25/08/2011

Bancos americanos querem vender US$ 5 bilhões em bônus imobiliários

Por Sarah Mulholland

Os bancos de Wall Street planejam vender até US$ 5 bilhões em bônus vinculados a contratos de crédito imobiliário comercial (CMBS, pelas iniciais em inglês), num momento em que descarregam empréstimos aprovados antes da derrocada dos mercados de crédito e na atual situação de crescente preocupação de que a economia estaria perdendo fôlego.

Os títulos serão oferecidos em setembro e outubro, elevando as vendas de 2011 para cerca de

US$ 25 bilhões, segundo Julia Tcherkassova, analista de títulos referenciados em contratos de crédito imobiliário comercial do Barclays Capital de Nova York.

Os investidores estão repelindo os títulos, cujos retornos relativos são os que mais sobem desde janeiro de 2009, diante da persistência do desemprego nos EUA, de mais de 9%, e do agravamento da crise da dívida soberana da Europa. Variações erráticas no valor dos papéis poderão comprometer os lucros de Wall Street e estancar o crédito para a compra de imóveis comerciais.

"É quase impossível definir o preço de novos empréstimos se a execução do negócio é tão incerta", disse Julia.

O rendimento adicional exigido pelos compradores para manter em carteira títulos referenciados em contratos de crédito imobiliário comercial com classificação máxima em vez de bônus do Tesouro dos Estados Unidos deu um salto de 69 pontos-base desde o fim de julho, para 295 pontos-base, ou 2,95 pontos percentuais, segundo o índice do Barclays. O spread alcançou 298 pontos-base a 9 de agosto, o maior nível desde julho de 2010.

Embora a recuperação dos títulos do Tesouro americano tenha contido a alta das taxas de crédito imobiliário para compradores de imóveis, as instituições financeiras têm de expandir os spreads para compensar pelos custos adicionais de vender os bônus, disse Julia.

O Goldman Sachs Group e o Citigroup pretendem comercializar um negócio de US$ 1,5 bilhão em setembro que foi cancelado em julho depois que a Standard & Poor's retirou repentinamente suas classificações, segundo pessoa familiarizada com a venda.

A venda não terá classificações da S&P, cuja medida sem precedentes de tirar as classificações depois que os bônus tinham sido colocados junto aos investidores, irritou o mercado, que movimenta US$ 600 bilhões. O negócio poderá ter seu porte aumentado, disse uma pessoa.

O Bank of America, o Morgan Stanley, o Wells Fargo, o Royal Bank of Scotland e o J.P. Morgan Chase também estão planejando vendas, para o mês que vem, segundo pessoas familiarizadas com as ofertas que pediram para não ter seus nomes divulgados pelo fato de os negócios não terem sido anunciados.

Os bancos acumularam empréstimos para os próximos negócios durante vários meses, disseram as pessoas.

Os bancos de Wall Street desistiram de originar novos empréstimos, a serem enfeixados em títulos, devido à recente turbulência, o que levou alguns bancos a reduzir as estimativas de emissão para 2011.

O Bank of America e o J.P. Morgan tinham previsto mais de US$ 40 bilhões em vendas para este ano. O Bank of America, sediado em Charlotte, na Carolina do Norte, reduziu sua projeção para a faixa de US$ 25 bilhões a US$ 30 bilhões este mês. O J.P. Morgan, sediado em Nova York, diminuiu seu prognóstico no mês passado para US$ 30 bilhões a US$ 35 bilhões. As vendas despencaram a partir do recorde de US$ 234 bilhões, registrado em 2007, segundo dados reunidos pela "Bloomberg".

"Não estamos revendo ainda [as projeções] porque continuamos esperando computar mais negócios em novembro e dezembro", disse Julia Tcherkassova. O Barclays previu em dezembro US$ 30 bilhões em vendas em 2011.

Os spreads dos bônus mais seguros referenciados em contratos de crédito imobiliário comercial se ampliaram em relação aos 178 pontos-base de abril, segundo o Barclays. O rendimento adicional disparou para não menos que 15 pontos percentuais em novembro de 2008, após o colapso do Lehman Brothers Holdings.

 

 

 

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