29/08/2011

Investidores mantêm GWI na gestão e carteiras devem reabrir esta semana

Por Angelo Pavini | De São Paulo

Os investidores dos fundos da GWI decidiram manter a gestora como responsável pelas carteiras, apesar das pesadas perdas deste mês que levaram o administrador, a BNY Mellon, a suspender os resgates no dia 12.

Reunidos em assembleia na sexta-feira, os cotistas de oito fundos da casa ficaram frente a frente com o coreano Mu Hak You, dono da GWI e responsável pelo estilo agressivo de gestão da casa. Houve cobranças e questionamentos sobre a estratégia de concentrar fortemente as aplicações em um papel, Marfrig, multiplicada pela forte alavancagem na mesma empresa. Mas os investidores tiveram de admitir que sabiam que as operações eram permitidas pelo regulamento dos fundos.

O clima foi considerado até calmo diante das perdas, afirmam investidores que participaram do encontro, que ocorreu na Avenida Paulista, no Teatro Gazeta. Os investidores de oito fundos foram reunidos em uma única assembleia coletiva, que durou cerca de duas horas e meia, das 14h às 16:30. Apenas o fundo Private, que está com patrimônio negativo de R$ 27 milhões e tem seis cotistas - entre eles o próprio Mu Hak, segundo comentários do mercado - teve uma assembleia à parte.

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Com a decisão, as carteiras serão reabertas assim que a BNY Mellon divulgar fato relevante informando ao mercado o resultado das assembleias, o que deve ocorrer entre hoje e amanhã. Caso haja um movimento forte de saques, porém, o administrador já alertou os cotistas que poderá voltar a fechar os fundos e convocar nova assembleia, para evitar riscos de perdas maiores para os próprios investidores.

Com a reabertura e a confirmação na função, a GWI deverá continuar com o processo de redução das posições alavancadas das carteiras - em geral compras a termo de Marfrig por preços hoje bem superiores aos do mercado, já que o papel cai 51,58% no mês. A própria GWI admitiu aos investidores na sexta-feira que o momento atual do mercado não permite posições tão arriscadas. Mas boa parte do ajuste já foi feito pelo administrador nas últimas semanas, como mostram as perdas nas carteiras.

O caso mais grave é do GWI Private, que precisa de um aporte de capital dos investidores de R$ 27 milhões para pagar suas dívidas no mercado, em especial com três corretoras, que assumiram os débitos nas operações do fundo, segundo comentários de analistas. A expectativa é de que, com a abertura dos demais fundos, Mu Hak, que além do Private seria um dos principais investidores das demais carteiras da GWI, poderá sacar recursos para cobrir ao menos parte do débito. As oito outras carteiras reúnem um patrimônio de R$ 96 milhões - eram R$ 208 milhões no fim de julho.

Até sexta-feira, os cotistas do Private não haviam cumprido a determinação de depositar os valores adicionais para cobrir o rombo do fundo, que está inadimplente na BM&FBovespa. Se isso não ocorrer, será a primeira vez que os investidores de um fundo poderão ser cobrados por via judicial pelos credores. Em outros casos de fundos que ficaram negativos, o próprio gestor acabou assumindo o rombo. Mu Hak não poderá, porém, fazer resgates expressivos, pois isso acabaria por pressionar demais o preço das ações que estão nas outras carteiras ou levar o BNY Mellon a fechar de novo os fundos.

Procurados pelo Valor, a GWI e o BNY Mellon não quiseram se pronunciar.

 

 

 

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