10/08/2011

Apenas oito fundos de ações com gestão ativa registram ganho no ano

Silvia Rosa | São Paulo

10/08/2011

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Com a queda generalizada da maioria das ações na bolsa brasileira, que acumulava perda de 26,19% até ontem, poucos gestores de renda variável conseguem entregar um desempenho positivo para suas carteiras neste ano.

Levantamento realizado com base na ferramenta de acompanhamento de fundos da consultoria Economática, que exclui as carteiras de ações referenciadas no Ibovespa e IBrX, mostra que apenas oito dos 318 fundos de ações selecionados acumulavam retorno positivo neste ano até 5 de agosto. O estudo leva em conta os portfólios com uma média superior a 50 cotistas, não exclusivos e com patrimônio superior a R$ 10 milhões.

Enquanto os fundos de ações com horizonte de investimento de longo prazo acabam sofrendo mais nesses momentos de baixa do mercado, o aumento da volatilidade acaba também trazendo algumas oportunidades para os gestores que buscam identificar distorções de preços dos ativos e que utilizam estratégias de arbitragem. É o caso do fundo IP-Value Hedge, da Investidor Profissional, que acumulava no ano alta de 2,7% até dia 5.

A carteira utiliza a análise fundamentalista - que busca o valor justo de um papel - para identificar papéis com preços descontados no mercado. O fundo pode também manter posições compradas (apostando na alta) quando identificar papéis subavaliados e vendidas (acreditando na baixa) em ações com preços sobrevalorizados. O portfólio pode, ainda, realizar arbitragem entre pares de ações de uma mesma companhia ou de um grupo de empresas.

Na ponta comprada, a principal contribuição positiva para o portfólio foi a aplicação nas ações da Redecard, que acumulam alta de 22,4% em 2011. O fundo também ganhou ao apostar na queda de papéis de empresas que lançaram ações na bolsa (IPOs) recentemente e também companhias do setor aéreo. "Algumas empresas que fizeram IPOs recentemente saíram com preços altos", diz Bruno Barreto, gestor do fundo e sócio da IP. A gestora vê algumas oportunidades de compra em algumas administradoras de shopping centers como a Multiplan e Aliansce.

Quem apostou em ações defensivas neste ano, como o fundo de dividendos da Legg Mason , também apresenta uma performance melhor que a do Ibovespa. Esses fundos têm como característica investir em empresas mais maduras, com forte geração de caixa, e que costumam distribuir boa parte de seus lucros aos acionistas. "A maioria dos fundos de dividendos tende a escolher papéis de empresas que tradicionalmente são boas pagadoras de dividendos, mas nós preferimos olhar o dividendo que elas irão pagar, com base no lucro projetado dessas companhias", destaca Paulo Clini, gestor da Western Asset Management.

Nesse sentido, o fundo não tem em carteira alguns papéis de tradicionais empresas boas pagadora de dividendos, como Souza Cruz, mas mantinha algumas ações pouco conhecidas nessa categoria, como a Vale. "Com a queda do valor de mercado da empresa, estamos projetando um 'dividend yield' (relação entre o dividendo distribuído por ação e o preço do papel na bolsa) de 7% para Vale, que historicamente era de 3%", afirma Clini. Até 5 de agosto a carteira acumulava alta de 7,71%.

Na ponta oposta, com a maior perda, aparece o Fundamento Plus, com perda de 59,72% no ano até dia 5. Segundo Guilherme Russo, sócio-diretor da Fundamento Asset Management, as posições vendidas em ações de setores defensivos e a compra de papéis de companhias em fase de crescimento prejudicaram a performance do fundo. "Não esperávamos uma crise dessa magnitude nos Estados Unidos e Europa, que acabou prejudicando as posições em carteira, mas acreditamos nos fundamentos das companhias e achamos que o cenário deverá mudar", diz.

A carteira, que tem um perfil mais agressivo, podendo realizar operações de long/short, teve perdas, por exemplo, com posições compradas em Hypermarcas, que acumula queda de 52,68% no ano, e vendidas em Cielo, que sobe 27,36%.

 

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