30/08/2011

Empresas retardam a entrada na Bolsa



Companhias não lançaram ações nem captaram dinheiro no exterior em agosto, mês de férias nos EUA e na Europa


Para setembro, bancos preveem que estrangeiro vai premiar empresas brasileiras com boas taxas e prazos

TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO

A crise não chegou a fazer estrago neste ano como em 2008, mas praticamente fechou o mercado para projetos ousados de financiamento das empresas brasileiras.
Mês normalmente fraco por conta das férias no hemisfério Norte, agosto termina amanhã como começou: sem dinheiro novo do mercado. Desde o rebaixamento dos EUA, que perdeu a avaliação AAA da Standard & Poor's no dia 6, não saiu nenhuma captação de recursos de empresas no exterior nem oferta de ações na Bolsa -a mais recente foi a da Abril Educação, que levantou R$ 371 milhões no dia 26 de julho.
Mesmo empresas de primeira linha como Petrobras, que consultam constantemente os investidores para buscar recursos, encontraram preços elevados.
Incertezas em relação à saúde financeira dos bancos franceses, dúvidas quanto às políticas de estímulo nos EUA e a fragilidade fiscal de países europeus agravaram a indefinição do cenário.
Diante do quadro, quatro empresas -a produtora de grãos Camil, a Enesa Engenharia, a Perenco Petróleo e a Copersucar- desistiram de entrar na Bolsa. Outras cinco -a agência CVC, o grupo Inbrands de moda, a Petrorecôncavo, a LG Agronegócios e a Isolux, de transmissão de energia- estão com prazo correndo e podem desistir se a situação não melhorar.
Para Fábio Nazari, chefe de mercados de capitais do BTG Pactual, a retomada das ofertas de ações depende da volta do investidor estrangeiro ao Brasil. Nazari afirma que prefere orientar as empresas clientes a esperar um momento mais favorável a deixá-las levar adiante uma operação que não atenda suas necessidades de dinheiro.
"Em nenhuma hipótese vamos deixar nosso cliente exposto nesse momento." Segundo Alberto Kiraly, vice-presidente da Anbima (associação do mercado), a crise externa pode servir para "diferenciar" e premiar o risco das empresas brasileiras a partir de setembro. "Vamos ver como será o comportamento do investidor."
"Apesar de não ter saído nada em agosto, sabemos que houve procura por títulos de empresas brasileiras pelo investidor estrangeiro, que está mais seletivo e poderá diferenciar o Brasil. Se isso acontecer, há uma chance de que beneficie depois o mercado de ações, que é mais sensível", afirmou.
"Quem vai se beneficiar são empresas 'prime' (primeira linha), que terão oportunidade para captar em 30 anos", disse Daniel Vaz, chefe de dívida do Pactual.

 

 

 

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