30/08/2011

Bolsa se anima à espera de uma Selic mais baixa

 

Autor(es): Daniele Camba

Valor Econômico - 30/08/2011

 

 

O cenário externo melhor já estava ajudando a bolsa brasileira a subir na manhã de ontem, juntamente com os demais mercados. Mas foi o anúncio da elevação do superávit primário em R$ 10 bilhões feito pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que acentuou a valorização da Bovespa. Resultado: o Índice Bovespa começou a semana em alta de 2,83%, aos 54.860 pontos.

Mantega anunciou o aumento da meta de superávit primário do governo central para este ano de R$ 81,76 bilhões para R$ 91,76 bilhões. Dessa forma, o superávit primário de todo o setor público, que inclui União, Estados, municípios e as companhias estatais, sobe de R$ 117,89 bilhões para R$ 127,89 bilhões.

Ações de varejo e das construtoras lideram as altas

Apesar das várias ressalvas que essa notícia merece, o mercado gostou. O raciocínio é que, com o esforço fiscal extra de R$ 10 bilhões, o Banco Central terá mais espaço para começar o processo de queda da taxa de juros. Os mais otimistas acreditam, inclusive, que o primeiro corte na Selic pode ocorrer já na reunião de hoje e amanhã do Comitê de Política Monetária (Copom).

Na bolsa, a percepção de que o anúncio de ontem coloca mais lenha na fogueira do afrouxamento monetário se refletiu principalmente nas ações de varejo e das construtoras, que lideraram as altas do Ibovespa.

A exceção dentro do varejo ficou por conta das ordinárias (ON, com voto) da Natura, que caíram 3,86%, uma das duas únicas quedas do índice, juntamente com as preferenciais (PN, sem voto) série A da Usiminas, em baixa de 1,87%. Isso porque os investidores andam de mal da Natura, entre outros fatores, como consequência do aumento da competição.

Alguns dos papéis de construção e varejo chegaram a subir quase 8%. As ON da PDG Realty fecharam em alta de 7,92% (a maior valorização do Ibovespa), seguidas pelas ON da B2W, com alta de 7,90%, e pelas ON da Cyrela Realty (7,22%).

Os analistas acreditam que, com a queda da Selic, os papéis desses setores podem compensar parte das perdas que registram no ano, causadas exatamente pelo aperto monetário e as medidas restritivas do governo para frear o crescimento econômico e a inflação. Além de varejo e das construtoras, as ações de bancos também sofrem no ano, especialmente com as medidas macroprudenciais.

Para o economista-chefe da Way Investimentos, professor de finanças da ESPM-RJ e do Ibmec-RJ, Alexandre Espírito Santos, o início da queda da Selic pode ser um estímulo importante para a Bovespa continuar a se recuperar.

A relação de preço sobre lucro (P/L, que dá uma ideia de quanto tempo leva para o investidor ter de volta o quanto aplicou) mostra como ainda há espaço para novas altas. No pior momento dessa última queda do mercado, o P/L da Bovespa caiu para 7,5 vezes e agora está em torno de 8,5 vezes. Apesar da melhora, em condições normais de temperatura e pressão, o P/L do mercado deve ser entre 10 a 11 vezes, explica o professor.

Daniele Camba é repórter de Investimentos

 

 

 

 

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