31/08/2011

Copom decide sobre juros na próxima quarta; saiba o que fazer com os investimentos

SÃO PAULO – O mês de agosto, que começou conturbado com o rebaixamento dos títulos da dívida pública norte-americana, traz no seu último dia (31, próxima quarta-feira) a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central sobre a Selic (taxa básica de juro).

A maioria dos analistas espera que o BC mantenha a taxa nos atuais 12,5% ao ano e muitos acreditam em uma redução a partir das próximas reuniões, principalmente se a crise internacional se agravar e provocar uma desaceleração no consumo entre os brasileiros.

De acordo com profissionais do mercado, os investimentos em renda fixa também podem ser afetados pelos desdobramentos da crise internacional, à medida que uma recessão diminuiria a pressão inflacionária e a necessidade de novos aumentos dos juros por parte do Banco Central.

"Ao analisar o cenário externo, o Banco Central já observa que teremos uma 'diminuição' do crescimento, o que já não justifica taxas tão altas para conter inflação", afirma o especialista de renda fixa da XP Investimentos, Bruno Carvalho.

Ele afirma que, até alguns meses atrás, os ativos indexados ao CDI (Certificado de Depósito Interbancários) se mostravam bastante interessantes com as expectativas de aumento da taxa de juros. "Agora não estão mais tão atrativos, se levarmos em consideração a sinalização do Banco Central para manutenção e possível redução para o próximo ano", diz Carvalho.

Com isso, o especialista da XP recomenda, para o médio prazo, o posicionamento em títulos com taxas prefixadas, com o intuito de aproveitar a taxa de juros que ainda está em um patamar elevado. "Existem títulos pagando prêmio de aproximadamente 12,26% para outubro de 2012", afirma Carvalho.

O diretor do Easynvest, Amerson Magalhães, concorda que, para o investidor que aposta na queda de juros, esta é a melhor opção de investimento no momento. "É sempre complicado acertar as tendências, mas para quem vai investir agora, os prefixados podem ser uma opção interessante", afirma. "Mesmo assim, defendo a diversificação dos títulos para que você consiga ter mais chances de obter uma boa rentabilidade", completa o executivo.

Títulos atrelados à inflação
Ainda segundo Carvalho, da XP, outra aplicação que se justifica no longo prazo é a de títulos indexados à inflação (NTN-B por exemplo), uma vez que o mercado já vê uma aceleração do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) para os próximos meses. "Além disso, atrelado a esse tipo de indexador, você garante o ganho real, independente do que acontecer com a economia", diz o especialista. "Em momentos de incertezas, esta é uma boa alternativa para o longo prazo", completa.

O gerente de investimentos da consultoria Lecca, Georges Catalão, também aponta que, no cenário atual, os títulos pós-fixados atrelados à inflação podem ser uma alternativa interessante.

"Se você olhar a curva de juros futuros, pode ver que o mercado está precificando uma queda nos juros, mas acho essa uma opinião um pouco precipitada", afirma Catalão. "A inflação ainda pressiona muito e, se os juros recuarem, pode haver uma pressão ainda maior dos preços", acredita o profissional.

Bolsa de valores
O gerente da Lecca ressalta que o mercado de renda variável ainda continua cercado de muitas incertezas e volatilidade, por conta dos problemas com as economias europeias e dos Estados Unidos.

Para ele, ao mesmo tempo que o investidor pode aproveitar o momento para analisar empresas que estejam com as ações "baratas" e adquirir papéis por preços menores do que eles realmente valem, é importante ficar atento, já que é difícil prever onde está o "fundo" da bolsa. "Em momentos de crise, as pessoas acabam colocando os fundamentos de lado e agem no desespero", afirma o especialista.

Entretanto, ele lembra que quem pensa no longo prazo deve analisar os fundamentos das empresas e aproveitar as oportunidades. "Com certeza tem espaço para ganhos na bolsa", conclui.

Fonte: Uol

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