16/08/2011

Petrobras usará tubo de inox da Schulz em refinaria

Cláudia Schüffner | Do Rio

16/08/2011

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Aline Massuca/Valor

 

Bueno, diretor-executivo da Schulz: "Os tubos terão todos os componentes nacionais, serão 100% brasileiros e venceram uma concorrência internacional"

A alemã Schulz, fabricante de tubos para a indústria de petróleo e gás, acaba de fechar um contrato inédito com a Petrobras, no valor de R$ 16 milhões. Vai fornecer a tubulação da primeira dutovia construída no país com aço inox. Os 8,5 quilômetros de tubos, que serão revestidos por uma camada externa tripla de polietileno, serão instalados na refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. O contrato é resultado de uma associação de três empresas: a Schulz vai processar o aço inox fornecido pela Aperam (novo nome dado pelo grupo indiano ArcelorMittal para a Acesita) e o revestimento de polietileno será feito pela TenarisConfab.

Marcelo Bueno, diretor-executivo para a América Latina da Schulz, comemora o fato de ter vencido a licitação, que demorou um ano para ser concluída porque a Petrobras fez uma concorrência internacional, dando acesso inclusive a empresas fora do seu cadastro de fornecedores. "Ganhamos uma concorrência internacional, que tinha participação até de empresas chinesas. Nossa proposta passou pela análise técnica e comercial e isso demonstra que empresas nacionais podem sim vencer pelo menor preço", afirma Bueno.

O executivo fez questão de ressaltar que nem sempre o conteúdo nacional é mais caro que o importado, mas resultado da oportunidade de se abrir negociações. Bueno acha relevante chamar a atenção para o tema porque ele voltou a ser discutido depois que a Petrobras e outras petroleiras como a Shell, Maersk, Sonangol, Partex e Petrogal (da Galp), só para citar algumas, começaram a ser multadas pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) por descumprimento das regras de nacionalização.

"Essa concorrência da refinaria de Pernambuco é um testemunho de que o conteúdo local, por si só, não encarece as encomendas. Os tubos terão todos os componentes nacionais, serão 100% brasileiros e venceram uma concorrência internacional. Isso prova que existe sim a possibilidade de se ter conteúdo nacional e o menor preço", defendeu Bueno em entrevista ao Valor.

O diretor da Schulz se refere ao fato de o aço inoxidável vir de Timóteo (Minas Gerais), para ser transformado em tubos em Macaé (no Rio de Janeiro), que serão enviados para Pindamonhangaba (em São Paulo), onde a TenarisConfab vai colocar o revestimento anticorrosão. Uma viagem por três Estados. Com o reforço de polietileno na parte externa da dutovia, a Petrobras vai aumentar a segurança da instalação, que será aterrada, se precavendo contra acidentes ambientais.

Desde que se instalou no Brasil, em 2007, a Schulz ainda não viu sinal da crise. Atualmente com 370 funcionários, a empresa está lotada de encomendas e trabalhando em três turnos no parque industrial de Campos, no norte fluminense. A primeira ampliação foi feita em 2009, dois anos depois da inauguração. Naquele ano, a competição chinesa chegou a abalar os planos da empresa. A Schulz enfrentou a concorrência de tubos com costura e conexões em inox que eram vendidos aqui por US$ 7 o quilo, quando custavam US$ 20/Kg no mercado internacional. A produção caiu e o grupo demitiu 15% do seu efetivo. Agora a companhia está construindo uma quarta unidade, para tubos forjados, em associação com a W.Maass.

O grupo alemão, que tem capital fechado e controle familiar, já investiu no Brasil R$ 160 milhões e tem uma carteira de encomendas superior a R$ 100 milhões, a maior parte para a Petrobras, direta ou indiretamente.

Segundo Marcelo Bueno, a expectativa é de que 2011 seja o melhor ano da Schulz no Brasil. "Se não houver uma retração súbita da demanda, em breve pode ser necessário um novo aumento da nossa capacidade", afirma. O executivo explicou que ainda é cedo para saber se a nova crise financeira vai se traduzir em um alongamento das encomendas da indústria.

"Vamos esperar um pouco para ver se esse tranco na economia vai esfriar a demanda. Se isso não acontecer, vamos ter que entrar com novos investimentos e ampliar novamente", diz Bueno.

 

 

 

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