22/08/2011

Atual crise aproximou empresa de investidor

Companhias já fizeram 53 reuniões com pequenos aplicadores; em 2010 foram 41

Yolanda Fordelone, do Economia & Negócios

SÃO PAULO - A crise afugentou milhares de investidores do mercado acionário, mas os que se mantiveram na bolsa estão tendo uma atenção especial das empresas de capital aberto. Com o objetivo de se aproximar da pessoa física e atrair acionistas para o longo prazo, as companhias têm aumentado o número de encontros com analistas e investidores, e inovado no relacionamento com o público.

Até o início de agosto, só em São Paulo, as empresas participaram de 53 reuniões na Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec). No ano passado, ocorreram 41 encontros no mesmo período. O aumento é explicado em parte pelo ingresso de novas companhias na bolsa neste ano (no total, foram 11). Por lei, a empresa é obrigada a fazer pelo menos uma "reunião Apimec" por ano. Em geral, o que se via até o momento eram encontros com pouca presença de pessoa física.

Especialistas dizem, porém, que a crise produziu um maior interesse da pessoa física em conhecer a companhia e um empenho dessas empresas em se apresentar. "As empresas têm se apresentado mais, a cada trimestre, por exemplo", diz o presidente da Apimec-SP, Reginaldo Alexandre.

"O que elas perceberam é que a transparência tem valor. Ficam mais bem vistas pelo mercado", afirma, ao explicar que nos encontros também comparecem auditores e contadores, que influenciam na percepção de risco da companhia. "Sem dúvida, percebemos pelas perguntas que este ano o público está mais proativo", diz o diretor de Relações com Investidores da Coelce, Luiz Carlos Bettencourt, que realizou sua reunião na quinta-feira passada.

Circuito de feiras

Para tentar atrair um público maior, as companhias também têm se deslocado para onde muitos investidores se reúnem, no circuito ExpoMoney de apresentações sobre finanças e investimentos pessoais. "Para a empresa é bom porque ela se expõe para mais gente. Para a pessoa física, é uma experiência de aprendizado porque ela estará ao lado de analistas especializados na companhia e no setor, que estão fazendo perguntas", resume o diretor executivo de Negócios da GEO Eventos, Robert Dannenberg, organizadora da feira.

Segundo Alexandre, da Apimec-SP, há dez anos há um trabalho de levar os encontros a cidades fora do eixo Rio-São Paulo, mais um motivo para a parceria entre as empresas, a Apimec e a ExpoMoney. "Há cidades que não estavam estruturadas para receber o encontro. As empresas aproveitam a própria estrutura da feira", diz Dannenberg.

A ideia surgiu por uma iniciativa do Itaú Unibanco. "Achamos que lá atendemos pessoas que não são leigas, tem algum contato ou interesse pelo mercado. Um público que vai desde o acionista e até o potencial investidor", diz o superintendente de RI do banco, Geraldo Soares.

Das 13 cidades no circuito da ExpoMoney, o banco fechou um pacote de encontros em sete. O Itaú Unibanco já realizava as reuniões nesses locais, mas pretende aumentar o público com a feira, algo que tem conseguido. "A frequência nessas cidades subiu 165% em média", conta. Soares lembra o caso de Goiânia, por exemplo, onde ocorrem encontros há oito anos. "Em média, compareciam 100 pessoas. Com a ExpoMoney este ano, foram 492. Potencializa a mensagem que a empresa quer transmitir." Nas 22 reuniões do ano passado, foram 2.500 participantes, número que já foi ultrapassado pelas 2.800 pessoas nas 15 reuniões realizadas em 2011 até agora.

A pessoa física é vista como um público potencial já que no longo prazo os investimentos devem aumentar se o juro da renda fixa diminuir. O público já representa 22% da Bovespa. As reuniões Apimec são públicas e gratuitas. Para participar, basta fazer uma inscrição no próprio site da Apimec ou, no caso das feiras, no próprio local do evento.

 

 

 

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