12/08/2011

A Bovespa realmente se descolou do Mercado Global ?

No dia 10/08/2011 o Zé da Silva, do grande Clube do Pai Rico (www.clubedopairico.com.br) publicou em seu site o ótimo texto abaixo que fala sobre como as pessoas lidam com o prejuízo.
Segue abaixo texto na íntegra, que pode ser visto no site original do Clube Do Pai Rico.


"Hoje vou falar sobre uma das maiores besteiras que ouvimos no mercado financeiro, especialmente em momentos como o atual, onde tudo cai e o fundo parece não chegar nunca: A pessoa só perde dinheiro num investimento quando vende/zera sua posição.

Antes de qualquer coisa, você concorda com esse pensamento ? Pergunto isso pois você pode estar pensando dessa forma mais por “condicionamento” do que por qualquer outro motivo …

Ok, em termos contábeis a frase é verdadeira, você somente terá um prejuízo contábil a partir do momento em que realizar a venda, em que zerar a posição. Para a Receita Federal você não tem nem lucro nem prejuízo enquanto não zerar posição. Mas e em termos reais, será que a história é assim mesmo ?

Nos últimos dias temos visto muitos investidores (desde sardinhas até TOP 10 da Fortune) alegando estarem “tranquilos” com a queda apresentada até o momento em 2011. (já caiu mais de 26% …)

Alegam estarem tranquilos, pois continuam com as ações em suas carteiras, continuam sendo sócios de empresas reais, que não tiveram prejuízo já que as ações não foram vendidas, que as empresas continuarão gerando dividendos e blá blá blá. Será que é bem assim mesmo ?

Será que alguém que via o extrato de sua carteira de ações apresentando R$ 1.000.000,00 não fica nem um pouco … “afetado” ao ver que ela hoje vale algo próximo a R$ 500.00,00 hoje ? E olha que isso aconteceu com várias ações esse ano … Será que ele não considera a hipótese de ter perdido dinheiro ?

Certo, ele não chegou a ter o R$ 1.000.000,00, afinal de contas ele não vendeu as ações naquele momento. Ou a lógica só vale para quando cai ? “Quando cai eu tenho ações, quando sobe eu tenho dinheiro.” É assim que você pensa ? Ou a coisa vale para os dois casos ou não vale para nenhum deles …

Percebeu como tentamos contornar os problemas criando cenários que nos favoreçam, sempre ? É … essa é a natureza humana, sempre tentando encontrar conforto. Mas … não seria melhor encara-los de frente ?

Quer ver um exemplo de como isso é uma besteira enorme ? Vou dar dois exemplos, que vivi – não exatamente como mostrado no exemplo, ok ? -, quando tive em carteira ações da NET e da VIVO, na época com os códigos PLIM4 e TSPP4. Quem viveu o topo da bolha da internet se lembrará disso.

Hoje a PLIM4 é a NETC4 e a TSPP4 é a VIVO4. Imagine a alegria, e a “fortuna” de quem comprou estas ações no topo – ou próximo dele – e as mantém em carteira até hoje, pensando “Ah, sem problemas, ainda não perdi dinheiro, afinal não vendi as ações.”. Está sentado ? Prepare-se …

O topo da NETC4 foi R$ 464,12 … hoje vale R$ 14,15.

O topo da VIVO4 foi R$ 340,59 … hoje vale R$ 71,80.

Como disse, foram somente dois exemplos que “vivi”, por isso tenho na memória, mas certamente esses não são casos isolados … Será que quem segurou estas ações consegue pensar que “não perdeu dinheiro por não ter vendido” ?

Portanto amigo, assuma: você “perdeu dinheiro” (se preferir amenizar o termo) se o valor da ação no mercado está abaixo do seu preço médio de compra. Não tente se conformar com algo que está conceitualmente errado. Pode até não contar para a Receita, mas o seu bolso sentirá a perda."

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Segue agora meu comentário a respeito do texto:

Excelente texto Zé, e temos diversos outros exemplos mais recentes para citar, que ocorreram com a crise do originada pelo sub-prime a outros fatores, como o caso da Ecodiesel, que chegou a valer 13 reais e hoje, 4 anos mais tarde, vale menos de 1 real. Isso vai em linha com o pensamento “um dia recupera e volta”, que muitos deixam de contar o custo de oportunidade, o fato do dinheiro estar la parado, perdendo valor é sim ruim, pois ele poderia estar investido em algo mais rentavel naquele momento, e depois, quando vantajoso, retornar ao investimento de origem.

Vou citar um exemplo que aconteceu comigo, em 2007, antes da crise, eu estava fazendo uns trades com WHRL4, que na epoca não parava de subir, e acabei fazendo umas compras na casa dos 5 reais, dos 6 reais e dos 7 reais. Pois bem, veio a crise, e eu saí do papel vendendo ele quando valia perto de 5, amargando um prejuizo. Atualmente o papel vale 3 reais, valor que aproveitei e fiz umas compras, e nesses 4 anos, o dinheiro que estava nele, foi usado em outros investimentos, pois eu não via expecattiva de melhora no papel, fato que se consumou.

Por mais que a perda não seja contábil, ela reflete o valor do seu patrimônio no momento, e quando os preços caem, seu patrimônio passa a ser menor, e quando sobe, passa a ser maior.
Eu costumo pensar que enquanto não é vendido, eu não tenho nem lucro e nem prejuízo contábil, pois os preços podem mudar de uma outra pra outra, porém, eu tenho sim uma mudança no meu patrimônio, tanto para cima como para baixo, e se pararmos para pensar, a grande maioria dos objetivos das pessoas, é acumular um valor X de reais até uma data Y, e não acumular uma quantidade Z de ações de uma empresa, então, quem tem o objetivo de investir durante 20 anos para acumular um capital de 500 mil reais, não pode pensar que o prejuizo não aconteceu porque ele não vendeu as ações, pois se elas não voltarem a subir, ele não atinge o objetivo dele.

São raríssimas exceções que tem como objetivo acumular X ações de uma empresa, ou Y imóveis, e etc, mas mesmo esses casos, levam em consideração o fluxo de caixa que os ativos irão propciar, e o fluxo de caixa está completamente ligado ao valor do ativo.

E segue a resposta do Zé para meu comentário:

"Exatamente isso !! :)

Por exemplo, eu tenho como objetivo o acúmulo de x ações, tenho metas anuais previamente determinadas, faço das “tripas coração” (pô, qual é o sentido desse termo ? hehehe) para atingi-las. Determinei um x número de ações porque minha estratégia é a de fazer R$ 0,xx – leia-se x centavos – por mês. Sabendo o número de ações sei quanto vou fazer, não importando quanto as ações estejam valendo.

Quando está lá no topo me sinto mais rico, quando está no fundo, mais pobre. O patrimônio varia oras … ;)"

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