 27 pontos. Em condições normais, esse indicador costuma oscilar entre 17 e 18 pontos.

Se esse sobe e desce pode significar ganhos para os investidores profissionais acostumados com movimentos tão adversos, pode representar perdas acentuadas para as pessoas físicas que se aventurarem a fazer o mesmo.

As expectativas agora recaem sobre a reunião do G-20, marcada para quinta e sexta-feira dessa semana. O que se espera é que os governos europeus expliquem minimamente como o novo pacote sairá do papel.

Como um típico movimento de realização de lucros, entre os papéis que mais caíram ontem estavam vários que acumularam ganhos interessantes nos últimos dois dias da semana passada.

Um bom exemplo são as ações das construtoras e as de commodities. As ordinárias (ON, com direito a voto) da MRV, Rossi Residencial, PDG Realty e Cyrela Realty figuraram entre as maiores baixas dentro do Índice Bovespa.

Em relação às ações de commodities, além os problemas na Europa, há um grande temor sobre uma possível desaceleração abrupta da economia chinesa. Se isso ocorrer, é impossível as commodities passarem ilesas, especialmente o minério de ferro, já que a China é o maior comprador dessa matéria-prima.

De lambuja, as siderúrgicas chinesas não perderão a oportunidade de regatear preços menores do minério que importam. Esse cenário todo está longe de ser positivo para a Vale, lembra Braga, da Fator Corretora.

Daniele Camba é repórter de Investimentos

E-mail daniele.camba@valor.com.br

 

 

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