03/08/2011

Analistas rebaixam projeção para o Ibovespa em 2011

Analistas rebaixam projeção para o Ibovespa em 2011

Márcio Anaya e Angelo Pavini | De São Paulo

03/08/2011

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Com as incertezas que rondam o cenário externo e que já derrubaram o Índice Bovespa para 57.310 pontos, o menor nível desde 4 de setembro de 2009, várias corretoras começam a rever suas estimativas para o mercado. A BB DTVM, gestora de recursos do Banco do Brasil, decidiu revisar sua projeção para o Ibovespa no fim deste ano, afirma Carlos Massaru Takahashi, presidente da BB DTVM. Os cálculos ainda não foram finalizados, mas a estimativa deve passar de algo perto de 80 mil pontos para uma faixa entre 65 mil e 70 mil pontos.

Takahashi ressalta, contudo, que as turbulências no mercado acionário abrem oportunidades para os investidores comprarem papéis de companhias com negócios ligados à economia doméstica, como de empresas de consumo, infraestrutura e bancos.

Segundo ele, o Brasil tem enfrentado bem as instabilidades globais e o segmento de varejo, a exemplo do que ocorreu durante a crise de 2008, deve continuar dominando as atenções em bolsa. "Mas será preciso olhar os ativos com cuidado", afirma.

Para o executivo, que participou ontem do seminário "Cenário para o investidor de médio prazo no Brasil", promovido pelo Valor, um dos atrativos dos bancos médios e grandes é a consistência dos balanços, muitos dos quais já contemplam os ajustes contábeis exigidos pelo padrão internacional (IFRS, na sigla em inglês).

Também a caminho de revisar suas projeções, Mônica Araújo, analista-chefe da Ativa Corretora, diz que, até o fim deste mês, deve reduzir sua estimativa para o Ibovespa. "Estamos apenas esperando os resultados das empresas no primeiro semestre para definir os valores das companhias e, a partir daí, montar o novo valor do índice", explica. Mônica trabalha hoje com uma estimativa de 82 mil pontos para o Ibovespa em dezembro deste ano, número que deve cair em torno de 15% a 20%, o que significaria um intervalo entre 66 mil e 70 mil pontos.

Para ela, apesar de as empresas brasileiras estarem apresentando bons resultados, as indefinições nos cenários externo e interno estão afugentando os investidores do risco. "O cenário está muito complicado, há questões pontuais e ainda fatores estruturais que não devem se resolver no curto prazo e que minam a confiança do investidor", diz ela, referindo-se à crise do aumento do teto da dívida americana e aos problemas de países periféricos da Europa como Grécia, Portugal e Irlanda.

Mesmo o cenário interno está indefinido, com o mercado de câmbio distorcido, a incerteza sobre até onde vai a alta dos juros e também o cenário político, com demissões de ministros de partidos da base aliada, que podem prejudicar votações de interesse do executivo, observa.

Por tudo isso, ela espera um segundo semestre difícil para o mercado. Mas a visão de médio prazo, mais de um ano, porém, continua positiva, diz Mônica. "Se conseguirmos internamente retomar a trajetória de confiança e tivermos algum sinal no exterior de melhora, o valor das empresas brasileiras continua intacto e fará diferença", diz.

Para Mônica, o investidor deve agir com cautela neste momento de instabilidade. Mas deve também continuar a olhar e prestar atenção, procurando oportunidades como em 2008. Segundo Mônica, muitos movimentos, como os de ontem, não são racionais e acabam criando distorções nos preços de alguns papéis. "E quem comprou naquela época fez grandes negócios", lembra. "As empresas brasileiras em geral estão indo bem, com a pujança do mercado doméstico."

 

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